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Ohana:

Depois que finalizamos metade do trabalho, chegamos a conclusão de que terminaríamos no outro dia, após olhar o relógio e ver que marcava 16:30. Nicolas me convidou para assistir um filme enquanto esperávamos a pizza recém pedida por ele.

-Nicolas: Vai ter uma festa no fim de semana... - ele contou-me. - O que acha de ir?

-Ohana: Com você? - questionei confusa.

-Nicolas: Sim. - respondeu. - Felipe vai, e creio que Mateo chamou seu irmão também.

-Ohana: Bem, sendo assim. - concordei em ir. Eu não sairia por aí sem Pietro, ainda mais com um garoto que eu mal conhecia. Não importava de qual família era.

Eu não conhecia bem sua mãe, muito menos a história dela. Entretanto trataria de pesquisar mais sobre isso quando chegasse em casa. Conhecia sim seu nome renomado, e como ele rondava muito pelos escritórios empresárias da minha mãe. Mas nunca foi nada que me chamasse atenção, até agora.

-Ohana: E então... seus pais não vão reclamar se irmos? - questionei de forma discreta, tentando buscar mais informações sobre ele.

-Nicolas: Na verdade é só minha mãe. - ele enfatizou.

-Ohana: Ah... desculpa. - pedi um pouco envergonhada pela desinformação e ele apenas assentiu com um sorriso fraco. - Divorciados? - questionei em uma sugestão.

-Nicolas: Não. - ele respondeu antes de gargalhar alto e olhar-me paciente.

Já estava ruim, e eu fiz ficar pior.

-Nicolas: Não temos pai. Somos fruto de uma inseminação artificial. - ele revelou e eu engoli em seco. Por Deus! Eu deveria ao menos saber disso. - Mas tudo bem, nossa mãe não costuma falar sobre isso em redes nacionais ou sociais.

Me mantive silenciosa, antes de arruinar tudo um pouco mais. Nicolas me deixou escolher o filme, mas no fim fiquei tão confusa que acabamos decidindo juntos por algo de terror na Netflix. A pizza chegou e comemos ali mesmo, sem fazer bagunça ou nos sujarmos.

-Ohana: Acho que preciso ir, já está tarde. - revelei ao olhar o horário na tela inicial do aparelho telefônico qual pertencia à mim.

-Nicolas: Tudo bem. - ele disse um pouco tímido. - Posso te levar em casa?

-Ohana: Não precisa. - recusei rapidamente. - Oliver vem me buscar, afinal de contas fica em Ontário, é longe. Irei ligar pra ele.

Rapidamente fui surpreendida pela voz feminina que ecoou atrás de mim. Evidentemente não podemos ouvir sua aproximação pelo fato de carregar os saltos em mãos. Agora tinha os cabelos presos em um coque meio frouxo e um olhar tanto quanto mais cansado.

-Larissa: Posso levá-la, Ohana. - sugeriu. - Tenho alguns contratos pra buscar ainda, é caminho.

-Ohana: Não quero incomodar ... - tentei ser respeitosa e ela sorriu fraco, interrompendo-me.

-Larissa: Não vai. - respondeu. - Me espera apenas tomar um banho?

Bem, não recusei. E disse que a esperaria. Depois de algum tempo, ela retornou. Vestida em algo mais causal e os cabelos soltos novamente. Me guiou até a garagem, e depois de me despedir de Nicolas, adentrei o veículo e esperei vagarosamente que ela o tirasse da área.

-Larissa: Então escolheu engenharia? - questionou mantendo o olhar no retrovisor, enquanto dava ré.

-Ohana: Sim, me identifico com essa profissão. - respondi calma.

-Larissa: Acredito que tenha um ótimo potencial, engenharia exige absurdamente de uma alta inteligência. - ela mencionou e eu apenas assenti.

Larissa não tinha mesmo a fisionomia de alguém com idade pra ter dois filhos de 19 anos e já possuir 38. Me propus a questionar uma curiosidade, entretanto esperei o tempo certo.

-Ohana: Desculpa a pergunta, mas fala a verdade quando nas entrevistas diz ter 38 anos? - questionei um pouco tímida assim que estacionou no semáforo e olhou em meus olhos.

Seu sorriso repentino foi involuntário. Pude fitar sua expressão cansada, entretanto divertida com meu questionamento.

-Larissa: Eu não minto, Ohana. - respondeu-me um pouco mais séria. - Tenho idade pra ser sua mãe.

-Ohana: Não parece nenhum pouco. - mencionei em um tom manso, enquanto meu olhar buscava o seu.

-Larissa: Seja lá onde quer chegar com essa conversa... - referiu ao acelerar o carro, quando o semáforo abriu. - É bom quando fala olhando nos meus olhos, invés do meu decote.

Ela relatou sobre o momento em que a conheci, qual meu olhar involuntariamente caiu sobre o decote. Aquilo me deixou completamente tímida e envergonhada. E ela deixou um sorriso escapar entre seus lábios róseos e chamativos. Praticamente encolhi-me no banco do carro, enquanto ela manteve-se dirigindo sem nenhuma feição severa. Estava se divertindo em me intimidar, e aquilo me deixou um tanto quanto irritada.

(...)

-Larissa: Vou esperar que entre em casa. - revelou assim que estacionou, após eu indicar qual das mansões era.

-Ohana: Tudo bem. - respondi pegando meu celular e após ter tudo organizado a ponto de sair. Recuei e olhei em seus olhos castanhos.

Aproximei-me do seu ouvido, ao apoiar-me intencionalmente com a mão em sua coxa. Meu instinto em recordar a frase dita por meu pai, foi maior que o respeito por um alguém desconhecido até poucas horas...

"Ninguém intimida um Lefundes."

-Ohana: Seus olhos são lindos, entretanto prefiro o decote. - sussurrei ao seu ouvido, com a voz arrastada e um pouco rouca. - Além do mais... - apertei sua coxa com sutileza. - Tão pouco me importa se tem idade pra ser minha mãe.

Selei um beijo próximo ao seu ouvido, antes de arrastar meus lábios até o canto de sua boca e deixar um outro beijo, um tanto quanto mais demorado. Afastei-me e observei o sorriso fraco que escapou da morena, apertei sua perna uma outra vez e me retirei do veículo.

-Ohana: Obrigada, Larissa. - agradeci antes de fechar a porta, e a observei sorrir cínica.

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