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-Ohana: É um cheque sem fundo. - sorriu fraco. - Acha que eu sou idiota? Ele tem dinheiro de sobra, por que iria querer mais?

-Sidney: Aprendeu bem, Ohana. - sorriu fraco.

-Ohana: Você tem amigos capazes, não é? - questionou paciente. - Pode pedir a eles que montem uma operação...

-Sidney: Geralmente ele paga policiais. - soou enquanto folheava alguma coisa, Ohana podia ouvir.

-Ohana: Encontre aqueles que não são da lista deles. - sugeriu. - Acho que o cheque sem fundo vai segura-lo por um tempo. Ele não receberia o dinheiro e atacaria logo em seguida...

-Sidney: Ele costuma ser provocador. - disse através do aparelho telefônico, enquanto Ohana permanecia sentada na cama. - Não duvido de nada.

A loira melhorou a postura, enquanto permanecia sentada na ponta da cama. Vestida em um robe branco, enquanto tinha os longos cabelos ondulados presos em um coque desajeitado. Era por volta das 4:00 da manhã na Capadócia, entretanto diferentemente da jovem estudante, Larissa dormia em tranquilidade. Num sono profundo. Qual a loira almejava não interromper.

-Ohana: Me mantenha informada. Tudo bem, pai? - questionou rouquinha, pela sonolência.

-Sidney: Claro! Não se preocupe. Darei um jeito. - disse em paciência. - Foi bom, ver que aprendeu o que de fato ensinei.

-Ohana: Não acho que era um momento propício pra me relembrar lições. - disse com um sorriso fraco.

-Sidney: Nunca é! Mas uma hora ocorre. - disse orgulhoso. - Durma bem, ok?

-Ohana: Claro! - respondeu calma, e após isso ficou alguns segundos em silêncio. - Amo você.

-Sidney: Também te amo, pequena. - sorriu bobo, e após isso, finalizou a ligação.

(...)

Ohana permaneceu estática, analisando o ambiente qual estava. Um pouco atrás, ao lado, Larissa dormia profundamente, na mesma posição qual havia deixado-a.

A jovem estudante ergueu-se da cama, e após respirar fundo ingeriu uma quantidade mediana de água. Seus pensamentos estava aguçados, a perturbavam tanto aquela noite, que nem se quer conseguia dormir. Entretanto, daria tudo de si... se necessário fosse, para manter a mulher na cama segura.

-Larissa: Amor... - chamou sonolenta, movimentando-se na cama e rapidamente chamando a atenção da loira.

Ohana recolocou o copo sobre a superfície, desfez o laço que a acomodava no robe e rapidamente a peça de seda foi ao chão. Caminhou em direção a cama, livrando-se de todos os pensamentos que a consumiam. Engatinhou sobre o acolchoado e logo teve o corpo abraçado pelo corpo famélico que parecia implorar pelo seu naquela noite fria. Sentiu as mãozinhas delicadas repousarem em seu colo, enquanto o rosto escondia-se na curva do seu pescoço, e as pernas da mulher entrelaçava-se com as suas.

-Larissa: Por que está acordada essa hora? - questionou sonolenta, enquanto Ohana as cobria com o grosso edredom de linho.

-Ohana: Não foi nada. - mentiu. - Fui ao banheiro.

-Larissa: Eu sei quando está mentindo. - revelou paciente, um pouco mais esperta. - Você tem que parar de tentar intervir, o Thiago  nunca deixará de me causar coisas ruins.

-Ohana: Você é a razão da vida de tormentos dos gêmeos não ter sido em vão. Não desista agora, eu não desistirei. - soou paciente, era um situação delicada e complicada. - Se não for lutar por si própria... lute por eles, por mim.

-Larissa: Mas eu não quero mais lutar... - disse frustrada, cansada. Abraçando-a melhor. - Eu não posso salvar eles, não posso salvar nem a mim. Eu não sou uma... salvadora. Eu sou no máximo uma fugitiva.

-Ohana: Me escuta. - pediu ao deitar-se de lado, podendo ter finalmente visão da sua face. Dos olhos castanhos que amava, do rosto angelical. Dos lábios róseos. - O seu passado aterrorizante não foi sua culpa.

-Larissa: É claro que foi! Se eu não o tivesse escolhido, talvez estivesse segura anos atrás. - disse assim que Ohana levou a mão ao seu rosto.

-Ohana: Não fala assim... a culpa não é sua. Nunca foi! Você confiou nele, e ele mostrou que não era confiável.

-Larissa: Amor... não. - rebateu.

-Ohana: Olha pra mim... - pediu quando a morena fechou os olhos, a instruindo a abri-los para olhá-la outra vez. - A culpa não é sua.

-Larissa: Eu bem que tentei, mas não importa quanto tempo passe. Sempre que lembro, minha mente reafirma que a responsabilidade era minha. - explicou-se.

-Ohana: Então vamos cuidar... para que isso deixe de acontecer.

-Larissa: Por que você é assim? - questionou impaciente. - Por que me protege tanto? Por que insiste tanto?

-Ohana: Porque eu te amo, Larissa! - rebateu quando viu os olhos castanhos marejarem. - Eu te amo.

-Larissa: Eu estou cansada... - revelou em um tom falho. - Eu estou tão cansada. - soou chorosa.

-Ohana: Divide esse cansaço comigo. - disse baixinho, abraçando-a novamente. - Só comigo.

Pôde sentir o respirar fundo, e o corpo feminino a agarrar com ainda mais necessidade. Ohana selou-lhe beijos no rosto, com um carinho enorme. Era confortante para Larissa, tê-la ao seu lado. Mesmo que as vezes, insegura questionasse a si mesma, sobre o merecimento de todo aquele afeto.

-Ohana: Eu vou sempre estar aqui do seu lado. Não importa o que aconteça, o quanto custe. - disse baixinho. - Eu vou sempre estar do seu lado. Está entendendo?

Selou-lhe beijos outra vez. Larissa não conseguia conciliar o merecimento de todo aquele amor e proteção. Nunca em vida esperou por isso, afinal só tinha vivido de desamor, descrença e falsa preocupação.

-Ohana: Não há nada nesse mundo que eu não me disponha a fazer por você. - revelou paciente, acariciando os fios castanhos, os colocando longe do rosto que tento amava. - Você me mostrou o amor Lari, eu quero viver todos os meus dias com você. Eu posso ainda ser uma patricinha fútil e narcisista, mas não mais uma egocêntrica. O meu mundo de egocentrismo findou, você tornou-se o ponto principal. És minha prioridade.

Escutava o fungar baixinho, o arfar pesado, devido o choro silencioso de um trauma vivido. De uma escolha errada, tomada. De um arrependimento sagaz que a consumia por inteiro.

Era simplesmente inesquecível.

Todas as vezes que parava pra pensar, revivia o passado assustador. As cenas de humilhação, os toques sem consentimento. As agressões verbais e físicas, os gritos... o choro, o cheiro de álcool. A dor. A fodida, dor.

-Ohana: Vou adiantar o voo pra Tailândia. - disse baixinho e rapidamente a morena assentiu. Ainda tendo o rosto escondido. - Vai ser mais fácil pra gente.

-Larissa: Tem certeza? - questionou duvidosa.

-Ohana: Eu só quero sua saúde mental estável, e aquele sorriso lindo no rosto outra vez... - sorriu ladina, recuando o próprio corpo para olhá-la. - Hum?

Tocou-lhe a ponta do nariz enquanto ainda sorria, e minimamente presenciou o riso dado de canto.

-Ohana: Quase lá, meu amor. - incentivou e foi inevitável não sorrir. Levando assim, a loira a roubar um beijo da morena de olhos castanhos, agora ainda marejados.

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