Capítulo 28 - Um anúncio a se fazer

291 21 34
                                    

Astrid estava sentada na cama fitando a janela fechada, ela podia ouvir o barulho do vento contra a madeira e sentir a brisa gelada que entrava pelas frestas, assim como via a pequena vela em cima de uma mesinha já se apagando, fazendo o quarto ficar quase totalmente escuro, sendo tomado pelas sombras.

Ela ouviu um ronco baixo e sentiu a cama mexer, ela se virou para trás, vendo Magnus dormindo tranquilamente, ao olhar o rosto calmo dele, Astrid sentiu seu estômago embrulhar e instintivamente abraçou o seu corpo.

"Suja."

Ela pegou um cobertor e o passou pelos seus ombros, se levantou e caminhou até a janela a abrindo em seguida, fechou os olhos ao sentir o vento tocando sua pele e respirou fundo tentando se acalmar.

"Suja."

Começou a rezar aos deuses, tentando ignorar a maldita voz, mas como ignorar algo que está em sua própria cabeça?

Desde o momento em que havia aceitado se casar com Magnus, ela sabia que isso aconteceria, era inevitável, ela sabia que teria que cumprir o seu papel de esposa, mas nunca imaginou que se sentiria tão mal. Mesmo ciente e aceitando o que aconteceria, ela se sentiu invadida, exposta, suja.

"Suja."

Ela levou uma das mãos até abaixo de seu ventre, estava com dor, se sentia incomodada, não conseguia entender como algumas pessoas pareciam gostar daquilo, era horrível. Magnus não havia sido violento com ela, mesmo assim ela se sentia vulnerável, fraca, machucada.

Astrid ergueu o olhar para o céu vendo a En Som Flyr, era incrível como independentemente de onde ela estava, ela sempre conseguia ver a estrela e assim se sentir mais calma.

Ela inspirou o ar gelado uma última vez antes de fechar a janela e voltar para cama, para o lado do seu marido.

*

*

O dia havia acabado de amanhecer quando Soluço e Banguela pousaram na porta de casa. Os dois entraram em silêncio em casa, mas se assustaram quando viram Andre Barn na sala em pé os esperando.

- Que susto – Soluço levou a mão ao coração e puxou o ar com força – o que faz aqui?

- Eu moro aqui.

- O quê? – Soluço franziu o cenho confuso – E sua casa?

- Continua do mesmo jeito e no mesmo lugar, mas eu preferi ficar aqui, já que alguém tinha que ficar de olho no chefe inconsciente – Andre Barn o olhou sugestivamente.

- Você fala como se tivesse tido trabalho, eu só dormi o tempo todo – Soluço deu de ombros.

- Dá próxima vez te deixo sozinho.

- Pode deixar, eu tenho o Banguela – Soluço tentou a cariciar a cabeça do dragão, mas Banguela se afastou.

- Estou vendo, mas isso não vem ao caso, estou decepcionado com você.

- O que esperava Andre? Que eu ficasse aqui de braços cruzados enquanto a minha filha está em algum lugar que só Thor sabe?

- Você acha que estou bravo por você ter saído? – Andre Barn o encarou.

- Não está? – Soluço questionou confuso.

- Claro que não, eu te conheço, sei que sairia na primeira oportunidade como fez ontem, estou bravo porque você não me chamou para ir com você, Soluço você ainda está fraco, não pode sair sozinho, e se algo acontecesse com você? SE você desmaiasse e caísse do Banguela?

Soluço passou a mão no pescoço enquanto abriu um sorriso sem graça, sabia que o cunhado tinha razão, ele ainda não estava recuperado, se sentia fraco e diversas vezes se sentiu tonto.

Dragões: O príncipe e a caçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora