Capítulo 23

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— Eu acho que a gente não sabe mesmo como é que vocês se conheceram. - O Kevin falou.

— Num bar ou boate. - O Bruno deu ombros.

Ao contrário dos outros casais, o Bruno não estava sentado na mesma cadeira comigo, ele estava sentado no apoio da cadeira, o que fazia ele estar mais alto do que eu, o Chace estava deitado numa espreguiçadora com os óculos escuros postos, então era um pouco difícil decifrar as expressões dele.

Enquanto o Bruno contava a maneira como nos conhecemos, eu estava olhando pro Chace, ele estava bem relaxado, como se não estivesse aqui, com a mesma roupa do incidente no banheiro, com os braços atrás da cabeça, parecia bem despreocupado, ele estava bem atento ao que o Bruno dizia sobre o nosso primeiro encontro.

— E ela simplesmente adormeceu. - Ele falou.

— Eu admiro demasiado a maneira como a Theoany confia demais nas pessoas. Nada contra cara. - O Damon falou e o Bruno acenou.

— Você devia ter mais cuidado. - A Monic começou.

— Eu sei.

Conversas aleatórias surgiram depois disso, o Chace não falava muito, respondia a qualquer pergunta que fosse feita diretamente a ele, e quando alguém fazia alguma piada ou lembrava de algo engraçado ele ria timidamente, mas não falava muito.

Duas horas depois eles foram embora, cada um para o seu devido quarto. Descansar o suficiente para a nossa viagem amanhã. O Bruno continuou na varanda comigo, o Chace levantou quando o Dame foi porque ele tinha alguma coisa pra falar com ele.

— Eu gostaria muito de ter amigos assim. - ele se espreguiçou numa das cadeiras, agora que os outros foram em bora ele já não precisava ficar no apoio da minha cadeira. — Eu tenho os meus irmãos, e eles são sim os meus melhores amigos, mas eu gostaria também, de um pouquinho disso.

Eu me aconcheguei melhor na minha cadeira e ficámos em silêncio por um tempo.

— Você...- hesitei por um pouco. — Você acha que eu cometi um grande ao vir aqui?

Ele olhou pra mim.

— Eu sei...eu sei que você aceitou vir comigo pra eu não me sentir tão mal ao ver os meus amigos todos acompanhados e eu estar sozinha...

— Por isso também. - Ele me cortou.

— Hm?

— Eu não vim só por isso. - Ele levantou da cadeira e puxou ela para o meu lado, dessa forma as cadeiras estariam juntas.

— Você é bem diferente de muitas garotas que eu já conheci. - Ele riu timidamente. — Quando eu falei com você naquele dia lá na boate, aquilo foi meio proposital, você estava lá no seu mundo sem falar com absolutamente ninguém, A Weza e o Damon desapareceram por horas e você sempre lá... sozinha pensando, sem sequer notar ninguém ao redor.

Eu comecei a me sentir envergonhada e nem sei porquê.

— Eu estava achando aquilo bem estranho, afinal você estava em uma boate, e na boate as pessoas vão pra se divertir, e eu fui falar com você e já comecei com insinuações. - Eu ri daquilo.

— Insinuações mal feitas. - falei.

— Realmente, mas você não foi como o resto quando conversava comigo, você não falava comigo por interesse, e feliz ou infelizmente é sempre isso que acontece. Eu não conhecia você, mas senti um conforto enorme só ao estar lá a conversando com você, senti uma paz, que eu não sabia que podia ser alcançada, eu sei que estou sendo meio clichê e essas coisas, mas é exatamente assim que eu me sinto sempre que converso você Theo.

Ele olhou pra mim e eu rapidamente desviei o olhar.

— Quando você foi embora da minha casa...os meus irmãos não paravam de falar sobre você, e aquilo até que foi um pouquinho estranho, mas foi bom sim, eles gostaram da sua presença tanto ou mais do que eu, coisa que eu realmente duvido.

Ele colocou a mão por cima da minha e eu olhei pra ele que olhava fixamente para as nossas mãos juntas.

— Eu não vim especificamente pra você não segurar vela perto dos seus amigos, eu vim porque... - ele hesitou e fixou o seu olhar em mim. — Eu almejo que, estar comigo seja tão agradável quanto é pra mim você estar com você... vim porque eu adoro a sensação de paz que o meu corpo e mente alcançam quando eu estou com você... quando eu converso com você, vim porque...eu não quero que te sintas sozinha quando...quando eu posso passar todo o tempo que eu tenho com você.

— Bruno...

— Não me entendas mal, eu só não consigo ter uma conversa tão seria com uma mulher, ela normalmente começa a pensar em sexo, ou eu mesmo começo a pensar em sexo. E com você é completamente o oposto.

Eu baixei o meu olhar e olhei para as minhas pernas, as nossas mãos ainda estavam juntas, estava frio, e ele estava quente. Ele levantou o meu queixo e me fez olhar pra ele.

— Não te sintas sozinha quando eu estiver por perto. - Eu olhei para os olhos dele que com a luz do luar estavam com um tom tão escuro que nem pareciam castanhos claros que nem mel.

— Eu não vou. - falei e a mão dele no meu queixo começou a acariciar a minha bochecha esquerda.

Não sei como, mas de repente os nossos rostos não estavam tão longe assim um do outro, estávamos olhando um pro outro, até que eu fechei os meus olhos e deitei nos ombros dele, não sei, mas acho que era a única maneira menos dolorosa de evitar o que provavelmente viria depois.

Não sabia se ele queria me beijar, e também não sabia que eu queria que ele me beijasse, ou se estava pronta.

Alguns minutos depois nós decidimos entrar, não vi o Chace, mas imaginei que ele estivesse no quarto dele, entrei no meu quarto e fiquei sentada em frente ao grande espelho que tinha no quarto, quando ouvi algumas batidas na porta e eu pedi pra entrar, achei que fosse o Bruno, mas não. Era o Chace.

— Chace?

Ele olhou pra mim e sem falar nada simplesmente ajoelhou e deitou a cabeça no meu colo.

Ele estava com o cabelo úmido, com uma camisa grande cinza entreaberta, com os mesmos calções de mais cedo e descalço.

— Chace? - eu chamei pela segunda vez preocupada. Tentei levantar a cabeça dele e fiz ele olhar pra mim e consegui sentir o cheiro que ele exalava.

Whisky.

— Chace! - chamei quando ele desviou o olhar do meu.

— O que está acontecendo? - perguntei, e ele não respondeu, simplesmente colocou os braços ao redor de mim e me apertou.

— Não.... - Ele falou bem baixo e eu não entendi nada.

— O que?

— Não desistas de mim, por favor. - Ele falou e aquilo foi como um corte profundo em mim.

— Chace? - eu tentei me soltar dele, mas ele não me ajudava.

— Chace? - chamei mais uma vez e ele não respondeu, fiquei novamente preocupada e medi a pulsação dele, estava normal, ele ainda respirava também.

Ele só adormeceu.

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