Harry acordou, mas se recusou a abrir os olhos. Seu corpo todo doía, e ele temia que a dor aumentasse se ele se mexesse. Harry contou até dez mentalmente antes de abrir os olhos, e quando o fez, a claridade do mundo não ajudou. Enquanto seus olhos se ajustavam com a claridade, Harry tentou se lembrar do que havia acontecido.
- por que caralhos eu não morri? - Harry não pretendia ter dito isso em voz alta, era para ser um pensamento, mas as palavras saíram de sua boca antes que ele pudesse evitar. Ele se lembrou de estar fugindo de Voldemort, e se lembrou da sala de poções.
Harry tentou se sentar, e como ele havia previsto, se mexer aumentou sua dor. Ele não notou quando alguém se aproximou, e se assustou ao sentir um frasco ser colocado em sua mão. A dor era tão forte, que doía até mesmo para virar a cabeça.
- é uma poção para a dor - Tom respondeu, quando notou que Harry estava tentando olhar em sua direção.
Harry reconheceu a voz. Ele se esforçou para ignorar a dor, e se virou para encarar os olhos vermelhos. Voldemort sorriu para ele, mas o sorriso parecia triste. Harry se perguntou o porquê de ele estar triste, e as memórias de sua "segunda infância" tomaram conta de sua mente. Harry não acreditou em nenhuma delas.
Voldemort já havia colocado memórias falsas em sua mente antes, quando o fez sonhar com aquele lugar no ministério, o que o impedia de fazer isso de novo? Harry não conseguia acreditar que o Lorde das Trevas tivesse paciencia para cuidar de uma criança, especialmente dele.
- se você não tomar a poção, ela não faz efeito - Tom comentou. Ele já estava estressado com o fato de Harry ainda estar com dor.
O adolescente encarou a poção em sua mão, intencionalmente ignorando o Lorde das Trevas. Harry podia sentir que a poção era uma poção de cura. A cor estava certa, assim como o cheiro, a textura e até mesmo a temperatura do liquido. Ele não confiava em Voldemort, mas se ele o quisesse morto, Harry não teria se dado ao trabalho de tentar se matar.
Contando até três mentalmente (ele pretendia contar até dez, mas mudou de ideia porque sabia que em dez segundos daria tempo de desistir), Harry levou o frasco aos lábios e bebeu a poção, que tinha exatamente o gosto que uma poção de cura deveria ter.
A dor foi embora de seu corpo instantaneamente. Harry sabia que era uma poção para a dor, mas não esperava que fizesse efeito tão rápido. Severus realmente havia se superado. Severus? Desde quando ele se referia ao mestre de poções por Severus?
Harry sentiu uma vontade inexplicável de olhar para Voldemort, mas resistiu. Ele sabia que se olhasse para os olhos vermelhos de novo, ele poderia começar a acreditar nas memórias falsas que Tom havia colocado em sua mente.
- você... Se lembra de alguma coisa? - Tom perguntou, não conseguindo controlar sua curiosidade.
- eu deveria? - Harry perguntou de volta, se arrependendo logo em seguida. Ele lembrava vividamente do crucio que recebeu da ultima vez que falou com Voldemort nesse tom, se bem que não foi o Lorde das Trevas quem o havia machucado, e sim os comensais.
- sim, você deveria - Tom respondeu. Ele não iria admitir que sentiu seu coração apertar ao descobrir que Harry não se lembrava dele - talvez Severus consiga fazer uma poção para trazer suas memórias de volta - ele comentou, mais para si mesmo do que para Harry - você realmente não se lembra? - Tom perguntou, apenas para ter certeza.
- se você está se referindo às memórias falsas que você colocou em mim, sim, eu me lembro, mas isso não significa que eu acredito que o Lorde das Trevas decidiu brincar de casinha comigo - Harry queria dizer que não se lembrava, mas não conseguiu. Algo dentro dele o impedia de negar a existência dessas memórias, mas nada tiraria seu sarcasmo de si.
Harry esperava um crucio, ou pelo menos algumas palavras rudes, por sua falta de educação, mas o Lorde das Trevas apenas riu. Não o tipo de risada que você dá ao ouvir uma piada engraçada, mas o tipo que acontece quando você se sente aliviado, quando as coisas parecem estar dando errado, mas tudo se resolve no ultimo segundo. Harry não gostou desse som.
- você se lembra! - não foi uma pergunta, e sim uma afirmação. Tom sentiu que precisava dizer em voz alta, para se convencer de que era verdade.
- sim, mas não significa que eu acredite - Harry respondeu.
- tudo bem, não importa. Com o tempo você perceberá que é verdade.
- seu otimismo me emociona, Tommy - Harry não resistiu. O Lorde das Trevas, Voldemort, estava agindo como se realmente estivesse aliviado, e isso estava assustando Harry. As memórias não podiam ser verdade. Harry não podia gostar de Tom, simplismente tinha que ser mentira. Harry se recusava a acreditar que Voldemort tinha sentimentos, especialmente para com ele. E se Harry tivesse que usar sarcasmo para ignorar os sentimentos falsos que as memórias lhe davam, Tom teria que aprender a lidar com isso.
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Bad Ideia
FanfictionVoldemort não podia matar Harry Potter, pelo menos, não até que ele descobrisse a profecia que apenas Harry sabia. Harry preferia a morte. Ao ser sequestrado por Voldemort, Harry tenta fugir e acaba em uma sala de poções, onde ele tem a brilhante...