Capítulo 30 - Um preço alto demais

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Astrid acordou com uma mão tocando seus cabelos de forma carinhosa e ela continuaria deitada aproveitando o carinho se não fosse por quem era o responsável por tal ato, ela podia se permitir receber carinho de qualquer pessoa, menos dele.

Astrid se levantou num sobressalto se sentando na cama e puxando a coberta consigo para tampar seu corpo que estava nu.

- Desculpa, eu não queria te acordar – Magnus abriu um sorriso gentil enquanto admirava a esposa – eu já disse que você é a mulher mais linda de todo o arquipélago?

- Já – Astrid respondeu sem emoção.

- Eu estava esperando você acordar, queria me despedir.

- Já vai viajar?

- Sim, eu não queria ir, não depois do que eu fiz com você – Magnus abaixou o olhar envergonhado – eu sinto muito meu amor, sinto muito pelas palavras que eu disse, pelo que eu fiz.

A voz de Magnus estava fraca, parecia se segurar para não chorar.

- Mas falou, mas fez – Astrid disse seca sem olhar para o marido.

- Eu vou te compensar eu juro – Magnus ergueu o olhar para Astrid enquanto segurava de repente suas mãos, a fazendo se assustar com o movimento repentino – quando eu voltar da Ilha dos Berserkers, você vai ver, eu vou agir diferente.

- Você sempre fala isso, você sempre diz que vai mudar, que não vai fazer de novo, mas é só você ficar bravo ou irritado que as coisas começam outra vez – o tom na voz de Astrid era de acusação e mágoa.

- Eu sei, eu tento, mas quando eu vejo, é mais forte do que eu, por favor Astrid, não desiste de mim – Magnus apertou mais as mãos de Astrid enquanto olhava nos olhos dela, seu olhar demonstrava todo o arrependimento que ele sentia por ter machucado a esposa.

- Não vamos falar sobre isso agora, você precisa ir, se quiser chegar cedo – ela forçou um sorriso enquanto se livrava do toque dele de forma sutil – eu vou preparar algo para você comer.

Ela fez menção de se levantar, mas Magnus a impediu segurando em seu braço.

- Não, eu farei isso, fique aqui, é o mínimo que eu posso fazer – Magnus de um rápido beijo em Astrid e saiu do quarto.

Assim que Magnus se retirou, Astrid se abraçou se cobrindo ainda mais com o cobertor, ela estava tão cansada de tudo aquilo, era sempre a mesma coisa, eles brigavam e depois ele pedia perdão, jurando que iria mudar.

Astrid nem se lembrava qual foi o motivo de eles terem começado a briga da noite anterior, como se precisasse de motivos. Bastava Magnus estar bêbado, chateado, bravo ou irritado com alguma coisa, ele sempre descontava nela e como sempre eram os mesmos assuntos. Ele sempre a culpava por não ter dado ainda um herdeiro a ele, dizia que ela fazia de propósito para que Zephyr assumisse o posto de chefe quando ele morresse. Era o momento em que ele começava a descontar suas frustrações em Zephyr e Astrid a defendia, era quando a briga ficava mais séria, mais violenta e ambos saíam machucados, principalmente Astrid.

Então Magnus fazia valer seus direitos de marido e depois que estava satisfeito e feliz sempre vinha com a conversa do arrependimento, da mudança, das promessas que Astrid sabia que ele nunca iria cumprir.

Astrid se encolheu na cama se cobrindo ainda mais com o cobertor enquanto as lembranças invadiam sua mente, ela se lembrava com clareza de quando aquele inferno em sua vida havia começado.

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Astrid havia acabado de colocar Zephyr para dormir, a pequena bebê estava com pouco mais de um ano, ela depositou um leve beijo na bochecha da filha e saiu do quarto silenciosamente.

Dragões: O príncipe e a caçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora