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Larissa:

Ela permaneceu calada por todo caminho, nem se quer olhava pra mim. Eu confesso que tinha tocado em um ponto fraco dela, mas ela precisava mesmo ouvir aquilo. Eu não queria que ela continuasse se arriscando pra me deixar segura, mesmo que me amasse muito.

-Larissa: Espera...

-Ohana: O que você quer? - fitou-me pela primeira vez, após descer do carro e bater à porta com força.

Apenas respirei fundo, e neguei em um movimento milimétrico. Sussurrando um "nada", sequencialmente podendo analisá-la entrar em casa sem nem olhar para trás.

(...)

Acabei deixando de lado tudo que tinha pra resolver aquela tarde, acabei dormindo a tarde inteira, me pareceu mais fácil. Quando acordei tomei um banho gelado e, sentei-me no enorme gramado de casa tendo ao meu lado um pouco de whisky ainda na garrafa. Nicolas juntou-se à mim, tomando a garrafa e levando-a aos lábios.

-Nicolas: Também discuti com o Felipe. - ele disse em tom de frustração. 

-Larissa: Ótimo. - sorri fraco, cruzando as pernas, abraçando-as. - E agora?

-Nicolas: E agora... - ele suspirou pesado. - Vamos ficar aqui, sentados...

-Larissa: Não vou ficar aqui sentada. - praguejei encarando-o. - Esperando ela se sentir culpada...

-Matteo: Isso revela que você... é a culpada. - ele disse juntando-se a nós, sentando ao meu lado esquerdo. - Da aqui essa garrafa. - tomou do gêmeo com brutalidade.

-Larissa: Mas que... peguem uma pra vocês! - lamuriei, almejando erguer-me. Em vão. Matteo levou a mão em meu ombro, empurrando-me para baixo. Impedindo-me de sair.

-Matteo: Ela é uma filha da puta pro mundo, mas não pra você. Entendeu? - ele encarou-me, aconselhando com calma. - Eu não sei o que ela fez... mas aquela patricinha idiota e narcisista, não moveria um dedo pra machucar você. 

Ele levou o whisky a boca outra vez, apoiou a garrafa no gramado e respirou fundo. Todos tínhamos a mesma posição, as pernas retraídas, a coluna inclinada, desajustada, sem postura. Pensativos.

-Nicolas: Que merda você fez, em? - ele direcionou o tom de voz a mim.

-Larissa: Excedi o limite. - soltei em um sussurro quando percebi o que tinha feito. - Eu deveria ter esperado, deveria ter tido mais paciência.

-Nicolas: Você é experiente em fazer isso... - ele comentou, expressando-se. - Mas... não é plausível.

-Matteo: Tentaram conversar? - o outro questionou baixinho, entregando-me a garrafa. Seu olhar atencioso, fitava o pôr do sol.

-Larissa: Sim, mas ela simplesmente não queria ouvir. Estava em uma onda de estresse incontrolável... - eu confessei baixinho.

-Nicolas: Talvez ela precise ser ouvida. - ele disse, atraindo minha completa atenção. - As vezes precisamos abrir mão das coisas, entende? Não estou dizendo que é a única culpada desse desentendimento, mas que... com toda certeza tem mais maturidade que ela pra lidar com esse tipo de coisa. Não se deixa levar pela emoção, pela impulsividade. Ela pode ser maluca quando quer, mas é uma pessoa incrível. Nada que ela fez, seja lá o que for... foi por maldade, não quando se trata de você em específico.

-Matteo: A resposta é definitivamente: Não para maldade, quando se trata de você.  - o outro reafirmou baixinho. - Então... o que te afetou?

-Larissa: Ela tem se colocado demais em risco por mim. O que aconteceu hoje... o que tem acontecido a meses...

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