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Ohana:

Nicolas foi até a minha casa no dia posterior, já que sua mãe tinha viajado e o mordomo tirado férias. Ele disse que não se sentiria confortável em ficarmos sozinhos no enorme espaço, já que Mateo e meu irmão pouco interessado nos estudos ultimamente, haviam saído outra vez.

O que me chocava era ele achar que sua mãe era quem verdadeiramente era. E diferente dela, carregar toda essa genuinidade. Bastou alguns telefonemas pra minha mãe e com um pouco de pressão, ela me contou a verdade. Além do mais, a "patricinha idiota" dela faria mal a quem? Eu não tinha poder sobre isso. Entretanto, Larissa não deveria testar minha malevolência e me subestimar.

-Nicolas: É uma bela casa. - ele argumentou assim que entramos.

-Ohana: Eu sei, tenho bom gosto. - mencionei, enquanto caminhávamos em direção a cozinha.

-Nicolas: Você que escolheu? - ele questionou surpreso.

-Ohana: Praticamente tudo. - revelei.

Nicolas assentiu antes de erguer o copo com água aos seus lábios carnudos e róseos, como os de sua mãe. Evidenciei suas mãos grandes e bem demarcadas. Ele vestia uma blusa básica em tonalidade preta, realçando sua cor de pele e os cabelos pretos, os olhos castanhos escuros e o corpo parcialmente musculoso. Aquela camisa justa ficava bem nele, acompanhada da calça alfaiataria e um tênis luxuoso, entretanto de estética simples.

-Ohana: Vou pedir algo pra gente. - relatei pegando meu celular. - Gosta de comida italiana? - questionei.

-Nicolas: Sim. - respondeu paciente.

Sua voz era angelical como de sua mãe, ele relembrava bem ela. Mesmo que não fosse seu geneticamente. Busquei pelo cardápio online algo que agradasse a nós dois e então fiz o pedido. O guiei até o estofado e nos sentamos lado a lado.

-Ohana: Convidei o Felipe pra vir aqui após o jantar. - revelei enquanto ele mantinha a atenção no celular.

-Nicolas: Ohana... - ele chamou após alguns segundos, quando desviou a atenção da pequena tela.

O olhei em silêncio, esperando que dissesse o que quisesse. Seus lumes brilharam em timidez e então eu segurei sua mão, qual descansava sobre sua perna. Ele baixou o olhar e respirou fundo.

-Nicolas: Tudo bem se eu ir embora antes que ele chegue? - questionou e aquilo de fato me surpreendeu severamente.

-Ohana: Por que quer ir embora? Não são amigos? - questionei confusa, confortando me melhor no estofado e ganhando ainda mais sua atenção.

-Nicolas: Não, não somos. - revelou com a voz quebrantada. - Olha... tentamos isso, mas não deu certo. Eu e Felipe tivemos um caso no ano passado, e desde que acabou, temos apenas tentado manter uma aparência legal em ambientes sociáveis.

-Ohana: Então a tensão que eu senti no restaurante era real... - revelei em voz alta, completamente me descontrolando disto. - Desculpa, mas eu já havia percebido que tinha algo de errado.

-Nicolas: Tudo bem. - ele sorriu de canto. - Eu nunca contei isso a ninguém, além do Mateo. - revelou. - E você é a primeira amizade que faço desde o ano passado... nunca fui tão sociável, diferente do meu irmão. Confio em você.

-Ohana: Percebi isso... e está tudo bem. Pode confiar em mim. - Talvez não devesse tanto assim. Porém, comentei tranquilizando-o . - Então gosta de garotos?

-Nicolas: É... só garotos. - ele revelou mordendo os lábios, um pouco tenso. Evitando olhar-me.

-Ohana: É um tremendo pecado gostar de homens. - o informei. - eles não prestam.

O garoto de olhos escuros sorriu concordando levemente com a cabeça. Ergui-me pegando a água com gás e limão, posta sobre a mesinha de centro. Nicolas havia me viciado naquilo.

-Ohana: Hum... Mas por que terminaram? - questionei curiosa após ele revelar que tudo bem falar sobre aquilo.

-Nicolas: Ele passou as férias de verão em Vegas, e durante festanças acabei descobrindo que ele não nos levava tão a sério. Ao menos tanto quanto eu. - respondeu calmo.

-Ohana: Mas conversaram sobre levar a sério? - perguntei como uma brasileira fofoqueira, fazendo jus a minha nacionalidade. E o deixando desabafar de certa forma.

-Nicolas: Não. - respondeu-me após afastar a taça dos seus lábios. - Não tive coragem o suficiente pra sugerir algo do tipo.

Assenti após concluirmos que nenhum dos dois tinham culpa, apenas não conseguiam conciliar tudo e chegar a algo concreto.

-Nicolas: Você é hétero? - questionou depois de um tempo em silêncio.

-Ohana: Acho que sim. - respondi após a curta memória de beijar demoradamente o rosto de sua "mãe". - Até onde sei, sou.

-Nicolas: Me aparenta estar duvidosa. - ele revelou com um sorrisinho curioso. - Quem te deixou confusa?

-Ohana: Uma latina. - descrevi a nacionalidade da fingida. - Olhos chamativos e um corpo espetacular. Conheci a pouco tempo... entretanto, foi algo que me deixou confusa. - Eu não mentia de um todo.

-Nicolas: Dizem que as brasileiras são invejáveis. Suponho que esteja falando de uma.- ele mencionou disperso, sem levar em conta de que eu falava sobre sua mãe. Bem, eu não afirmaria isso logicamente. Entretanto não mentiria para ele, apenas omitiria o alguém.

-Ohana: Realmente são. - respondi com um sorrisinho ladino.

Concluímos o trabalho e quando chegou a noite, meu irmão ligou avisando que estava longe de casa com Mateo e Felipe. Entretanto avisou que estariam na escola amanhã, mas que Santa Monica estava longe demais para retornarem agora. Discuti com Pietro pelo telefone e ele teve a audácia de desligar sem ao menos me responder.

-Nicolas: Acho que preciso ir. - ele ergueu-se, levantando da minha cama.

-Ohana: Nic... não. - refutei sua ideia rapidamente, chamando-o pelo apelido de maneira impulsiva. - Fica. Pietro não vem hoje, tão pouco seu irmão. Se for, vai ficar sozinho.

Ele revirou os olhos e ergueu uma das mãos ao rosto, passando a palma e respirando fundo. Completamente revoltando com a má conduta do gêmeo.

-Nicolas: Irmãos gêmeos são um porre. - reclamou em alto e bom tom.

-Ohana: Realmente. - concordei com ele. - Dorme aqui? - pedi outra vez, sugerindo agora em palavras diretas.

-Nicolas: Não vai mesmo te incomodar? - questionou e eu rapidamente neguei.

-Ohana: Podemos colocar um colchão no meu quarto, ou se preferir tem um quarto de hóspedes no terceiro andar. - o sugeri duas opções.

Ele apenas assentiu silencioso, e por querer me dar mais privacidade, escolheu o quarto de hóspedes. Perguntou-me se poderia tomar banho e rapidamente o respondi que sim, disse a ele que pegaria algumas roupas do Pietro e deixaria sobre a cama. Mesmo negando algumas vezes, o convenci de aceitar e assim o fiz. Meu irmão não se incomodava, além do mais seu closet era cheio demais para que passasse a dar conta do que sumia dali. Pietro tinha tanta roupa de grife e básica, que algumas ainda estavam etiquetadas e embaladas.

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