Capítulo 46 - Deixa eu te explicar

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– O que eu acabei de ouvir, é verdade? Você é o Soluço? – Astrid perguntou com sua atenção voltada totalmente para Soluço.

– Astrid eu..

– Me responde – ela gritou com raiva.

– Sim – Soluço abaixou o olhar – eu sou.

Astrid respirou fundo enquanto as lágrimas surgiam em seus olhos, mesmo ouvindo a resposta, ainda não acreditava, não podia ser verdade.

– Eu acho que vou fazer uma ronda em algum lugar longe daqui – com um sinal, Andre Barn chamou seu dragão e montou nele, alçando voo em seguida, deixando os dois em silêncio.

– Você mentiu para mim – Astrid disse após um tempo – você me enganou.

– Não foi minha intenção – Soluço ergueu o olhar para Astrid – eu quis te contar a verdade.

– Mas não contou – ela o cortou seca – você preferiu usar uma máscara ridícula e um nome mais ridículo ainda – ela riu sem humor – agora tudo faz sentido, acho que no fundo eu já sabia, eram coincidências demais, você sempre se esquivava das minhas perguntas e se lembrava de muitos detalhes de Berk, você é alérgico a amoras, você cozinha muito bem, odeia risengrod, desenha e inventa coisas, passa a mão no pescoço quando está nervoso e gagueja quando faz isso e sempre fala gesticulando muito as mãos, me chama de Hofferson quando quer me provocar e me chamou de M'lady. A cor do cabelo e a cor dos olhos, não podia ser tudo coincidência, mesmo assim eu me apeguei a isso, porque era impossível ser você, era impossível que você tivesse feito isso conosco, comigo.

– Eu entendo que você esteja brava.

– Ah, entende? – Astrid perguntou sarcástica – Como você pode fazer isso comigo? Você fez todos acharem que estava morto, eu não acredito nisso, não acredito que eu fui tão idiota, pensando em você todos esses anos, sofrendo por você enquanto você estava aqui o tempo todo. Eu ainda me abri para você, enquanto você fingia não saber de nada. Foi divertido para você? – Astrid o olhou de forma acusatória – Me ouvir falar sobre o quanto a sua morte me destrui? Você se divertiu me fazendo de boba?

– Não, claro que não, eu nunca quis te magoar ou te machucar – Soluço deu um passo tentando se aproximar de Astrid, mas ela recuou – deixa eu te explicar.

– CALA A BOCA – Astrid vociferou – eu não quero ouvir uma palavra sequer sua, eu não quero ouvir nada, porque nada vai justificar o que você fez, nada.

– Astrid, eu..

– Fica longe de mim – Astrid falou pausadamente deixando ainda mais evidente sua raiva. Ela se virou e voltou a entrar na floresta.

Após alguns passos, começou a correr, queria sair dali, queria ficar o mais longe possível do Soluço. Astrid não reparou para qual direção ia, nem se importou com os galhos em que batia, ela só se importava em ir para o mais longe, se pudesse sair da ilha apenas correndo, faria isso.

Após um tempo, sentiu suas pernas queimarem de dor devido ao esforço que fazia ao correr tão rápido e por tanto tempo, suas pernas fraquejaram e ela caiu ajoelhada no chão. Se arrastou até uma árvore e se sentou apoiando suas costas no tronco, ela abraçou os joelhos, escondeu seu rosto entre eles e se permitiu chorar ainda mais.

Astrid chorava tanto que seu peito doía e a sensação que tinha era de que seu próprio coração iria sair junto com as lágrimas. Ela ouviu passos pesados e ergueu a cabeça já pronta para brigar com Soluço, mas para sua felicidade não era ele e sim Tempestade que se aproximava dela com uma feição preocupada.

O que aconteceu? Você não está bem – Tempestade caminhou até Astrid e sentou em frente a ela – Você está com dor? Está machucada?

Dragões: O príncipe e a caçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora