Capítulo 58

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— Mas... o Melv.

— O Melvin é irmão do Chace, do seu ex namorado, que não aceita que você terminou com ele, e nessa sua cabecinha, você planeja ir ficar dois dias num hotel lá com ele e a família dele, como se se vocês estivessem juntos.

— Eu...

— Ah e pra melhorar, a família dele sequer sabe que vocês já não estão juntos. - ela falou como se aquilo fosse uma coisa muito errada, na verdade, elas estavam falando como se tudo fosse errado sem prós. Estavam nem cogitando as vantagens, se é que na verdade a aquela viagem tinha alguma vantagem.

— Exatamente por isso, não posso não ir, eles iam perguntar e o que eu ia dizer?

— Que vocês terminaram! - a Melissa parecia ficar irritada mais e mais a cada segundo.

— A gente pode parar de falar disso também? Faz um tempo incrível que eu felizmente já não penso no Chace, pela primeira vez, eu posso dizer que estou realmente a superar ele, mas isso não vai funcionar se vocês ficarem constantemente a me lembrar que ele existe, que ele não desiste, que eu devia ficar longe dele. - olhei pra elas que ficaram completamente sérias e silenciosas. — Eu preciso disso ok? Não posso fugir do Chace, não posso fugir de nada, nós já não estamos juntos, ele é livre de agir da maneira que achar mais correta pra si, desde que de maneira nenhuma me inclua, ou afete alguma coisa na minha vida, e vocês... vocês são minhas amigas, irmãs, não me aconselhem a fugir dele, pelo contrário, digam pra eu enfrentar essa merda e ser feliz. - Eu as fiz rirem.

— Desculpa Theo. - A Melissa começou.

— É que, o Chace também é nosso amigo, e ... é tão complicado...- a Sasha hesitou.

— Não queríamos de maneira nenhuma trazer coisas más de volta. - A Monic suspirou.

— Vocês não trazem.

— Estou muito orgulha de você sabe, você falou como uma mulher. - A Weza falou depois de muito tempo em silêncio.

— Amar faz isso com as pessoas. - falei sorridente e dei de ombros, elas não responderam, só se entreolharam boquiabertas.

É, amar faz isso com as pessoas.

— Mas eu quero saber... - a Weza falou depois de algum tempo quando as meninas estavam distraídas conversando sobre um assunto aleatório. — Você quer coisas sérias com o Bruno, ele sabe?

— Que eu quero algo com ele?

— Não, que você vai a esse casamento.

Olhei pra ela sem responder e ela recostou no sofá.

— Grande merda.

Dois dias depois...

— Sabe...

Comecei quando ele decidiu mudar de posição e fazer carinho no meu cabelo.

— Sim?

— Eu tenho que te contar uma coisa.

Ele olhou pra mim com interesse e eu tirei a minha cabeça do colo dele, me posicionei corretamente e olhei pra ele.

— O irmão mais velho do Chace vai casar no domingo...

Ele não disse nada.

— E eu fui convidada.

Ele pareceu mais descansado.

— Você quer que eu vá com você? - ele tentou voltar a tocar no meu cabelo, mas eu o parei.

Neguei com a cabeça.

— Quer que eu leve você lá?

— A família dele não sabe que a gente não está junto.

Ele pareceu refletir sobre o que eu disse.

— Ham?

— Eu vou com o Chace...e nós vamos, com dois dias de antecedência, vamos ficar alojados em um hotel...no mesmo quarto.

O Bruno pareceu realmente processar o que eu havia dito e olhou pra mim sem entender.

— Eu acho que não estou mesmo a entender.

— O casamento é em São Francisco.

— Theo... - ele sorriu de nervoso.

— Eu quis dizer antes, mas...

— Você vai ficar com ele? No mesmo quarto?

— Bruno...

Ele não respondeu por um tempo.

— Você quer ir? - ele perguntou depois de segundos.

— Eu tenho que ir.

— Precisar e querer são coisas completamente diferentes.

— Bruno...

— Você não é obrigada a ir.

— Mas eu preciso ir.

Ele olhou pra mim mais uma vez e recostou na cabeceira da cama.

— Claro Theo.

— Você não ficaria chateado?

— Porque eu ficaria chateado?

Dei de ombros.

— Sei lá, por eu ir, e ficar com Chace.

Ele abriu a boca pra falar alguma coisa, mas mordeu o lábio inferior e hesitou.

— Theo, você já é bem adulta sabe? Nem que eu quisesse eu seria capaz de impedir você de tomar suas decisões, de viver a sua vida, afinal...eu nem mesmo sei se faço parte da sua vida ou não.

Olhei pra ele boquiaberta.

— Você não faz? - ele deu de ombros.

— Você não é muito óbvia sabe? e muitas vezes você é bem confusa.

— Mas eu...

— Mas você? - ele me olhou com expetativa, mas eu me calei. Não era pra termos aquela conversa naquele momento, não hoje, não agora.

Ele esperou por mais um tempo e quando viu que eu não reagia nem respondia fechou os olhos e respirou fundo.

— O pior, é que eu não posso fazer mesmo nada sabe? Além de esperar.

— Eu... eu não...

— Não tem problema. - Ele deu um sorriso fraco e falso. — O que não me falta é paciência. - Eu deitei a minha cabeça no ombro dele e ele deitou a dele por cima da minha.

— Ah, mas o ponto positivo é que parece que eu já ganhei a batalha. - Ele riu e eu tirei rapidamente a cabeça do ombro dele.

— Oque?

— Sabia que as ações valem mais que as palavras?

Não respondi.

— Você é bem curiosa Theo sabe, seu mundo é curioso, você pergunta se eu acho você inocente, se você é tão inocente assim, mas sabe eu acho que você não nota que talvez, só talvez, você realmente seja.

— Por que acha isso?

— Porque eu posso sentir... Eu posso sentir você Theo, você pode não falar, hoje, aqui, agora, mas eu posso sentir.

— E o que você sente de concreto?

Ele olhou pra mim e colocou um cacho perdido meu por trás da orelha.

— Uma imensidão de sentimentos, hesitantes por medo da dor, uma dor, que eu nunca vou proporcionar a você.

Olhei pra ele sem desviar quando ele colou as nossas testas e respirou fundo.

— Eu te sinto Theo.

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