Pietro:
Ohana é como um daqueles meteoros que a gente vê nos filmes de televisão. Tão lindo e hipnotizante que você nem percebe quando está chegando. Até ele colidir e destruir tudo. Alguém havia destruído-a, entretanto eu a conhecia o suficiente para saber que na manhã seguinte levantaria ainda mais irredutível e cheia de autoritarismo.
-Nicolas: Ela está melhor? - Nicolas perguntou enquanto ajudava a mãe na cozinha com algo para o café da manhã.
-Pietro: Nic... - eu chamei com um sorriso ladino, ao aproximar-me em passos calmos. - Você não conhece mesmo minha idêntica parte, feminina.
Não demorou muito para que minha gêmea descesse as escadas, sem resquício algum de sua mágoa na noite anterior. Carregava um sorriso inigualável no rosto, e uma expressão cheia de antipatia, diferente de horas atrás. Os cabelos bem curtos, loiros e bem feitos com o babyliss. Vestia uma blusa branca de gola alta e mangas longas, qual deixavam seu corpo magnificamente esculpido bem realçado. Eu não tinha capacidade de mentir... tínhamos uma genética perfeita. A calça alfaiataria a deixava mais sofisticada, tanto quanto os adereços com pequenas e cravadas joias de diamante. No colar delicado em seu pescoço, e nos diversos anéis em seus dedos. Já o tênis edição exclusiva da Nike, avaliado em milhares de dólares, compunha o look discreto.
-Pietro: Bom dia. - sussurrei assim que recebi um beijo demorado em meu rosto, da garota que permaneceu ao meu lado.
-Mateo: Vocês são mesmo pessoas horríveis... - Mateo mencionou ao levar o copo com água aos lábios, em vagareza. - E idênticas.
Ohana tão pouco deu atenção a sua expressão surpresa e confusa. A loira manteve-se estática ao meu lado, enquanto eu observava discretamente o olhar de Larissa encarar-nos tão surpresa quanto Mateo e Nic. Realmente conseguíamos ser surpreendentes quando queríamos. Acontece que manipular a realidade e adaptarmos-nos a ela, mesmo que dolorosa, deixava-nos de certa forma seguros.
-Larissa: Você resolve os problemas bem rápido. - mencionou com um sorrisinho de canto. - Isso me parece narcisismo.
-Ohana: Eu não sou narcisista. - a loira respondeu enquanto procurava algo na bolsa Gucci, que levava consigo. - Narcisismo é um defeito... e eu não tenho defeitos. - ela soou mesquinha, sorrindo e mostrando seus dentes extremamente brancos quando achou a chave do Maserati que mamãe havia dado a ela em agrado por ter aceitado mudar-se para Los Angeles.
Ela havia entrado em contato com Oliver e pedido a ele que deixasse o carro no condomínio. Entretanto o que deixava abismado era sua possível auto sabotagem. Ohana nunca ficava mal, e se ficasse? Bem, ela sempre dava um jeito. Seja como fosse, ninguém nunca a via chorar ou colocar pra fora tudo que escondia em si mesma.
-Mateo: Ué, você não iria com a gente? - questionou confuso e a vi sorrir outra vez.
-Pietro: Por Deus, Ohana! Vai pra escola! - eu disse após ela caminhar em direção a saída sem ao menos olhar pra trás, depois de deixar um beijo no rosto do melhor amigo e sussurrar bom dia.
-Nicolas: Ela com toda certeza não vai pra escola... - ele disse tranquilo até demais, com a voz um tanto quanto arrastada e convicta.
-Pietro: Ela vai buscar a marquesa... - respirei fundo. - O resto é com a imaginação de vocês. - complementei ao olhar através das vidraças que separavam a casa da visão da rua lá fora.
O barulho do Maserati preto era inconfundível, e em questão de segundos podemos observá-la sair com ele.
-Mateo: Qual foi, a marquesa?! - Mateo ergueu-se um tanto quanto surpreso e frustrado. - Eu estou a 4 dias tentando criar coragem pra chamar ela pra sair.
-Pietro: Ela conseguiu isso em 30 minutos. - revelei, apoiando-me no balcão. - Por Deus, Mateo! Você é péssimo.
-Nicolas: Ela nem comeu... - argumentou o gêmeo de 1,83 ao meu lado. E então o olhei facilmente nos olhos, por possuir a mesma altura. Esboçando um sorrisinho indecente.
-Mateo: Lógico. - sentou-se novamente em um tom frustrado. - O café da manhã dela será uma delícia...
A mãe dos gêmeos pareceu um pouco sem graça após o comentário de Mateo, e então a vi subir as escadas sem ar de graça algum. Estava séria e sem aquela euforia e entusiasmo.
-Pietro: Mau humor? - questionei pegando uma uva e levando a boca.
-Nicolas: É raro. - ele respondeu sem dar tanta atenção, e então desvencilhei-me dos pensamentos. Dando início a minha primeira refeição.
(...)
Quando Larissa desceu de lá, estava vestida em um look social e afeminado. Eu ficaria completamente atraído se não levasse em conta de que falava da mãe dos meus amigos.
-Nicolas: Uou... - o garoto que ainda comia elogiou de forma sútil.
Os cabelos longos e soltos davam a ela imponência e seriedade, o blazer preto escondia as mangas longas da blusa social e decotada que vestia. A calça alfaiataria contornava seu corpo e os saltos altos a deixavam ainda mais linda.
-Mateo: Legal, mas desvia o olhar aí... - ele soou ciumento quando sorri encarando a mulher que descia as escadas. - Ou vou ter que quebrar você na porra da porrada.
-Pietro: Relaxa... - comentei sorrindo e erguendo as mãos em rendição.
-Larissa: Nic, rápido. - ela soou cortante. - Pega suas coisas.
Depois que Nicolas voltou, caminhamos em direção ao carro da empresária. Ela iria conosco até a escola, não somente para nos levar, por que o motorista podia fazer isso. Mas também por ter de efetuar uma palestra para a Harvey Mudd. Era proprietária de 40% da propriedade, e consequentemente estava sempre presente em eventos do colégio. Seu discurso era de extrema importância hoje, para apoiar o diretor que falaria sobre a arrecadação semestral. E pra falar a verdade já estávamos atrasados, Ohana já havia saído a quase 1 hora, e quanto a nós... só tínhamos 15 minutos pra chegar na faculdade.
Larissa dirigiu paciente enquanto manteve-se em silêncio por todo o percurso. Mas nem dávamos tanta atenção a isso. Ela estava estranha. Mateo mexia no celular e eu fazia o mesmo, enquanto Nic sentado ao lado da mãe no banco da frente, apenas observava a estrada.
(...)
Nicolas:
Por incrível que pareça, assim que minha mãe estacionou o carro, Ohana apareceu no Maserati estacionando-o próximo à entrada da faculdade, em sua vaga por determinação efetuada durante a matrícula. Ao descer do carro, a marquesa fez o mesmo e o sorriso fraco de Pietro foi mostrado rapidamente confirmando sua fala em outrora.
Minha mãe estava estranha de uma forma incomum. E isso estava começando a me deixar confuso. Ela tirou da bolsa óculos escuros e os ergueu até o rosto, escondendo o olhar visivelmente malevolente por um motivo que eu não conhecia. Desviei o olhar para a figura feminina e menor, idêntica a Pietro. Ela não havia nos notado ainda, enquanto caminhava lado a lado da marquesa para adentrar o prédio. Tendo a mão delicada sobre a cintura da garota nobre.

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Impensado
Fiksi PenggemarIvana Lefundes e Sidney, haviam tido gêmeos... e bem, eles haviam crescido com educação invejável, e padrões comportamentais ensinados. Mas será que fariam jus ao nome da família tão renomada e honrada? E quanto a Larissa? Quando apareceria no cami...