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Larissa:

Na saída da casa de Ohana, ela relembrou-se de que havia esquecido o celular. Já havíamos trancado as portas e apagado as luzes, ja que havíamos ficado por último devido a ida mais cedo de Pietro.

-Ohana: Vida... ficou dentro da bancada de joias. - disse com um riso tímido assim que me ofereci pra buscar. - Numa gaveta.

-Larissa: Tudo bem. - sorri antes de selar seus lábios e sair do carro.

Retirei meu blaser o deixando sobre o banco do motorista e ela disse-me a senha do aparelho tecnológico ao lado da porta. Caminhei em direção a entrada e então após ser liberada adentrei o ambiente já pouco iluminado. Subi as escadas sem enrolação e caminhei pelo corredor escuro, abri a porta do seu quarto e me direcionei até o closet.

Ascendi as luzes e observei toda luxuosidade que o lugar não escondia, as tonalidades claras revelavam o gosto refinado da loira. Abri algumas das gavetas até encontrar o objeto, entretanto depois de pega-lo notei um pequeno caderno aberto no canto superior. 

Haviam frases escritas em português, aquilo de maneira escondida remetia-me um diário. Foi impossível respeita sua privacidade, quando meus olhos curiosos o percorreram com rapidez e avistei meu nome. Português era uma das minhas melhores linguagens, foi inevitável nao traduzir mentalmente.

"Eu sei que você é o melhor acerto que cometi. E tenho certeza disso todas as vezes que te vejo linda ao dizer meu nome. Estou orando a um Deus... um Deus que já nem sei se acredito. Porque eu te mostrei todas as cicatrizes, que não devia mostrar a ninguém.

Mas talvez eu seja o pior, o pior erro que já teve.

Digo que você te amo, em seguida apunha-lo a mim mesma pelas costas. Você está rezando para que eu seja a única, mas talvez eu seja uma maldição. Quanto mais você tenta me concertar, remontar todos os meus caquinhos mesmo ainda tendo os seus destroçados... Mais eu sinto que arruino sua vida...

Eu sei que prometi dar o meu melhor... mas e se o meu melhor não for o suficiente? E se o meu melhor não for o que Larissa merece?"

Respirei fundo e engoli em seco assim que li a última frase. Como podia pensar que não era suficiente pra mim? Se toda mínima atitude revelada por mim deixava em explícito que era muito mais que suficiente.

Peguei o celular e então fechei a gaveta, sentindo-me levemente culpada por ter lido aquilo. Entretanto, aliviada por reconhecer os sentimentos que ela não tinha coragem de dizer em voz alta.

(...)

Adentrei o carro outra vez e a vi sorrir fraco pra mim, mal sabia ela que em minha mente habitava preocupação. Selei seus lábios convicta de que era o alguém que eu queria e merecia, entrelacei sua mão a minha de maneira paciente e então retomei o que fazíamos. Sem dizer nada.

Não demorou muito para que chegássemos a faculdade, entretanto também não nos demos o trabalho de nos escondermos. Já que estava tudo praticamente vazio. Estacionei o veículo na vaga determinada e então descemos.

A notei paciente, Ohana tinha uma garrafinha plástica de água em mãos. Vestia um moletom meu, usado por mim apenas uma vez, já que havia sido tomado por ela. Diferente das roupas sofisticadas usadas comumente por ela, agora utilizava um estilo mais sútil e casual. Entretanto, não deixava de ser notavelmente luxuoso.

-Ohana: Se eu entrar na aula da Ayla agora, ela vai surtar. - mencionou enquanto caminhava ao meu lado, em direção ao interior da faculdade.

-Larissa: Espere o horário finalizar. - mencionei calma, e ela olhou-me confusa. - O que? Só não quero que briguem com você.

Adentramos juntas o elevador, e logo senti seus dedos tocarem os meus, revelando a atitude a ser feita posteriormente. Sua mão entrelaçou-se a minha, e maneira espontânea Ohana deitou a cabeça em meu ombro.

-Ohana: Posso ficar com você essa noite? - questionou baixinho.

Deixei um beijo demorado em sua cabeça, antes de sussurrar um convicto "sim".

Ohana:

Não me dei o trabalho de esperar os próximos 30 minutos no corredor, fiquei com Larissa em sua sala pelo resto da espera. Enquanto sentada no sofá, tinha minha cabeça deitada em suas pernas e meu corpo relaxado sobre o estofado.

-Larissa: Eu busco você ás 19:00. - soou baixinho, enquanto fazia-me cafuné e as vezes beijava meu rosto.

-Ohana: Tudo bem. - compreensiva, respondi.

Eu olhava aqueles olhos castanhos encararem-me com ternura, eles me deixavam tão intimidada. Só transpareciam amor, a insegurança era completamente minha.

A minha amada, eu nunca mentiria.

Ela havia-me pedido pra ser verdadeira, e eu disse que tentaria. Bem, dizer a ela que estava insegura soava tão idiota em meus pensamentos. Fui tirada dos devaneios quando ela levou-me ao seu colo com firmeza, ainda analisando-me com tamanha paciência.

-Larissa: Eu te amo. - disse em um sussurro, ressaltando-me seu sentimento recíproco.

Beijei sua boca sem pensar duas vezes, e logo pude sentir suas mãos invadirem o moletom vestido por mim. Acariciando minhas costas de maneira singela.

-Ohana: Eu também... - respondi falha, antes que Larissa mordesse meu lábio inferior com lentidão.

Acariciei sua nuca enquanto sentada em seu colo permanecia a receber seus carinhos. Profana, olhava-me com seriedade enquanto não titubeava em qualquer afeto demonstrado. Ela parecia querer deixar-me segura. Eu sentia isso.

-Ohana: Comprei as passagens e reservei os hotéis em ambos os países. - mencionei almejando não dar início a uma conversa sobre seu olhar tendencioso quanto a mim.

-Larissa: Meu amor... - soou repressiva. A interrompi.

-Ohana: Um presente, ok? - mencionei referindo-me a sua complexidade em sempre não deixar-me pagar as coisas sozinha. - Eu fiz com as melhores intenções.

-Larissa: Eu não duvido disso. - sorriu ladina.

-Ohana: Apenas, aceita... e fica quietinha. - soei paciente com um sorriso brincalhão, antes de buscar seus lábios outra vez.

(...)

Quando o sinal tocou e eu pude ouvi-lo como interrupção pelo que carinho que trocávamos. Respirei fundo e suspirei pesado, em completa impaciência e desgosto.

-Larissa: Ás 19:00. - ressaltou quando sai do seu colo e direcionei-me a porta, sendo seguida por ela.

-Ohana: Se algo acontecer, me liga. - disse em petição, pois ela sairia em algumas horas para o escritório no centro de Los Angeles. E bem... eu não confiava mais em deixá-la sozinha compartilhando do mesmo ambiente que o cara imbecil e assediador.

-Larissa: Prometo que ligo, não se preocupa. - soou delicada. - Apenas foca nas aulas.

Sorri fraco, quando segurei na maçaneta para abrir, mas logo fui interrompida pela pegada firme. Segurando-me pelos cabelos, deixando-me devota ao seu toque e arrepiada com sua respiração fraca em meu ouvido.

-Larissa: Você é tudo que eu preciso. - aquilo soou tão seguro, capaz de levar-me a engolir em seco. - Não duvide nunca disso.

Seu corpo colocou-se ao meu por trás, levando-me a fechar a porta levemente aberta, encostando-me no amadeirado enquanto minhas mãos em rendição eram postas sobre a porta.

-Larissa: Adorei a lingerie turquesa da noite passada... - soou baixinho, rouca. Ainda puxando meu cabelo levemente, enquanto seu quadril encostava em mim e seus lábios beijavam meu pescoço. Mantendo-me presa entre seu corpo e a porta. - Estava linda... meu bem.

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