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Pietro:

Na manhã seguinte, faltamos a faculdade e foi compreensível. Ohana não desceu do quarto, somente a morena que agora tinha os cabelos molhados e vestia um moletom largo da minha gêmea.

-Pietro: Vai agora? - questionei confuso e ela negou sorrindo.

-Larissa: Ela aceitou ao menos beber a maldita bebida de pêssego com canela. - a morena disse ao pegar o próprio cartão na bolsa de grife antes deixada sobre o sofá, e então caminhou em direção ao hall. -  Pedi café da manhã pra você.

A ajudei pegar as coisas enquanto ela efetuava o pagamento. E então adentramos a casa mórbida outra vez, a mansão nunca esteve tão silenciosa e entristecida visivelmente.

(...)

Enquanto eu comia sozinho, na área da piscina, permanecia silencioso. Tudo a ser ouvido era apenas os pássaros. O sol estava quente aquela manhã, mas tudo que me mantinha confortável eram as roupas largas e 100% algodão.

-Ivana: O que faz aqui sozinho? - questionou após me ver jogar as embalagens no lixo.

-Pietro: Estava comendo. - respondi paciente, semicerrando os olhos devido a luminosidade solar. - Podemos conversar?

Mamãe caminhou ao meu lado até a chaise, sentou-se primeiro e então me acomodei, ousando deitar a cabeça em suas pernas. Eu podia sentir suas mãos delicadas adentrarem meus cabelos, em um carinho afetuoso.

-Ivana: Sobre o que quer conversar? - questionou paciente.

-Pietro: Sobre o que disse ontem... na discursão. - mencionei paciente. - Disse que iria embora e nos levaria com você...

-Ivana: Se quiserem ir a qualquer lugar do mundo, iremos. Mas se quiserem ficar, ficaremos. Eu só não quero o pai de vocês os rondando com falsa mudança. - explicou.

-Pietro: E se... eu quiser ir, mas a Ohana não. - me arrisquei a supor.

-Ivana: Damos um jeito. - disse convicta, e eu a observei sorrir. - Não vou impedi-los de fazerem o que querem.

-Pietro: Bom... eu quero ir com você, nas férias. Não embora, até porque eu nunca deixaria a Ohana sozinha. Quero que as férias sejam como planejamos, mas sem o papai.

-Ivana: Tudo bem. - sorriu convicta e selou minha testa.

-Pietro: Mas a Ohana não vai, ela já disse isso. - a relembrei e ela assentiu. - Ainda mais agora que está namorando.

-Ivana: Se ela se sente segura com essa mulher, devemos respeitar e deixá-la seguir como quer. - expressou seu ponto de vista. - Ohana é feliz com ela, e nós dois sabemos disso. Além de que, me sinto aliviada em saber que ela está protegida.

-Pietro: Larissa é incrível... espero que se dê a oportunidade de conhecê-la melhor. Você irá amá-la. - mencionei ainda recebendo seu carinho.

(...)

Depois de mais de 24h sem ver minha irmã, presenciei sua descida do segundo andar, ao lado da empresária. Ainda tinha expressão frustrada, um olhar disperso e os olhinhos inchados.

-Pietro: Está melhor? - questionei em um sussurro quando ela abriu os braços pra me receber.

-Ohana: Larissa está garantindo isso. - respondeu em um sussurro, sem que a morena ouvisse, levando-nos a sorrir de canto.

Ohana vestia um moletom também largo, e um shortinho quase não visível devido o tamanho da peça superior. Selei sua testa com um beijo demorado, enquanto de relance via Larissa entretida no aparelho telefônico.

-Larissa: Desculpa... não ter falado tanto com você antes, eu estava preocupada com ela. - a morena se desculpou assim que viu a presença da minha mãe, guardando o celular e referindo-se a minha irmã.

Entretanto seu olhar era intimidado, talvez ela visse a minha figura paterna em minha mãe. Mas mamãe não era como ele, longe disso.

-Ivana: Tudo bem, todos estávamos. Fico grata, em saber que pode ajudá-la. - disse paciente, abraçando-a com sutileza. - Fique o quanto quiser.

-Larissa: E se... - ela almejou pronunciar o que já era esperado.

-Ivana: Ele não vai voltar. - disse convicta, a tranquilizando. - E se voltar, não vai entrar. Eu não o quero no convívio dos meus filhos.

Mamãe sentou-se na poltrona com toda sua perspicácia, com um olhar convicto e protetor.

-Ivana: Tivemos um passado conturbado e você sabe disso. Referente ao relacionamento que tem com minha filha, receberá meu total apoio e respeito. - disse calma.

-Larissa: É tudo que eu mais quero. - a mulher sorriu gentil enquanto Ohana ainda tinha os braços em volta da cintura dela.

Ohana:

-Ohana: Mamãe... deixa o papo sogra e nora pra outra hora. - comentei, as levando a sorrir.

A guiei para a garagem depois das curtas falas dirigidas a minha mãe. Ainda carregavam um ar de timidez, entretanto reveríamos e resolveríamos isso outra hora. Larissa havia entregado-me as chaves do Rolls Royce, e então tomei controle do volante quando adentramos.

-Larissa: Amor, dirige devagar. - ela soou séria, enquanto eu retirava o veículo da garagem. E minha atenção era dada ao retrovisor.

Senti sua mão delicada repousar sobre minha coxa, enquanto dirigia paciente como pedido por ela. Sua atenção era dada ao celular, enquanto a minha era completamente focada no trânsito.

(...)

Descemos do carro quando chegamos em sua casa, e enquanto ela caminhava na frente eu a seguia em passos lentos. Eu tinha tempo suficiente para analisar cada curva bem feita sua, mesmo que vestisse meu moletom largo.

-Larissa: Vida... - chamou guardando o aparelho tecnológico.

Sua mão entrelaçou-se a minha enquanto guiava-me até seu quarto para buscarmos algumas roupas suas. Já que no dia posterior eu voltaria a faculdade e ela sairia da minha cama cedo, tomando o mesmo destino que eu. A Harvey vinha dando-a problemas, e já era notório seu cansaço em estar todos os dias lá.

Acomodei-me na poltrona em seu closet, enquanto observava ela montar um look. Ela era bem perfeccionista com isso, e esse fato roubava-me atenção. Havia inúmeras marcas de grife, desde as roupas aos mínimos acessórios. Larissa tinha bom gosto, além do mais possuía uma renda extremamente alta, isso era notório pelo carro que possuía e a casa onde morava. A vida tem mesmo inúmeras formas de levar ao topo quem já esteve em dificuldade, seria impossível acreditar que aquela mulher tão linda e focada agora, não tão distante de mim... já houve de chorar por medo da opressão e perseguição.

-Larissa: Não quer comer nada no caminho? Eu paro e compro. - questionou atenciosa depois de guardar as peças numa bolsa e guiar-nos para fora. - Bebê... qualquer coisa.

Senti seus dedos gélidos entrelaçarem-se aos meus enquanto descíamos as escadas. Pude observar seu sorriso cuidadoso e seus lumes profanos, encararem-me com tanta sutilidade. Neguei com um assentimento mínimo, e ela revirou os olhos ainda sorrindo.

Larissa:

Paramos pra abastecer quando adentramos a via principal em direção ao condomínio de luxo da patricinha. Aproveitei pra ir até a loja 24h não tão distante, e comprei algumas bobeiras que ela adorava. Desde biscoitos pro seu paladar infantil, a doces e salgados calóricos.

Eu a mimaria de todas as formas possíveis e existentes, aquele olhar entristecido quando se pegava pensativa era horrível. E eu almejava de todas as formas, ameniza-lo... porque a dor de se sentir rejeitado era inesquecível.

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