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Ohana:

A aula havia sido produtiva e eu havia aprendido tudo passado, com facilidade. Entretanto, mantive-me mais reclusa devido o fato de não comunicar-me muito com Nicolas ou Matteo. Eles ainda estavam duvidosos enquanto eu esperava ansiosamente pelas suas ambas compreensões.

Quando saímos da faculdade, quem estava lá pra nos buscar era nosso pai. Bem, Pietro de cara recusou-se a entrar no carro, mas depois de muita insistência vinda do advogado, o acompanhamos.

Iríamos a uma audiência com ele, e após isso ele nos levaria para comer e por fim conversaríamos. Eu já não confiava tanto nele, mas não via mal algum em escuta-lo. A menos que retornasse com toda aquela baboseira possessiva e imatura.

Nos sentamos na arquibancada, dividida entre a parte central do tribunal de justiça. Podíamos ver como tudo ocorreria, desde os guardas civis ali postos, ao juiz, promotor e o réu. Sidney era um perfeito advogado, quanto a sua profissão, era inegável questionar.

-Juiz: A defesa, por favor. - o juiz solicitou depois de um tempo já iniciada.

Meu pai caminhou ao centro, enquanto buscava com o olhar o júri ali presente, dentre também o acusado e a imagem suprema no tribunal. Eu já imagina que suas falas levariam o promotor a concordar com ele, e logo a vítima colocada como réu, teria justiça.

-Sidney: O racismo está integrado no DNA, da América. - soou paciente. - E enquanto ignorarmos a dor daqueles que sofrem sob sua opressão, nunca iremos escapar dessas origens. A única salvação que as pessoas de cor tem, é o direito a uma defesa. E nem demos isso a eles. - ali eu soube, era algo pro bono. - O que significa que a promessa dos direitos civis nunca foi cumprida. Devido ao fracasso do nosso sistema judiciário, nosso sistema de defensoria pública em particular... Jim Crow ainda está vivo e presente. Leis que tornaram legal o ato de enterrar negros e brancos no mesmo cemitério. Que classificavam as pessoas em quadrinhos ou octarrons, e que puniam uma pessoa negra por procurar atendimento em um hospital de brancos.

Papai tinha o olhar de todos sobre ele, com admiração e atenção.

-Sidney: Alguns podem afirmar que a escravidão terminou. Mas diga isso aos presos, que são mantidos em gaiolas e que ouviram que não têm direito algum. Pessoas como meu cliente! - afirmou convicto, demonstrando sua indignação com a situação. - Como ele e como outros milhões por aí. Que são degradadas a uma subclasse da existência humana em nossas prisões. Não há alternativa para a justiça neste caso! Não há outra opção! Decidir conta o meu requerente, é o mesmo que escolher proteger ilegalmente os bolsos de donos penitenciários e negar uma defesa básica para as pessoas que vivem nelas.

-Pietro: Está ganho. - sussurrou o gêmeo, em meu ouvido enquanto tinha a cabeça deitada em meu ombro.

E bem, estávamos certos. Era um causa ganha. E se não fosse... papai tornaria-á ganha, custasse o que fosse.

(...)

Os passos da secretaria de Sidney a nossa frente, guiava-nos até o carro. Não demorou muito para que fôssemos levados a um dos restaurantes mais renomados no centro de Los Angeles, fizemos pedidos distintos e enquanto olhávamos um para os outros, permanecíamos a tomar vinho.

-Pietro: Ok... o que quer? - Pietro perguntou sem muita enrolação.

-Sidney: Me desculpar. - soou paciente, após repousar a taça sobre a mesa.

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