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Pietro:

Ohana havia mal pisado em casa durante o fim de semana, mas isso não incomodou nossos pais devido o fato de estarem extremamente ocupados. Logo voltariam aos seus dias rotineiros e cheios de trabalho, mas já costumavam se adaptar a isso no escritório de casa mesmo.

Bem, eu caminhava em passos vagarosos até a sala de aula, no primeiro horário. Cansado pelo fim de semana tão movimentado que tive, cheio de festas e momentos incríveis.

-Ohana: Por Deus! Essas olheiras estão péssimas. - minha irmã reclamou ao franzir o cenho, quando sentei-me ao seu lado. 

Ela mascava um chiclete de menta, eu podia sentir seu hálito. Seu olhar exalava sarcasmo, ao mesmo tempo em que o sorriso vitorioso surgia em seus lábios vagarosamente. Aos poucos, revelando os dentes alinhados e extremamente brancos.

Nos dois primeiros horários, Ravi deu sua entediante aula, seguidamente Ayla contemplou-nos com sua presença e sua maestria em aplicar seus conteúdos. Eu adorava sua matéria, e a forma como deixava-a mais fácil.

(...)

Diferente de mim, Ohana não gostava tanto de Ayla assim, e isso era recíproco. A aula da morena foi finalizada e aos poucos os estudantes foram saindo, contrapartida, eu fiquei sentado ao lado de Ohana quando observei a figura feminina caminhar até nós.

-Ayla: Quando não quiser assistir, saia. Não atrapalhe meu conteúdo, não está mais no fundamental. - a morena de olhos escuros mencionou em pura indignação, levando Ohana a sorrir sarcástica.

A loira ao meu lado, ainda mascava um chiclete, com um sorriso vago e um olhar penetrante. Cheia de narcisismo e autoconfiança.

-Ayla: Você devia me respeitar. - a morena repousou as mãos sobre a mesa, apoiando seu peso quando inclinou-se ficando próxima de Ohana. - Eu não tenho medo do seu pai com complexo de Deus.

Seu olhar petulante e frio, mantinha Ohana encarando-a sem nervosismo algum. Ayla permanecia inclinada sobre a mesa, enquanto seu corpo realçava as curvas com a postura feita.

-Ohana: Nem o meu pai com complexo de Deus me assusta... quem dirá você, Ayla. - soou  patética, ainda com o sorriso sarcástico.

-Larissa: Algum problema, Ayla? - a gestora principal da Harvey questionou atenciosa, após bater na porta de leve e direcionar o olhar a nós três. E só então notamos sua presença.

Ayla ergueu-se novamente, e após isso pegou suas coisas e saiu da sala. E então eu a acompanhei.

Ohana:

-Larissa: Tem um tempinho pra mim? - questionou com um sorrisinho fraco, antes de entrar na sala e fechar a porta.

Ela vestia uma saia lápis, preta, que ia até seus joelhos. Uma blusa social branca, e uma maquiagem leve. Seus saltos altos tocando o chão levavam-me a arrepiar, e seus lumes atenciosos carregavam-me aos céus.

-Larissa: Na minha sala, aqui não. - soou paciente quando levantei-me, caminhei até ela e almejei beijar sua boca.

Parker havia arranjado uma sala provisória, devido o comparecimento de Larissa ser necessários nessas últimas semanas. Já caminhávamos para o fim do semestre, em breve teríamos o baile de doação e o início das férias. Caminhei a seguindo pelos corredores e elevador, até estarmos no mediano espaço com vista para o campus. Uma mesa simples compunha o lugar de decoração sútil, as tonalidades escuras se encaixavam bem no chão amadeirado.

-Larissa: Algum problema com a professora Ayla? - questionou paciente, encostando-se na mesa e cruzando os braços. - Posso resolver.

-Ohana: Não foi nada, ok? - mencionei nosso problema como algo superficial. - Só não nós gostamos muito e costumamos trocar farpas.

Repousei as mãos em sua cintura, apertando de leve, a fazendo sorrir ladina pra mim. Selei seus lábios pacientemente, em um selinho lento. E então, levei uma das mãos até seu pescoço, arrastando até sua nuca e fazendo um carinho demorado com as unhas.

-Larissa: Como vou roubar seus 20 minutos de descanso, pedi o chá gelado que costuma beber. - mencionou gentil, indicando com a cabeça o frigobar no canto da sala. - Canela e pêssego.

Busquei a bebida, e aproximei-me dela outra vez. Sentei sobre sua mesa, após ela afastar algumas papeladas e ficar por fim entre minhas pernas, com as mãos descansando sobre minhas coxas, e olhando pacientemente pra mim.

-Larissa: Onde vai passar as férias? - questionou tranquila, enquanto eu ingeria o líquido gelado com um leve sabor de canela.

-Ohana: Pietro vai pro Brasil encontrar com meus pais na primeira semana, bem... eu não quero acompanhar meus pais juntamente do meu irmão para o México após o encontro. Por mais que esses momentos em família sejam raros devido aos dias ocupados dos nossos pais. - respondi calma. - Talvez eu fique em casa, contemplando meus pensamentos ansiosos.

-Larissa: Por um mês? - questionou sorridente.

-Ohana: Um mês de paz, longe da minha família. Tem férias melhores? - questionei antes de levar o canudo até seus lábios, e ela beber um pouco. - Mas e você?

-Larissa: Ainda planejando, nada muito concluso. - respondeu calma. - Os gêmeos vão pra Grécia, mas eu ainda preciso encontrar um destino que me chame atenção. - suspirou frustrada.

-Ohana: Se quiser uma sugestão... - ela encarou-me atenciosa. - Minha cama é uma ótima viagem...

Ela sorriu idiota, e deixou um tapinha fraco em
meu braço. Beijei sua boca outra vez, e ao nos desvencilhamos, toquei a ponta do seu nariz enquanto a olhava.

-Ohana: Ou posso comprar passagens pra Tailândia, e você fica um mês comigo. - sugeri e ela me olhou duvidosa. - Vai... não parece tão ruim assim, parece?

-Larissa: Não seria cedo demais? - questionou pensativa. - Estamos vivendo tudo tão sem regras, que não sabemos nem o que somos.

-Ohana: Somos o que quiser que sejamos. - mencionei e ela sorriu idiota.

-Larissa: Estou falando sério, pequena. - ela disse baixo, retraindo o sorriso, e eu a olhei atenciosa.

-Ohana: Eu também estou falando sério. - especifiquei e ela sorriu tímida, escondendo o rosto na curva do meu pescoço.

Dividi com ela a bebida, enquanto ficávamos em conforto naquele silêncio. Mesmo que nossas mentes fizessem questionamentos inacabáveis. Era hora de descobrir o que éramos, por em pauta o que sentíamos. Ou nunca sairíamos da etapa qual havíamos chego.

-Larissa: Você precisa ir... - disse chateada quando olhei no relógio. - Posso ao menos te ver a noite?

-Ohana: Vou dar um jeitinho de ir até você, ok? - mencionei ao descer da mesa. - Se cuida.

Beijei sua boca uma última vez, e agradeci pelo chá. Ela sorriu boba quando caminhei em direção a porta e a olhei carinhosa, antes de abrir e sair.

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