Rainha Fantasma

Capítulo 60

Eu saí do portal pra o alto de um prédio. Pousado no telhado havia um cubículo mecanizado feito de vidro. Diante dele, Shizuka e Hitoshi me esperavam.
Arregalei os olhos ao ve-los. Não esperava que estivessem ali.
- Achei que você estaria lá embaixo Toshi- disse e me volto pra minha amiga- E que você estaria na fortaleza do Shigaraki.
A loira sorri pra mim e abre a porta da cápsula.
- Querida alguém tem que ficar te monitorando enquanto está inacessível fisicamente. Então fiz questão de que fosse eu.
- E ela me contou onde você ia estar, afinal- Toshi cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha pra mim- Então eu fiz questão de ficar nas proximidades pra você não fazer nada idiota.
Baixo o olhar. Mordo o lábio.
- O que quer dizer?- pergunto, já sabendo o que ele ia responder.
- Você já quase morreu duas vezes e eu não pude estar lá pra fazer nada- ele diz e se aproxima, colocando uma mão em meu rosto e me fazendo olhar em seus olhos- Então agora eu quero estar ao seu lado como você sempre esteve do meu.
Sinto minhas bochechas corarem. Acho que cada toque ou declaração dele ainda me fazia sentir profundamente tocada. Sempre faria.
- Obrigada mas os outros também vão precisar de você- digo e lhe puxo pra um abraço- Eu vou ficar bem. Prometo.
Ele me envolve com força em seus braços e encosta a cabeça em meu ombro. Ficamos assim por um momento antes de ele me soltar.
- Se cuida.
Dou um beijo em sua bochecha antes de seguir pra minha cabine.
- Você também.

Era estranho ficar sentada naquela caixa de vidro. Ela tinha um mecanismo que a permitia voar e Shizuka o controlava de cima do telhado do prédio que eu sobrevoava.
Ironicamente, eu não era fã de alturas. Mas assim que eu respirei fundo e entrei no espectro fantasma.
No meio de heróis e vilões, a aura de todos que se foram na batalha anterior pairava com força em toda parte. Tudo o que eu faria seria lhes dar poder de intervir e ajudar. Também os coordenaria e ficaria mandando instruções pros meus amigos também por meio do meu comunicador.
Ainda assim, aquilo iria ser exaustivo. E era por isso que eu enxi uma dúzia de abelhas injetoras com cafeína pra me manter acordada e com energia. Outras abelhas também ficariam pairando ao meu redor na cúpula pra me defender caso alguma coisa acontecesse ou alguém se aproximasse.
- Oboro- chamei e o espírito do meu irmão apareceu, flutuando a minha frente em uma nuvem. Sorri pra ele- Chegou a hora de mandar ver.
Ele fez uma reverência teatral.
- A suas ordens maninha.
- Na verdade você é quem vai receber menos ordens minhas- aponto com uma mão pra atrás dele- Você e a Midnigth vão fixar monitorando todo o campo de batalha pra prestar auxílio em momentos críticos. Subir o uma atenção especial ao campo de foca em que o Shigaraki está.
Meu irmão ser vira lentamente pra encarar a super heroína atrás dele. Ele ficou todo vermelho e com os olhos lacrimejantes.
- Nemuri, quanto tempo- ele diz e ergue ímã mão na direção dela. Então parece perceber que aquilo era estranho e abaixa o braço- Mas eu não esperava te ver tão cedo assim.
Ela sorriu em resposta. Minha professora parecia muito mais nova e usava um traje diferente do que eu acostumada a ver. Fantasmas se manifestavam de acordo com a base da essência de uma pessoa, então mesmo que ela morresse velha, poderia aparecer como uma criancinha. A Midnigth parecia ter a idade do Oboro quando morreu e parecia estranho chama-la de professora agora.
- É isso que nós heróis fazemos seu bobão- ela passa um braço em torno de seus ombros e se volta pra mim- Você está ótima Anami.
- Obrigada- respondo- Agora vão. Eu preciso contatar ainda mais umas pessoas.
E foi isso que eu fiz. Um a um os super heróis foram aparecendo a minha frente e eu fui lhes dizendo o que deveriam fazer e onde, enquanto eu observava meus amigos lá embaixo.
Até que ouvi uma coisa preocupante no meu comunicador mundano.
- Eles levaram o Deku!- disse a voz do Bakugo.
Meu coração falhou uma batida. Aquilo não era bom.
- Oboro, situação!- digo e a voz do meu irmão ecoa na minha cabeça.
- Parece que uma espécie de portal trocou ele de lugar com a sua amiga Luna.
Eu não sabia o que era pior. O Midorya não estar onde deveria, ou a Luna ter sido colocada no pior cenário possível.
- Sir!- digo enquanto o Sir Nigtheye se materializa a minha frente. Eu sinceramente queria deixar isso pro final, mas parecia que eu não tinha escolha- Preciso que faça a previsão na Luna. Eu quero ver no que isso vai dar.
Ele ergue uma sobrancelha pra mim.
- Não seria mais lógico fazê-la no Midorya.
- Não- explico- Porque vai ser coisa de mais pra absorver se ele te vir e o One for All vai turvar a sua visão, porque o que acontece dentro da cabeça dele, você não pode prever. A Luna vai estar perto o suficiente do Shigaraki pra prevermos os movimentos de ambos.
Então eu me dei conta do que tinha acabado de dizer.
- Sir, seria de algum modo mais prudente usar a previsão no próprio Shigaraki?
Ele parece ponderar por um instante. Então balança a cabeça.
- Se o One for All afeta a visão das ações do Midorya, o All for One também vai interferir na do Shigaraki. Ainda mais agora que a consciência dele e do All for One estão fundidas. Creio que você esteja certa em analisar a sua amiga se ela ficar mesmo cara a cara com ele.
Engulo em seco. Não era pra ela estar lá. Mas parecia que não tínhamos nada que pudéssemos fazer. Então ela não tinha escolha senão enfrentar o Shigaraki e o All dor One de novo.
Liguei meu comunicador com ela.
- Que droga, Luna- mordo o lábio- Eu estou enviando o Sir pra te ajudar, mas por favor toma cuidado.
Ela demorou um pouco pra responder.
- E quando é que eu não tomo.
Balanço a cabeça.
- Tudo bem. Boa sorte Phoenix.
Ouvi uma risadinha quando disse o nome de herói dela e o chiado do microfone desligando.
Em seguida eu liguei o comunicador com o Bakugo.
- Você viu né?
- Tá tudo uma merda por aqui!- ele me disse, meio ofegante- E cadê o Deku?!
- Com a Uraraka por algum motivo- digo e franzo a testa ao olhar mais atentamente lá embaixo- E isso não é o pior. Parece que a coisa tá bem ruim pro Todoroki também.
Ele xingou e em seguida eu ouvi o som de uma explosão, que encerrou a ligação.
Respirei fundo. Aquela manhã iria ser muito mais longa do que eu esperava.