Capítulo 45 - Foi por causa dele

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Soluço passou uma das mãos no pescoço pela décima vez desde que havia entrado em sua sala. Com a mão livre ele começou a se abanar, estava cada vez com mais calor. Sua perna mexia compulsivamente e ele já tinha aberto a boca algumas vezes na tentativa de começar seu discurso, mas não havia conseguido.

Soluço ergueu o seu olhar percebendo que a pessoa em sua frente parecia impaciente e ao mesmo tempo entediada. Ele respirou fundo e silenciosamente fez uma prece aos deuses.

- Bem, você deve estar se perguntando porque eu te trouxe aqui, a verdade é que eu preciso te falar uma coisa muito importante – Soluço começou a passar uma mão na outra – sei que você vai ficar com raiva de mim, mas por favor me deixa explicar.

Soluço encarou os olhos azuis e respirou fundo mais uma vez.

– A verdade é que eu sou o Soluço – devagar ele levou as mãos até a máscara e a retirou – eu não morri naquele acidente há 13 anos.

Ele suspirou enquanto encarava mais uma vez os olhos azuis, esperando uma resposta.

– Por que você parou? – Andre Barn o olhou confuso.

– Porque eu conheço a Astrid, ela vai fazer alguma coisa, tenho uma leve impressão que ela vai gritar ou me bater.

– Ou talvez ela faça os dois.

– Acho que isso é o mais provável. E então o que achou?

– Espera, é só isso? – Andre Barn o encarou cético – Cadê o restante?

– O restante vai depender da reação da Astrid.

– Bem que o Banguela tinha me dito que era sem graça.

– O que?

– Ele me disse que você o obrigou e te escutar, tadinho.

– Vocês dois são péssimos amigos, sabiam?

– Sabemos, mas você nos ama mesmo assim – Andre Barn deu de ombros – e quando você vai falar para ela?

– Não sei.

– Como assim, não sabe? Soluço, você passou os últimos três dias enrolando, eu pensei que era porque você estava preparando um discurso enorme e profundo, mas não, você mal fala uma frase, então porque essa hesitação?

– Pode ser só uma frase, mas é uma frase muito difícil, não é tão simples falar.

– Você está com medo – Andre Barn constatou.

– Por que eu estaria com medo? Só por que vou falar para a guerreira mais assustadora que existe que o amigo de infância dela que ela pensou estar morto nos últimos 13 anos, está vivo e passou esse tempo todo aqui? – Soluço sorriu sarcástico

– Ela vai te matar.

– Eu sei disso – Soluço bufou – se ela ao menos me deixar explicar já vai ser um ótimo avanço.

– Lembre-se que você é o príncipe dos dragões e o chefe de Gjemme, qualquer coisa é só mandar prendê-la, ela vai ser obrigada a te escutar.

– Sério isso? – Soluço o olhou com desdém.

– Vou te dar um conselho, pare de enrolar e fale logo, quanto mais você demorar vai ser pior, sem contar que corre risco de ela descobrir sozinha e aí sim, você não vai ter chance de se explicar.

– Eu sei, vou contar para ela amanhã.

– Amanhã? Eu esperava que você fosse agora.

– Eu preciso resolver algumas coisas na ilha e como eu tenho quase certeza de que ela vai me matar, eu preciso fazer isso antes.

Dragões: O príncipe e a caçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora