"-Ohana: O que acha de contar pra mim, hum? - questionou ao sentar-se na cama quando Larissa levou a mão ao rosto, escondendo-o por ter acordado e sentado-se rapidamente, devido um pesadelo.-Larissa: Eu revivi em sonho uma memória antiga. - revelou. - Eu estava em Medellin, em um hotel. E eu lembro que tinha uma enorme janela a minha frente, as estrelas brilhavam bastante aquela noite. O relógio na parede marcava por volta das 3:00 da madrugada, e o barulho urbano lá fora já era menor. Entretanto, o fraco vento adentrava, balançando vagarosamente as cortinas.
Suas próprias mãos entrelaçavam-se em um movimento repetitivo, estava nervosa após acordar assustada com um pesadelo que remetia Thiago a sua procura e as consequências disso. Mesmo que fosse em sonho, a presença masculina ainda a amedrontava. A revivência da situação no pesadelo, a assustava como no dia em que aconteceu. Ohana a observava atenta, enquanto acariciava suas costas por baixo da blusa, a tranquilizando de certa forma enquanto a morena contava sobre a realidade revivida em seu pesadelo.
-Larissa: E enquanto olhava o céu, e sentia o vento frio tocar minha pele, meus pensamentos diziam em uma só voz, o que eu devia fazer. Lembro-me de ter caminhado em direção a janela, subido e estado a um passo da morte. - contou enquanto encarava o chão. - E eu... Por Deus! - chamou quando sua voz falhou dando início a um choro silencioso. - Eu me lembro de ter chorado porque... - respirou fundo. - Eu estava pensando que... deveria morrer. E eu quase fiz isso.
Ohana aproximou-se um pouco mais, e desta vez finalizou o carinho. Levando as mãos até as da morena, entrelaçando-as com as suas. Enquanto chamava sua atenção para olhar em seus olhos, que agora aparentavam tão envergonhados...
-Ohana: E por que não fez? - questionou o motivo, pois esta era a razão que precisava recordar-se agora, concluindo que este era o motivo de nunca desistir.
-Larissa: Meus filhos. - respondeu sem pensar duas vezes. - Eles dormiam na cama atrás de mim. Enquanto meus pés bambos, ameaçavam querer fraquejar um pouco mais. Atirando-me da janela, ao chão que parecia tão perto, mas na realidade estava tão distante."
Ohana:
Durante a manhã, minutos antes de nos despedirmos para que fosse para o trabalho... Conversamos sobre alguns assuntos banais, e no fim acabamos chegando em como ela conseguiu superar todos esses momentos de perseguição e opressão. Larissa citou a mim seus momentos mais instáveis, dolorosos. Os medos que teve de enfrentar, a coragem que necessitou ter.
Não por se vitimizar com toda situação, mas porque tinha medo de todos aqueles sentimentos ocultos retornarem. Viver um relacionamento abusivo, tinha se tornado seu maior medo, um trauma. Não queria entrar em outro.
E com um beijo rápido em meus lábios, suas mãos desvencilharam-se da minha cintura. Deixando-me longe do seu toque sútil. Seus passos vagarosos até a saída me prenderam por longos minutos, enquanto meu olhar buscava cada detalhe em seu belo corpo esculpido. E então a porta se fechou, trazendo-me de volta a realidade.
-Kalil: Pensativa demais... eu diria. - sussurrou ao adentrar a cozinha.
Recoloquei o copo com chá gelado, recém levado aos lábios. Eu ainda tinha seu gosto suave em minha boca, o gosto da canela era inquestionável e suave.
-Ohana: A ponto de notar? - questionei com um sorrisinho involuntário, duvidoso. E ele assentiu.
-Kalil: Você já amou? - questionou direto, sentando-se ao meu lado quando direcionei-me a poltrona na área externa com vista pra piscina. - O amor é como a morte.
-Ohana: Acho que estou me suicidando... - mencionei seguindo sua metáfora. - Da maneira mais bela...
-Kalil: Como? - questionou baixinho, sentado ao meu lado.
-Ohana: Me apaixonando por alguém, que não posso ser o suficiente. - expliquei-o, o fazendo sorrir.
Ele olhou-me tão concluso, que parecia ter respostas para todas as minhas dúvidas. Seus toques brandos tomaram conta das minhas mãos, assim que as suas frias e firmes tocaram as minhas.
-Kalil: Se julga insuficiente porque nunca amou. - disse com convicção. - Você nunca se permitiu sofrer uma desilusão amorosa. É como se tivesse um botão, que pode apertar quando quer fugir dos sentimentos. Você sempre faz isso, e aí o ciclo reinicia. Precisa parar com isso... gosta dela, isso é notório.
-Ohana: O coração dela é meu, pra machucar como quiser. - disse com convicção, porque seu olhar afirmava-me isso todas as vezes que tocava seu corpo desnudo. - Tenho medo de apegar-me a sensação boa do egocentrismo e machucá-la para manter minha integridade.
-Kalil: Então não se apegue a sensação do egocentrismo. - disse paciente. - Deixe-a guiar você, sem pressão. Você é cheia de problemas, e refleti-los nela é o seu medo. Não dela.
Kalil ergueu-se estendendo-me a mão para que fôssemos até o carro. Ele dirigiu um pouco rápido até a faculdade, deixando-me lá aquela manhã. Não demorou muito para que eu desse início aos meus afazeres, que foram bem necessários aquela manhã. Havia sido colocado em pauta assuntos importantes em quase todas as aulas, e isso me manteve em foco, levando a parecer que a manhã havia passado rápido.
(...)
Mantive-me mais reservada durante o curto tempo em que passei esperando por Pietro, mexendo no celular. Entretanto fui tirada de foco, quando reconheci as mãos firmes repousarem-se em meus ombros e a voz grossa dizer que já podíamos ir. Eu estudaria com Nic durante a tarde, devido a um projeto que faríamos juntos.
Ao adentramos o Hall de sua casa, Nicolas pediu educadamente a Santiago que preparasse as malditas e viciantes águas com gás e limão.
-Nicolas: Ué, você não demoraria um pouco mais hoje? - o gêmeo questionou confuso, assim como eu, ao avistarmos sua mãe.
-Larissa: Consegui as assinaturas que queria um pouco antes de previsto. - respondeu-o sincera, seu olhar não mentia. - Tive um reunião com Parker no fim da manhã, e então vim pra casa.
-Nicolas: Tudo bem.. - ele soou gentil, ainda confuso.
Nicolas subiu as escadas ao mencionar que tomaria um banho rápido e vestiria roupas mais confortáveis. Ele sempre fazia isso, era como se o incomodasse de maneira extrema.
-Larissa: Será que eu tenho um tempinho com você depois de ajudar o Nic, antes de ir pra casa? - questionou com um risinho fraco, enlouquecedor, aproximando-se de mim depois que seu olhar atento perdeu Nicolas de vista. - Invento alguma desculpa e levo você pra casa.
Seus lábios selaram os meus rapidamente, e logo nos desvencilhamos. E então, assenti.
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Impensado
FanfictionIvana Lefundes e Sidney, haviam tido gêmeos... e bem, eles haviam crescido com educação invejável, e padrões comportamentais ensinados. Mas será que fariam jus ao nome da família tão renomada e honrada? E quanto a Larissa? Quando apareceria no cami...