Astrid estava de joelhos em frente a mesa comprida e de costas para o povo de Gjemme. Fazia alguns minutos que estava assim, mas a sensação que tinha, era de que já havia passado horas. A cada minuto que passava ela ficava mais nervosa e os comentários que ouvia do povo piorava tudo.
Ela respirou fundo, tentando não demonstrar medo, mas a verdade é que ela estava apavorada. Nunca teve medo de morrer até encontrar a Zephyr, depois que encontrou a filha, sabia que não podia deixá-la sozinha, mesmo assim, ela não se preocupava tanto com sua morte, afinal ela era uma caçadora, enfrentava diversos dragões e mesmo assim, sempre ficava bem. Ela acreditava que os deuses poupavam sua vida por causa da filha, porque se Astrid morresse, a menina ficaria desprotegida, mas agora era diferente, Zephyr tinha um pai, um tio e um povo que com certeza cuidaria dela, os deuses não precisariam mais poupá-la.
Ao pensar nisso, começou a sentir suas mãos tremerem, abaixou a cabeça e passou uma na outra, tentando disfarçar, tentou se concentrar em outra coisa, tentou não pensar no fato de que ela morreria, mas não conseguia, porque era exatamente isso que iria acontecer. Ela iria morrer executada por tentar matar seu melhor amigo, seu noivo e seu amor de infância. Como ela sempre dizia, os deuses amavam uma ironia.
Os pensamentos de Astrid foram interrompidos ao ouvir a porta do local ser aberta. Ela ergueu a cabeça e se virou, vendo Soluço entrar no Salão. Ele segurava alguns papéis, sua expressão estava séria e ele manteve o olhar a sua frente durante todo o caminho até a mesa, em nenhum momento olhou para ninguém.
Rodeou a mesa e se sentou na cadeira do meio, entre Andre Barn e uma mulher mal encarada.
Astrid sentiu seu coração gelar, Soluço parecia bravo, foi quando percebeu que ele poderia querer ela morta, ainda mais agora que ela já tinha contado a verdade para Zephyr.
Soluço olhou para Astrid e abriu um sorriso que quase passou despercebido, mas foi o bastante para ela se tranquilizar. Sabia que ele não ia deixá-la morrer.
Soluço sinalizou para Noen, um homem que estava em pé próximo a mesa. Noen tocou um címbalo, fazendo todos no local ficarem em silêncio.
– Vamos iniciar o julgamento da mulher que tentou assassinar o príncipe – Noen disse em um tom de voz alto para que todos fossem capazes de escutar.
– Astrid – Soluço disse sério – o nome dela é Astrid.
– Claro, senhor – Noen abriu um sorriso sem graça e voltou sua atenção para as pessoas – acredito que todos aqui saibam que a Astrid – enfatizou – tentou assassinar o príncipe.
Os Gjemmeanos começaram a conversar entre si e mais uma vez o címbalo foi tocado os fazendo se calar.
– Segundo as leis de Gjemme, tentativa de assassinato contra o chefe é passível de morte por execução.
– Execute-a – um homem gritou.
– Mate-a – foi a vez de uma mulher gritar sendo seguida pelos demais.
– SILÊNCIO – Noen gritou bravo – vamos começar com o relato do que aconteceu. Temos várias testemunhas que dizem ter visto esta mulher, atacar o príncipe com socos e logo em seguida cravar um pedaço de ferro em sua barriga. Mas antes de iniciarmos a votação, vamos ouvir a Astrid, que segundo o príncipe, se arrependeu do que fez.
Astrid olhou para Soluço que a olhou sugestivamente indicando que ela precisaria parecer arrependida.
Um guarda se aproximou dela e a segurou pelos ombros, a levantando. Ela fitou seu olhar em Soluço, sabia que se olhasse para qualquer outra pessoa, ficaria nervosa, mas com ele era diferente, bastava olhar para ele que ela ficava mais calma.
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Dragões: O príncipe e a caçadora
FanfictionPor causa de uma profecia, Soluço e Astrid foram prometidos um ao outro desde que nasceram, era dever deles salvarem Berk juntos e se salvarem, mas algo os separou quando eram apenas adolescentes, os levando para lugares e pensamentos opostos. * Sol...