Capítulo 16 - Banguela?

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Soluço estava sentado em um banco na ferraria, já fazia uma semana desde que ele havia feito o acordo com o fúria da noite e ainda não tinha tido nenhuma ideia de como fazê-lo voltar a voar, e a cada minuto que passava ele tinha mais certeza de que não conseguiria cumprir sua parte no acordo e acabaria sendo devorado.

- Bevis, Bevis – uma voz interrompeu os pensamentos de Soluço, mas ele não deu muita atenção até Tynn, uma das pessoas que trabalhava com ele, balançar a mão na frente de seu rosto.

- Ah...oi, está falando comigo? – ele questionou um pouco assustado.

- Claro, tem outro Bevis aqui por acaso? – Tynn questionou irritado.

Soluço queria dizer que não havia nenhum Bevis ali, que seu nome era outro, mas achou melhor ninguém além de Hodet, Stella, Andre Barn e Raiana saberem que ele tinha recuperado a memória e que ele era o garoto da profecia.

- Não, eu sou o único Bevis aqui – Soluço revirou os olhos – o que foi?

- Você não deveria estar trabalhando ao invés de estar com essa cara de bobo?

- Não desconte seu mau humor no garoto, se brincar ele trabalha mais do que nós dois juntos – Kort se aproximou de Soluço – ignore o Tynn, pode ficar com essa cara de bobo o quanto quiser.

- Eu não estou com cara de bobo, essa é minha cara de pensativo – Soluço bufou.

- Cara de quê?

- Não dê moral para esses dois – Nilma falou antes que Soluço tivesse a chance de responder – eles não sabem o que é isso, porque nunca pensam.

- Você me ofende só porque sabe que sou louco por você – Kort tentou dar um beijo no rosto de Nilma, mas ela se desvencilhou dele o fazendo quase cair no chão.

- Me diga Bevis, no que tanto pensa? – Nilma ignorou as reclamações de Kort e se sentou ao lado de Soluço.

- Vocês já souberam de algum dragão que perdeu a capacidade de voar, e depois recuperou?

- Não, primeiro porque para um dragão perder a capacidade de voar, ele precisa ter suas asas ou cauda danificada, e não tem como consertar nenhum dos dois.

- Droga – Soluço passou as mãos no cabelo e se levantou começando a andar de um lado para o outro, após alguns passos ele parou – vocês vão precisar de mim nas próximas horas?

- Já está querendo se livrar do trabalho? – Tynn o encarou bravo.

- Deixe o menino em paz – Kort deu um tapa na cabeça de Tynn.

- Eu só preciso fazer alguns projetos, é importante – Soluço os olhou de forma suplicante.

- Pode ir Bevis, se precisar pode usar a sala dos fundos, está desocupada e pelo menos lá você não precisa escutar esses dois discutindo – Nilma sorriu para o garoto enquanto revirava os olhos.

- Nós não discutimos, o Tynn é que vive discutindo comigo – Kort se defendeu.

- Se eu vivo discutindo com você é porque você é irritante – Tynn o encarou.

- Parem de discutir – Nilma chamou a atenção deles – é impossível trabalhar com vocês.

Soluço não quis ver até onde ia a discussão, aproveitou que os três estavam ocupados entre si, pegou seu caderno e foi para a sala dos fundos.

Ele se sentou em um banco em frente a uma pequena mesa e começou a desenhar, fez diversos desenhos do fúria da noite tentando ter alguma ideia, mas nada vinha a sua mente. Frustrado ele jogou o caderno com força na parede, se arrependendo logo depois, o objeto não tinha culpa nenhuma do péssimo acordo que ele tinha feito com o dragão.

Dragões: O príncipe e a caçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora