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Ohana:

Deitada naquela cama, eu perdia-me em meio ao carinho em que recebia. Seus dedos afastavam com cautela os fios dos meus cabelos, ao mesmo tempo em que hora ou outra, sua palma gélida tocava meu rosto. Abinhada ao seu corpo parcialmente nu, devido a toalha ainda usada, eu agarrava-me a ela.

Talvez eu tivesse tocado em um assunto confuso a momentos atrás, talvez fosse cedo demais. Mas... se pararmos pra pensar no cedo, quando será a hora? Quando será tarde? Bem, eu também não sei, e talvez por isso tenha sugerido isso. Acontece que, já tínhamos vivenciado tanto, o suficiente para me deixar convicta de que era ela quem eu queria.

Sorri fraco, como uma boba, ao notar que os carinhos cada vez passavam a ficar mais pesados até findarem. Inclinei-me um pouco para olhá-la, e ela dormia como uma criança em dias cansativos. Sua expressão era parcialmente séria, e sua pele levemente arrepiada devido o frio que sentia. Cessei meus pensamentos, e desvencilhei-a da toalha com um pouco de dificuldade, posteriormente inclinei-me um pouco buscando o edredom para cobrir-nos. Outra vez, aninhei-me a ela com sutileza. Puxando-a para mim, deitando sua cabeça em meu peito. Seu braço envolveu minha cintura e sua respiração morna passou a ir contra minha pele.

Eu não tinha mais dúvidas quanto à mim e ela, a um bom tempo pra falar a verdade. Larissa era uma boa pessoa mesmo que tivesse passado por inúmeros traumas que pudessem acarretar mudanças negativas nela. Eu a admirava muito por ter resistido tudo com determinação mesmo que as vezes tenha perdido o rumo e as expectativas quanto à felicidade. Eu a amava muito, pelo que era. Eu me orgulhava muito da sua obstinação, da sua responsabilidade emocional e geral. Larissa de longe, era uma das minhas melhores inspirações, admirações e ganhos. Não somente por ter incontáveis qualidades, mas por me fazer amá-la a qualquer custo. Eu simplesmente não conseguia entender de onde vinha tanto amor, carinho, confiança, por ela.

(...)

Pietro:

Tínhamos tido dias rotineiros: faculdade, refeições fora de casa e noites ocupadas por inúmeras atividades facultativas. Bem, Ohana tinha suas horas com a namorada, quais não se largavam como de costume. Agora, na noite de uma sexta, nos encontrávamos em um jantar em família, bem... com os novatos na família.

Minha mãe estava na ponta da mesa, onde geralmente sentava desde a separação e seu retorno para Los Angeles. Ohana ao seu lado direito, seguidamente a namorada. Ao esquerdo, eu, e os gêmeos impertinentes. Com Felipe, de acréscimo.

Larissa passava mais tempo com minha irmã na nossa casa, do que na própria. E os gêmeos junto de Felipe tinham sido um convite meu. Mamãe quem era a intrusa ali, qual chegou pela manhã de surpresa.

-Pietro: Um vinho? - questionei ao erguer-me da mesa.

-Ivana: Faça uma boa escolha. - minha mãe mencionou sugestiva, afinal, eu sempre optava pelos mais amargos.

Ohana me acompanhou até a adega, um andar abaixo ao principal. Ela usava um vestido branco, longo, bem detalhado qual mostrava levemente de maneira comportada, suas curvas belas e bem desenhadas. Os cabelos loiros e longos, amarrados em um "rabo de cavalo" a poucos minutos atrás. Ela carregava um sorriso no rosto, o mesmo qual vinha mantendo desde ter conhecido a bendita Larissa.

-Ohana: Qual você vai pegar? - ela questionou ao abrirmos a porta da adega, e presenciarmos inúmeros vinhos bem guardados.

-Pietro: Esse é de 5 anos... uma boa opção.

-Ohana: Uma péssima opção. - ela negou rapidamente, tomando de mim a garrafa e colocando-a no lugar.

-Pietro: Por que? - indaguei frustrado.

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