Capítulo 9 - Despedidas

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Soluço acordou feliz naquela manhã, não se importou em acordar antes de o sol nascer, ou com o trabalho pesado na forja, não se importou com os olhares reprovadores que recebia durante o dia, ou com os comentários maldosos que escutava sobre si, nem a mágoa que sentia de seu pai pelo comentário na noite anterior o importava.

Só havia uma coisa naquele momento que importava para Soluço, o motivo de ele ter ido dormir e ter acordado com um sorriso no rosto, o motivo de ele ter passado o dia todo cantarolando feliz, o motivo de o fazer sonhar acordado e sentir que alguém realmente se importava com ele, o motivo que fazia seu coração acelerar e um sorriso bobo surgir em seu rosto toda vez que a via.

- Astrid – ele suspirou ao ver a garota entrando na ferraria.

- Oi Soluço – ela abaixou o olhar envergonhada.

Depois do beijo dos dois, eles voltaram para casa e não conversaram sobre o assunto, ambos estavam envergonhados demais para isso.

- Astrid, o que te traz a minha humilde ferraria? Estava com saudade de mim? – Bocão foi para abraçá-la, mas ela se desvencilhou dele, não queria ganhar um abraço sufocante de alguém sujo e suado.

- Na verdade eu vim buscar o Soluço – ela falou encarando o chão.

- Eu? – Soluço abriu um sorriso involuntário.

- Sim, o chefe pediu para buscar você.

- Meu pai – Soluço franziu o cenho confuso – para quê?

- Não sei, mas ele parecia sério.

- E quando ele não está? – Soluço bufou e se virou para Bocão – Eu posso ir?

- Deve, se o chefe mandou a gente obedece, e acho até bom, você está insuportável hoje com essa felicidade toda – Bocão deu um tapa nas costas do garoto que o fez quase cair no chão.

- Felicidade? – a loira perguntou curiosa.

- Sim, esse garoto passou o dia todo sorrindo e cantarolando, deve ter acontecido alguma coisa muito boa ontem à noite.

Astrid olhou para Soluço que estava com o rosto vermelho e olhava para o chão.

- Mas ele não quis me falar o motivo, você sabe o que aconteceu? – o loiro começou a arrumar um dente de metal em sua boca com o gancho.

- N-não, n-não f-faço a menor ideia – Astrid tentou não ficar nervosa.

- É melhor irmos, não é bom deixar o grande Stoico esperando – Soluço retirou seu avental e o pendurou em um gancho que ficava na parede – tchau Bocão.

- Tchau, e vê se amanhã fica um pouco mais triste, essa sua felicidade é irritante – o loiro empurrou os garotos literalmente para fora da ferraria enquanto resmungava mais algumas palavras que Soluço e Astrid não fizeram questão de entender.

- Então você está feliz? – Astrid perguntou após caminharem alguns metros.

- Sim – ele abriu um sorriso tímido.

- Eu posso saber o motivo? – Astrid imaginava qual era a resposta, mas queria ouvir da boca de Soluço.

- Você não sabe? – Soluço parou de andar, e segurou o braço de Astrid a obrigando a parar também, ele encarou os olhos azuis turquesa e se aproximou dela.

Astrid balançou a cabeça negativamente enquanto retribuía o olhar dele.

- Você é o motivo – Soluço colocou uma mão no rosto dela e a outra em sua cintura.

Astrid estranhou o comportamento, afinal eles estavam no meio da rua, qualquer pessoa da ilha poderia ver, mas sentir o toque de Soluço era algo tão bom que ela decidiu ignorar esse detalhe.

Dragões: O príncipe e a caçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora