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(Mais tarde libero mais dois!)

Ohana:

Acordamos cedo na manhã seguinte, e após um banho quente, Larissa me ajudou a secar os cabelos e a escolher uma roupa para a ocasião que teríamos após o café da manhã.

Sentei-me com ela na chaise, enquanto comíamos vagarosamente sem darmos importância ao tempo. Sentíamos a leve ventania bater em nossa pele, levando-me a arrepiar enquanto tinha a cabeça deitada em seu ombro momentaneamente. Era possível observar os inúmeros balões no céu, de turistas como nós, a passeio.

Olhei para Larissa por alguns curtos segundos e me perdi em cada mínimo detalhe seu. No sorriso bobo, na pele bronzeada, no rosto bem feito e no corpo esbelto. Era magnificamente linda.

-Ohana: Meu amor. - chamei baixinho, e ela olhou pra mim. - Sabe sua documentação? Então... organizei o necessário pra que você e os gêmeos refaçam de maneira segura no cartório estadunidense. Tornando assim de fato algo não ilegal.

-Larissa: Jura? - questionou com sorriso bobo e surpreso.

Essa usada por ela estava dando certo, entretanto era feita de maneira ilegal. Por mais que não tenha tido nenhum problema até agora, não podíamos confiar no imprevisível.

-Ohana: Juro. - respondi paciente.

Sentei-me melhor, e apertei sua coxa de leve. Ela sorriu antes de selar meus lábios com um beijo fraco.

A alguns meses eu diria que isso não passava de uma bobeira. Que o amor era algo impensado, um sentimento tolo qual era possível reverter. Entretanto, eu só não tinha me dado a oportunidade de amar... e que bom, porque seria horrível destroçar meu coração antes de entregá-lo nas mãos dela. Ela era minha pessoa certa.

-Larissa: Obrigada. - sussurrou após alguns segundos. - Obrigada por tanto.

Encostei-me no apoio da chaise, e ela se arrastou até meus braços. Ficando a minha lateral, deitando a cabeça em meu ombro enquanto tinha uma das mão em minha coxa.

-Ohana: Não precisa agradecer. - sussurrei baixinho, grata apenas por tê-la comigo.

(...)

Me agarrei a ela quando sentimos o enorme balão de ar quente subir. Bem, ela havia me convencido a partilhar desse momento, mesmo que eu tivesse medo de altura.

-Larissa: Viu? - questionou óbvia. - É tranquilo.

Larissa sorriu fraco quando permaneci abraçada a ela. Podíamos observar a visão panorâmica de toda região da Capadócia no início da manhã. Era visível a área terrosa, e o enorme gramado verdinho abaixo de nós. Assim como outros inúmeros balões de ar quente no céu.

-Ohana: Continuo com medo. - ressaltei quando ela virou-me para ela. 

Larissa obstinada como sempre, tocou meu rosto com leveza. Afastou-me alguns fios que insistiam em cair sobre minha pele e selou um beijo fraco sobre meus lábios. Sorri na mesma intensidade com ela, e a ouvi sussurrar que me amava.

Estávamos tão bem.

(...)

Larissa:

Caminhávamos em uma trilha em meio à natureza, com outros casais em meio a esse bendito passeio. Era uma excursão na cidade subterrânea de Dwrinkuyu, e Vale de Ihlara. Observávamos as formações rochosas das chaminés de fadas da Capadócia enquanto um dos guias falava sobre as tradições dos habitantes locais e muito mais.

Perdi meu próprio controle e meus passos tornaram se errôneos quando olhei para os olhos negros quais me sentia observada a todo segundo. Era ele. Em tantos lugares do mundo, era ali onde nos encontrávamos. Seus olhos buscavam os meus com uma tranquilidade nunca vista antes, ele tinha um sorriso vitorioso nos lábios enquanto o meu compartilhado com Ohana, reprimia-se.

-Ohana: Meu amor. - chamou, quando paramos por alguns segundos. - Você ficou estranha, está tudo bem?

Haviam tantos lugares para ele estar naquele momento, por que ali? Por que atrapalhando tudo?

Havia em seus braços uma garotinha de aparentemente 3 anos de idade, ela tinha os cabelos loiros e os olhos azuis como da mulher aos seu lado. A mulher ao seu lado carregava um sorriso magnífico nos lábios, parecia feliz.

-Larissa: Podemos... sair daqui? - pedi baixinho, ainda tendo o olhar fixado nele, qual sorria esnobe pra mim.

Ohana buscou o lugar qual eu observava e então entendeu minha euforia em nervosismo. Sua mão entrelaçou-se a minha antes que eu sentisse toda minha pele arrepiar. Os passos vagarosos do homem que me assustava, foram direcionado a nós após entregar a loira a linda criança que sorria boba.

-Ohana: Vamos. - Ohana chamou baixinho, puxando-me de leve induzindo-me a caminhar de volta a trilha, para o estacionamento um pouco distante.

Entretanto, fomos impedidas já na saída, pelo homem que eu tanto temia. Sua mão gélida puxou-né pelo punho obrigando-me a virar de frente para ele com brutalidade. Seus olhos castanhos escuros percorriam-me deixando-me completamente amedrontada.

-Tiago: Eu reconheceria esse rosto em qualquer lugar da mundo. Tentou mudar Anitta, mas seu olhar é o mesmo. - disse obstinado, cheio de desprezo em seu tom de voz. - Onde esteve todo esse tempo?

-Ohana: Longe de você. - Ohana entrou na frente, retirando a mão firme qual prendia-me pelo punho com certa brutalidade. - E vai continuar assim.

-Tiago: Não, se eu não quiser. - ele sorriu patético, cheio de auto controle.

-Ohana: Você não tem querer... - Ohana sorriu na mesma intensidade.

A loira deu passos vagarosos, enquanto ele permanecia estático. Ambos tinham sorrisos egocêntricos nos lábios, mas Ohana por pura proteção a mim. Segurei-a de maneira discreta, tentando trazê-la não instigar problemas.

-Ohana: Você teve sua chance e estragou. Por que você acha que pode vê-la e amedronta-la outra vez?

-Tiago: Ela é minha. - soou em convicção, levando-me a engolir em seco.

-Ohana: Ela não é minha, tão pouco sua. - soou impaciente, entretanto em tom regulado. - Teve a chance de fazer direito, é melhor ir embora. Porque eu quero essa mulher e eu vou fazer de tudo pra tê-la.

-Tiago: Ela fugiu com os meus filhos! - soou rígido.

-Larissa: Os filhos que você espancava junto a mim quando chegava alcoolizado? - questionei em um fio de voz, já com os olhos marejados. - Os mesmos filhos qual você negava?

Ohana mantinha-se na minha frente, enquanto meus olhos eram direcionados ao homem que tanto machucou-me.

-Tiago: Continuam sendo meus. - ele afirmou em convicção. - E você! Os tirou de mim. Por que fugiu? Por que os levou?

-Larissa: Eu fugi porque me tratava como nada, me tratava tão mal que me deixava indefesa. - mencionei em um tom calmo, cheio de mágoa. - E no fim fomos isso. Nada. Não tivemos nada! Além dos gêmeos, e da Ana...

-Tiago: Quem é Ana? - questionou confuso, em um tom baixo e já falho.

-Larissa: Ana era a filha... que você matou enquanto me agredia grávida. - disse em um fio de voz arrastado, em meio ao choro silencioso e logo senti a mão entrelaçada de Ohana apertar um pouco mais.

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