Capítulo 11 - Que os deuses o receba em Valhalla

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Astrid estava parada em frente à sua casa, sabia que tinha que entrar, mas não sabia se conseguia. Ela observou a porta de madeira já desgastada, quantas vezes ela abriu a esquadria feliz porque encontraria Soluço dentro da casa, mas isso não iria mais acontecer, ela não iria mais vê-lo ao entrar na casa, ao passar por aquela porta ela só encontraria o vazio deixado por ele.

- Precisa de ajuda? – a voz de Magnus tirou Astrid de seu transe.

Ela se virou para trás o vendo parado a encarando.

- Que pergunta a minha, é claro que precisa – ele se apressou e abriu a porta, ele entrou e abriu espaço para que Astrid entrasse.

Astrid respirou fundo antes de passar pela porta e quando seus pés tocaram o piso da sala ela sentiu um aperto em seu coração. A casa estava do mesmo jeito, os móveis continuavam nos mesmos lugares, tudo continuava normal, mas ela sentia como se tudo estivesse escuro, vazio, sem graça.

- Por que você não troca de roupa? Vou preparar algo para você e os tios comerem.

Astrid apenas assentiu, se fosse em outro momento ela ficaria surpresa e feliz com o fato de Magnus Jorgenson se oferecer para cozinhar para ela, mas agora isso não importava.

Astrid subiu as escadas devagar, a cada degrau que subia, ela sentia um peso mais forte em seu coração, quantas vezes ela subiu aquela escada correndo para fugir de Soluço que insistia em lhe fazer cócegas, ou quantas vezes ela descia animada para vê-lo lhe preparar o café da manhã, mas isso não iria mais acontecer.

Ela passou em frente ao seu quarto e seguiu até o final do corredor, seus pés estavam no automático, ela só percebeu que estava em frente ao quarto de Soluço quando ouviu um leve barulho lá dentro.

Por um momento ela pensou que fosse ele, que ele estaria desenhando algo, criando alguma invenção maluca, ou apenas conversando sozinho. Em um impulso ela levou a mão até o puxador com o intuito de abrir a porta e ver Soluço, mas ao sentir a dor intensa em sua mão direita ela percebeu que não era real, ele não estava no quarto, ela não iria vê-lo.

Astrid ouviu novamente um som vindo do quarto, com sua mão esquerda ela abriu a porta lentamente e se deparou com Valka deitada na cama de Soluço, ela estava encolhida e abraçava as cobertas enquanto algumas lágrimas corriam pelos olhos dela.

Astrid ficou imóvel, não sabia o que fazer, não sabia se deveria sair e deixar Valka com sua dor ou se devia ir até Valka e consolá-la, mas como ela poderia consolar alguém, quando ela precisava de consolo, quando ela precisava que alguém dissesse que era tudo um pesadelo e logo ela acordaria.

- Astrid – a voz de Valka saiu baixa, mas alta o suficiente para tirar Astrid de seus pensamentos.

Valka não disse mais nada além do nome de Astrid, mas a loira conseguiu compreender o que ela queria e seu corpo começou a se movimentar em direção a cama. Astrid se sentou ao lado de Valka que a surpreendeu com um abraço apertado.

O choro de Valka aumentou, as lágrimas molhavam os cabelos de Astrid, assim como parte de sua roupa, mas a menina não se importou, ela sabia que sua tia precisava desabafar, assim como ela fez quando gritou e socou a rocha na clareira.

As duas passaram alguns minutos assim, abraçadas com Valka chorando no ombro de Astrid, que por sua vez se mantinha séria, as lágrimas simplesmente não surgiam em seus olhos, e ela não iria forçá-las.

- Meu...menino, o que...eu..vou fazer...sem..o...meu....menino – Valka disse em um sussurro após um tempo, sua fala estava lenta e pesada devido ao choro incessante – mataram...o meu...menino.

Dragões: O príncipe e a caçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora