Ohana:
Um cubículo de 4 paredes, era tudo que nos dividia agora. Eu tinha sua bolsa de grife ao lado, na cadeira vaga, enquanto observava todo o espaço. A recepção tinha coloração monocromática, um ar leve, um jeitinho único. Acho que combinava com a psicóloga. Não muito distante, tinha apenas um casal e um adolescente, acho que seriam os próximos. Mantive-me silenciosa enquanto tinha as próprias mãos entrelaçadas, esperando por ela.
Ela estava demorando um tempo longo, confesso. Mas não era nada insuportável, eu aguentaria mais ali se precisasse, mesmo que estivesse entediada.
(...)
O abrir da porta e seu sair paciente, me fez de certa forma respirar aliviada. Ela tinha uma expressão de choro recente, os olhos meio dispersos, os lábios róseos e o rosto levemente ruborizado. Quando se aproximou, olhou para mim e para o casal, esperando que eles entrassem na presença do adolescente, antes que eu falasse alguma coisa.
-Ohana: Tudo bem? - questionei após ficarmos sozinhas na recepção.
Ela apenas assentiu silenciosa, mas eu sabia que não. Havia sido um baque pra ela colocar tudo em pauta outra vez, de maneira quase obrigatória por esta sufocando-se em crises de pânico.
-Ohana: Vamos. - chamei baixinho, segurando-a pela mão com ternura antes de guiar-nos para fora.
Quando chegamos ao carro, percebi que de certa forma que ela segurava o choro. Observei a rua quase sem movimento por ser em uma parte menos movimentada de Los Angeles, uma bairro mais residencial de fato. Não me preocupei em deixar o carro ali mais do que o recomendado, e então a sugeri entrarmos no banco de trás até que se recuperasse. Em silêncio ela permaneceu, mas prontamente aceitou.
-Ohana: Vem cá... - chamei guiando-a acomodar-se em meu corpo.
Encostei-me na porta para dar a ela conforto, ela praticamente deitou sobre o meu corpo, escondendo o rosto em meu pescoço enquanto tinha a destra repousada em meu peito.
-Larissa: Não estou mal, tá bom? Só foi difícil.
-Ohana: Não precisa se explicar, se não quiser.
Larissa:
Estar ali era como encontrar alguns minutos de paz em meio a tanta exaustão e pressão. Imaginar que minha segurança, meu "lar" era uma garota de quase 20 anos no centro de Los Angeles que ainda fazia faculdade de engenharia na instituição que parcialmente era minha, me parecia loucura. Mas era minha realidade e eu não abriria mão disso por nada.
Tinha sido uma manhã difícil portanto decidimos ir pra minha casa. Entretanto, eu já não tive ânimo pra realizar nada, e ela como sempre, tratou de mudar isso.
-Ohana: O que você quer fazer? - ela questionou sorrindo de canto, estando de pé, enquanto eu permanecia na cama, deitada e escondida em meio aos lençóis.
-Larissa: Não sei. - respondi sincera.
Eu não queria ficar ali, definhando em meio a pensamentos e problemas solucionáveis com o tempo. Mas também não tinha coragem pra definir algo, pra fazer algo. Eu não queria também depender dela naquele momento, mesmo que ela se disponibilizasse de todas as formas. Me apoiando, sugerindo coisas novas.
-Ohana: Reservei uma mesa, em Downtown, no seu restaurante preferido. - ela disse colocando o celular sobre o móvel ao lado da cama. Antes de literalmente subir em cima de mim. - Depois, podemos fazer compras se você quiser. E depois... irmos a uma galeria, eu sei que gosta desse tipo de coisa... Arte.
Eu não podia olhar seu rosto por estar de bruços, mas ela estava sentada sobre mim, inclinada tendo os lábios bem próximos ao meu ouvido. Mencionando tudo em sussurros. Pude receber os beijos fracos e deixados com afeto, após ela afastar alguns fios de cabelo que insistiam em ir de encontro a minha face.
-Ohana: Aceita? - questionou baixinho. - Se não quiser, podemos ficar na cama o dia todo.
-Larissa: A gente vai seguir seus planos. - respondi enquanto ainda recebia seus beijos.
Ohana:
Caminhamos por Rodeo Drive após um almoço demorado, onde, ingerimos algumas taças de vinho no lugar da sobremesa. Larissa fez algumas compras de marcas de grife, ela tinha um estilo refinado e vez ou outra usava isso como escape. Fomos a galeria e isso manteve ela de fato, distraída. Eu estava feliz e orgulhosa por ter conseguido mudar os pensamentos dela, tirar ela da rota por algumas horinhas. Era bom vê-la sorrir outra vez. Por fim, fomos a uma cafeteria de paladar focado no doce, e fizemos algumas escolhas.
Fiquei parada por alguns minutos enquanto ela fitava a rua, esperávamos trazerem o carro até nós outra vez. Já que a cafeteria tinha o adorado trabalho de manobrista.
-Larissa: O que foi? - questionou-me baixinho, após focar os lumes em mim.
-Ohana: Nada, só estou olhando você. - sorri de canto.
Dei alguns passos à frente, juntando-me a ela, entrelacei a mão a sua, e descansei a cabeça em seu ombro.
-Larissa: Obrigada. - agradeceu em um quase sussurro. - Foi crucial o que fez. Sério, muito obrigada.
-Ohana: Não precisa agradecer, ok? - foi inevitável não sorrir. - Eu me diverti, muito.
(...)
Eu dirigi até retornamos pra sua casa, eu ficaria lá aquela noite. Seria atípico minha ida sozinha para casa, entretanto, eu queria garantir que ela ficaria bem aquela noite. Então, optei por ficar com ela. Estacionei o carro na sua garagem e subimos juntas para o seu quarto, após ela cumprimentar os filhos de relance.
-Larissa: A gente pode tomar um banho gelado e depois ver alguma coisa? - ela pediu dengosa colocando as sacolas de compra sobre a própria cama.
Enquanto retirava o sobretudo, ainda de costas pra mim, eu a analisava de maneira atenciosa.
-Ohana: Podemos. - sussurrei ao seu ouvido, encaixando a por trás.
Eu confesso que sentia um desejo interminável por ela, mas naquele momento, só queria cuida-la. Selei beijos em seus ombros já desnudos e a ajudei retirar as últimas peças antes de nos dirigirmos ao banheiro. Tomamos o banho gelado e enquanto eu comia algumas das bobeiras compradas na cafeteria, ela procurava algo na TV. Eu vestia um dos seus pijamas, o que caia bem mau já que de certa forma, ficava grande. Tinha tonalidade branca, em seda, um shortinho e uma camiseta de botões.
-Larissa: Está sujo aqui... - ela aproximou-se inesperadamente por mim. - Eu limpo pra você. - soou gentil quando mesmo tentando, não consegui.
Seu dedo indicador foi até o canto dos meus lábios, ela tocou com sutileza, e levou-o até a própria boca. Arrancando-me um sorriso idiota. Larissa segurou firme em minha nuca, juntando meu corpo ao seu, o que espontaneamente me fez levar a pôr o doce sobre sua escrivaninha. Seus lábios tocaram os meus com carinho, levando-nos a um ósculo lento e apaixonado. Sem segundas intenções.
-Larissa: Fica linda nas minhas roupas. - ela olhou-me de cima a baixo, sorrindo fraco. - Elas ficam grandes em você.
-Ohana: Por isso... eu já roubei várias. - ressaltei a quantidade de roupa suas, quais eu aí havia de fato pego pra mim. Sem oportunidades de devolução.
-Larissa: Comprei um presente pra você. - ela sorriu roubando-me um selinho, antes de afastar-se para buscar algo em sua bolsa.
-Ohana: Quando? - questionei quando a vi vascular a bolsa qual levou para o dia intenso que tivemos.
-Larissa: Quando estava dispersa demais para perceber. - ela desinclinou-se, tendo em mãos uma caixinha de veludo preta.
Caminhou até mim e entregou, deixando-me abrir o pequeno objeto refinado, aveludado e de estética luxuosa. Dentro, surpreendi-me com a joia tão delicada, com pedras lapidadas e bem padronizadas. Era um simplório anel de diamantes com uma pedra central de esmeralda. Delicado, simplório.
-Ohana: Obrigada! - a abracei instantaneamente.
Em seu afago, amplexo, fui erguida levemente do chão por alguns segundos. Permaneci abraçada a ela por alguns segundos e então esquivei-me, olhando em seus olhos, sorri momentaneamente.
-Ohana: Eu amei. - toquei-lhe o rosto, em uma carícia.
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Impensado
Fiksi PenggemarIvana Lefundes e Sidney, haviam tido gêmeos... e bem, eles haviam crescido com educação invejável, e padrões comportamentais ensinados. Mas será que fariam jus ao nome da família tão renomada e honrada? E quanto a Larissa? Quando apareceria no cami...