Capítulo 1

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Eu sei que não devia estar fazendo isso, mas eu não ligava.
Comecei a correr pelas ruas, porque estava atrasada, e eu não podia falhar de jeito nenhum.
Aquela era a escola de heróis com o teste mais difícil do país, mas ainda assim eu queria entrar nela.
Eu ia entrar nela.
Mesmo que meus pais não soubessem que eu tinha me inscrito pra aquele teste.
Não parei de correr nem quando eu cheguei ao prédio. Continuei em máxima velocidade até chegar a sala onde os candidatos pro teste esperavam.
Me sentei em um lugar vago e enfim pude recuperar o fôlego.
- Eles ainda não começaram- disse uma menina que estava sentada ao meu lado- Pode ficar tranquila, essa recepção sempre demora.
Olho pra ela. Ela estava de braços cruzados e os pés em cima do encosto da cadeira da frente. As asas brancas se destacando em relação às roupas escuras.
- Como sabe disso?- pergunto e me ajeito no encosto.
- Ah eu já escapei pra assistir às dos anos anteriores- ela da de ombros e estica a mão- Sou Luna Aizawa. Candidata pro primeiro ano da U.A.
- Anami Haimawari- respondo, um pouco no automático - Também pro teste do primeiro ano.
Aquele não era o meu sobrenome real. Mas sim o da pessoa que me ajudou chegar até ali. Era uma longa história...
Eu, na verdade, me inscrevi em várias escolas com cursos de heróis. Mas a U.A exigia umas categorias a mais então, de primeira, eu não criei coragem pra me inscrever pro teste.
Então eu decidi faze-lo em uma escola de heróis em Tokio. E, pra variar, eu estava muito atrasada pro meu teste. Então eu estava correndo pela rua sem prestar atenção em nada e, quando eu vi, um cara louco passou com uma bicicleta e uma bolsa. Atrás dele, corria uma mulher, provavelmente a dona da bolsa. Eu não sei o que deu em mim. Meu corpo se moveu sozinho e antes que eu percebesse, eu estava trás do ladrão. Consegui por pouco agarrar o banco da bicicleta e fazê-la virar, de modo que o cara que dirigia ela foi jogado pra longe.
E eu não era a única em cena.
Vindo mais rápido do que eu consegui processar, um homem com um moletom do All Migth apareceu e pegou a bolsa dele, a devolvendo pra moça.
Agradeci silenciosamente a ele, porque aquilo foi incrível, e estava prestes a seguir meu caminho quando ele me chamou.
- Ei garota, bom trabalho.
Eu me virei e o vi erguer os dois polegares pra mim. E então os meus planos caíram por terra. Eu tinha sido reconhecida por um herói talvez...
- Ah, não foi nada de mais. Mas o que você fez ali foi incrível!- respondi.
- Bom, eu espero que você use isso pra se tornar uma heroína. Você tem muito potencial - ele inclina a cabeça e sorri meio que pra si mesmo.
Baixo o olhar.
- É. Eu também queria isso, mas eu não tenho treinamento nenhum da minha individualidae então... acho que eu não tenho chance nas maiores.
Ele põe uma mão no meu ombro.
- Ei, olha, eu sei como é. Eu sou conhecido por aí como o Crawler. Se você quiser e tiver tempo, eu posso te dar umas dicas- ele pega um papel no bolso e me entrega- Porque eu só sou o que sou agora, por causa de treino- ele da de ombros - E nem herói eu sou.
Ele foi embora em um piscar de olhos, mas aquilo realmente me motivou.
Então eu me inscrevi na U.A com o sobrenome dele e com a sua assinatura como meu responsável ( ele sabe que eu fiz isso, afinal ele era meu treinador, mas eu tive que mentir pros meus pais que nada disso era necessário).
E aqui estava eu prestes a fazer um dos testes mais difíceis de se passar no país.

Eu não sei direito o que aconteceu durante o teste. Eu só comecei a correr por aí evitando ser esmagada por aquelas máquinas insanamente gigantes.
Ah isso e tentando chamar qualquer espécie de ajuda. Minha individualidade era poder controlar espíritos, então eu podia chamar qualquer coisa morta pra me ajudar. Mas isso era meio difícil de fazer dependendo do lugar em que estava.
Isso também me conferia a habilidade de me tornar um espírito, de forma que eu era praticamente invencível. Mas eu não podia controlar aquelas coisas.
Mas eu podia evitar que os outros se machucassem. Afinal, aquilo era um curso de heróis. Parte do objetivo daquilo não podia ser só socar peças de latão enormes. Salvamentos deveria ser uma parte "implícita". Ou eu esperava isso.
Um garoto a minha frente parecia que havia desistido, e só estava lá, sentado, na frente de uma máquina assassina enorme.
- Ei! Sai daí! Você ficou louco!?- grito mas ele nem sequer olha pra mim. Então eu saio disparando na direção dele e o tiro do caminho da máquina antes de ele ser pisoteado.
Saímos rolando por um trecho da calçada e eu me viro pra ver um batalhar de espíritos na minha frente.
- Agora vocês vêm né?- sussurro e me viro pro garoto na minha frente - E aí? Acordou pra vida?
Ele inclina a cabeça e da de ombros.
- Olha isso é um teste de admissão. Aquelas coisas não vão matar ninguém- ele aponta pros robôs- Além disso, eu já me conformei que eu não vou passar.
Ergo uma sobrancelha.
- Derrubem aquela coisa- digo ao meu mini exercito particular e aponto com a mão aberta na direção do robô do apocalipse que tinha acabado de passar. Depois me volto pra pro garoto na minha frente - Como você sabe se nem ao menos está tentando?
Ele se levanta e aponta frustrado ao redor.
- Minha individualidade só funciona em pessoas! Como quer que eu ajude alguém ou faça alguma coisa sobre algo que não tem vida!?
Alguma coisa no fundo da minha mente pareceu piscar e se apagar em instantes e, quando eu respondi, o garoto arregalou os olhos pra mim.
- Usando pessoas. Isso pode parecer meio egoísta, mas eles contabilizam por ações próprias. Se você deixar claro o que está fazendo, você passa- me viro pra ver os meus espectros finalmente levando aquele robô ao chão- Ou, como no meu caso, salvando as pessoas distraídas.
- Espera, como você não....?- ele começou a dizer e então eu percebi o que tinha acontecido.
- Espera, você tentou usar sua individualidade em mim?- dou uma risada seca - Nossa você é rápido cara!
Balanço a cabeça.
- Individualidades de controle não tem efeito em mim. O meu poder barra elas, por assim dizer- estico a mão pra ele- Sabe, nós podemos trabalhar juntos pra passar se você quiser...
- Tudo bem- ele diz, ignorando o meu jesto e levantando sozinho - Eu me viro - ele sorri, de um jeito meio assustador - Como você falou, é melhor eu me mexer se quiser passar.
Ele sai correndo pra rua e eu vou atrás dele pra continuar o meu teste.

Rainha FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora