Ohana:
Almoçamos juntas em um restaurante próximo à praia, havíamos acordado tarde naquele dia. E finalmente, estávamos livre daquelas rotinas cansadas e cheias. Larissa só precisava resolver algumas coisas virtualmente, entretanto tinha tempo suficiente pra fazer quando quisesse.
-Larissa: Que péssimo humor... - ela comentou quando levei os óculos escuros ao rosto, após finalizarmos o pedido.
-Ohana: Estou com sono. - respondi sonolenta e de maneira sútil. Ela sentou-se um pouco mais perto de mim.
Instintivamente puxei o capuz do moletom, e deitei a cabeça em seu ombro. Enquanto ela mexia no celular, através da visão escurecida devido o uso do óculos, pude notar alguns olhares cautelosos vindo dos clientes do restaurante. Nada em específico que fazíamos de errado, apenas, onde duas mulheres juntas não aparentava ser "normal". Malditos seres humanos.
-Larissa: Não rebate. - pediu baixinho, quando me coloquei à cutucar ela, para que observasse também.
-Ohana: Nossa... mas você não quer deixar nem eu discutir. - reclamei e meu sotaque involuntário foi notório, enquanto falávamos em português.
-Larissa: Bebê... não. - soou paciente, encostando a cabeça na minha, dando atenção ao celular. - Não gasta tempo com isso.
-Ohana: Desliga isso. - reclamei tomando o aparelho e desligando-o.
Larissa:
Entendi que com toda aquela birra e implicância, ela só queria e buscava atenção. Propus-me a abraçá-la lateralmente quando
nos confortarmos melhor no assento. Retirei o capuz dela com paciência e beijei sua cabeça. Permanecemos assim, até que por fim a refeição chegasse. Sem darmos importância aos olhares preconceituosos e contínuos.(...)
No início da noite a levei até o aeroporto, para que se despedisse do gêmeo que embarcaria em algumas horas para o Brasil junto a mãe. Seria um momento delicado pra Ohana, mesmo que as vezes dissesse que seria uma "paz", ainda assim seu apego emocional pelo garoto era notório.
-Pietro: Prometo que vai passar rápido. - ele disse sorrindo enquanto ela tinha os olhos marejados e permanecia abraçada a ele.
Eu observava um pouco mais afastada, ao lado da mãe da garota, que se mantinha também em silêncio.
-Ohana: Não... tem que passar devagar porque se não eu vou ter pouco tempo com ela, e aí você vai voltar e vai atrapalhar minha vida de novo. - ela dizia em resposta com a voz chorosa, tendo o rosto escondido pelo abraço.
Sorri de canto ao ouvir o que dizia, e então sua mãe chamou-me atenção com uma menção preocupada.
-Ivana: Pode cuidar dela por nós? - questionou paciente, tendo o olhar focado nos filhos gêmeos.
-Larissa: Claro. - respondi rapidamente. - Sem dúvida alguma.
Eu permanecia com minhas próprias mãos entrelaçadas, enquanto respirava compassado e mantinha meu olhar direcionado a pequena loira. Sua mãe diferente de outrora, fitava-me com atenção, observação e eu sabia disso.
-Ivana: Sempre fazemos pedidos antes de viajarmos. Algo que queremos conhecer ou cumprir durante as férias. E mesmo não indo conosco... - revelou em um tom paciente, entretanto eu não entendia onde queria chegar. - O dela foi diferente... dessa vez não foi dinheiro, roupas de grife ou um carro.
A olhei calma, confusa e curiosa. Ivana manteve-se inexpressiva enquanto eu esperava por uma resposta mais complexa e explicativa.
-Ivana: Você cuida dela, e eu cuido de você. - disse baixo. - Foi o pedido dela.
Internamente me senti protegida, e foi inevitável não sorrir como uma adolescente idiota. Ivana sorriu de volta, em compreensão a sensação que eu sentia. Sua mão foi levada às minhas, segurando com firmeza e me fazendo sentir-me um pouco mais confiante.
-Ivana: Divirta-se, e não preocupe-se com a documentação. Ok? - questionou baixinho. - Está tudo certinho, e permanecerá assim.
Em passos vagarosos a mulher de cabelos curtos e olhar atencioso foi se afastando de mim, segurando a mão de Pietro e caminhando em direção a área de embarque quando foram chamados. Ohana caminhou para os meus braços e eu a confortei com todo carinho existente em mim.
Ohana:
Eu era a típica irmã chata da relação. Desde pequena. Dividimos um quarto, até os 7 anos, e nesse passar de tempo... sempre que eu acordava assustada e chorava feito boba, Pietro me abraçava e permanecia ali até dormirmos. Ele tentava me fazer dormir para que retornasse a própria cama, entretanto acabava dormindo comigo, e pela manhã mamãe e papai sempre sorriam. Porque eu acabava puxando todo o edredom o deixando com frio, ou as vezes o derrubava da cama e acordava nossos pais com o barulho. Mas ele nunca desistia de me deixar calma.
Ninguém nunca me amaria, como ele amava.
Ele conseguia acalmar-me com sua voz rouca e grave em cantoria, pelas noites de insônias e manhãs desanimadas. Baixinho, em meu ouvido. Era sempre nossos melhores momentos. Eu me sentia devidamente protegida, e cuidada. Pela minha metade.
-Larissa: Quer ir pra casa? - Larissa questionou baixinho quando entramos no carro.
Eu assenti milimetricamente, entretanto quando estacionou após adentrar o condomínio de luxo. Pedi que ficasse comigo, pois aquela casa vazia era frustrante. Depois de entrarmos, permanecemos de pé na área externa, onde tínhamos vista pra piscina e o lago.
-Larissa: Eu te amo. - disse ao colocar as mãos em torno da minha cintura e deixar-me deitar a cabeça em seu peito. Como outrora. Em um conforto silencioso.
Movi-me vagarosamente até beijar seu pescoço, e recuar para olhar em seus olhos. Foi inevitável não sorrir de canto quando observei que aqueles castanhos fitavam-me com tanta devoção e carisma. Levei as mãos ao seu pescoço, segurando lado a lado para guiar sua boca a selar a minha. Dando início a um beijo lento, demorado e paciente.
Enquanto nos beijávamos tudo que podíamos ouvir era o cantar dos pássaros e o barulho da natureza vegetal. Minhas mãos ainda seguravam-a pela nuca, induzindo-a manter o ritmo enquanto ela pressionava um pouco forte, minha cintura. Não havia intenção sexual, apenas estávamos em um momento incrível, cabível somente a nós.
-Ohana: Eu também te amo... - sussurrei de volta, em reciprocidade. Após nos darmos alguns segundos para respirar.
Sua mão antes em minha cintura, foi até seu pescoço, arrastando-se até minha nuca. Enquanto sorria ladina, em busca de um outro beijo. Que logo a dei. Larissa recuou após finalizarmos, e eu me mantive a olhá-la por um tempo.
-Larissa: Não vou deixar você dormir aqui sozinha. - disse baixinho, me tendo ainda em seus braços.
-Ohana: Então me leva com você. - sugeri, e ela assentiu milimetricamente.
-Larissa: Tudo bem. - sorriu ladina. - Podemos ir quando quiser.

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Impensado
FanficIvana Lefundes e Sidney, haviam tido gêmeos... e bem, eles haviam crescido com educação invejável, e padrões comportamentais ensinados. Mas será que fariam jus ao nome da família tão renomada e honrada? E quanto a Larissa? Quando apareceria no cami...