Capítulo 47 - Gastando energia

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Fazia alguns minutos que Soluço estava em pé do lado de fora da cela, olhando para Astrid que se mantinha quieta o encarando. Ele abriu a boca algumas vezes para falar, mas não conseguiu, a verdade é que ele não havia planejado direito como explicaria a ela e não sabia como começar.

– Achei que tivesse vindo para se explicar – Astrid quebrou o silêncio em um tom seco.

– E vim.

– Então se explique, ou você pretende passar o resto do dia me encarando em silêncio?

– Não, não, claro que não – ele abriu um leve sorriso e respirou fundo – bem, no dia em que eu viajei com meu pai, nós fomos atacados por dragões.

– Eu sei, o tio Stoico, o Gosmento e o Magnus lutaram com eles – Astrid disse séria.

– Não era para ser um ataque, os dragões só estavam atrás de mim.

– Por quê?

– É uma história complicada envolvendo uma profecia, a questão é que os dragões me trouxeram para cá, mas eu acabei batendo a cabeça e fiquei um tempo inconsciente, quando eu acordei eu não me lembrava de nada.

– Você perdeu a memória? – Astrid perguntou mais calma, Soluço apenas assentiu – Quanto tempo?

– O quê?

– Quanto tempo você ficou sem memória?

– Um ano.

– Certo, e depois disso, por que não voltou?

– Eu vivi um ano aqui com os dragões, eu aprendi a amá-los e eu conheci o Banguela, eu e ele tivemos uma conexão muito profunda, é algo que não dá para explicar, mas me mudou totalmente, era como se eu e ele fôssemos um só.

Astrid assentiu, ela sabia como era o sentimento, ela também tinha tido uma conexão com Tempestade.

– Eu não podia deixá-lo, mas não podia levá-lo para Berk, eles iriam matá-lo.

– Você poderia nos convencer de que os dragões não eram maus.

– Eu convencer Berk? Eles nunca me ouviriam, Astrid, você sabe disso.

– Então foi isso? – Astrid o olhou cética – Você não voltou por causa do Banguela? Para proteger ele?

– Foi um dos motivos.

– E quais foram os outros?

– Tem um profecia sobre mim, que diz que eu vou unificar os mundos, vou acabar com a guerra entre pessoas e dragões, para isso eu precisava ficar e liderar os dragões.

– Você deixou a liderança de Berk para liderar outra ilha? – Astrid riu com escárnio e se afastou das grades, se encostando em uma das paredes – Entendi, você escolheu o Banguela e escolheu Gjemme ao invés de Berk.

– Berk nunca me aceitou, ela ficaria muito melhor sem mim.

– Então foi fácil deixá-los?

– Não foi tão difícil.

– E eu? – ela o encarou – Foi fácil me deixar?

– Claro que não – Soluço respondeu rápido.

– Mesmo assim, me deixou, mesmo me prometendo que voltaria – Astrid endureceu a expressão, se esforçando para não chorar.

– Eu ia voltar, desde o momento que eu recuperei a memória eu quis voltar para o Bocão, para a minha mãe e para você.

– Mas não voltou.

– Eu fui em Berk, eu vi como vocês estavam.

– O quê? – Astrid o olhou confusa – Você foi em Berk? Quando?

Dragões: O príncipe e a caçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora