Capítulo 13

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Percebi que, na verdade, eu não estava bem assim que eu cheguei na enfermaria e vomitei qualquer substância sólida que havia no meu estômago.
Também percebi, depois de me recuperar e a Recovery Girl me curar, que a Shizuka tinha ficado sentada por perto, me observando.
- Você está bem? Eu vi o que aconteceu lá e vim ver como você estava.
Sorri pra ela. Ela havia ficado tão silenciosa que não havia reparado nela até ela se pronunciar .
- Estou. Só acho que manter o Oboro por tanto tempo me esgotou.
Ela abriu a boca pra falar alguma coisa quando foi interrompida pela professora Midnigth, que parecia ter tirado uma pausa antes da repartidas finais.
- Você está bem mesmo Anami? Você não parecia bem lá...
- Eu estou. Mesmo- reforço.
Um silêncio desconfortável se abateu sobre nós três.
- Como ele está?- ela pergunta, depois de um momento, se sentando ao meu lado.
Sorrio depois de entender que ela nos queria saber somente sobre mim.
- Bem. Ele mesmo disse pra ir embora, porque parece que manter ele aqui por tanto tempo me esgotou - dou de ombros- Não sei como ele era na época de escola, mas não creio que tenha mudado muito.
Ela sorriu e assentiu.
- As vezes eu gostaria de ter feito mais por ele- ele ergue o olhar pra Shizuka - A amizade é uma das coisas mais valiosas que se pode ter. E muitos só o percebem quando a perdem.
- Você é muito sabia professora Midnigth- diz minha amiga e da uma risadinha seca - Quer ser minha tia no lugar do Mic?
A Midnigth balança a cabeça e morde o lábio.
- O Hizashi é legal. Só se empolga um pouco.
- Ou muito - minha amiga revira os olhos, se levanta e estende as mãos pra mim - Bom, está melhor pra ir assistir a Luna ganhar esse festival?
Aceito a ajuda e faço que sim.
- Vamos lá. Eu tô doida pra ver ela esculachar a cara do Bakugo.

No final o Bakugo ganhou a partida. Por isso, durante a cerimônia de premiação, eu, Shiz e Luna fomos tomar sorvete na pequena feirinha para o público do festival.
- Você queria muito limpar o chão com a cara dele né?- perguntou Shizuka.
Luna estava quieta, apenas saboreando o sorvete com a ferocidade de um leão com fome.
- Queria - ela disse depois de um momento e se voltou pra mim - Mas mudando de assunto, você continua mentindo pros seus pais que tá no curso de heróis?
Agora era minha vez de ficar em silêncio. Depois que ela descobriu do Oboro, eu expliquei pra ela minha situação e também a minha desculpa pra entrar no festival de esportes como aluna do curso de heróis.
- Sim. E como o Bakugo ganhou eu não sei mais o que eu poderia dizer pros meus pais.
- Olha se você falar que não passou, vai ter que dar uma pequena prova de que está ainda no curso de Serviços Gerais - disse Shizuka, deixando a gente em um vácuo de silêncio pra ninguém ouvir nossa conversa.
- Olha eu até tenho uma opção, mas ela é horrível- suspiro.
- O menino do cabelo roxo lá?- Luna retruca raspando o pote do sorvete.
- É- rolo os olhos, me lembrando da minha mais recente desavença com o Shinsou da classe C- Ele se acha, mas é a única pessoa da classe de Serviços Gerais que eu conheço.
- Olha as vezes se vocês conversarem...- disse Luna dando de ombros e eu cai na risada.
- Nem ferrando! - balanço a cabeça- Acho que eu vou só continuar deixando a Midnigth me encobrir.
- Mas e quando isso deixar de dar certo?- Shizuka estava sendo um pouquinho insistente, mas eu tinha as mesmas preocupações que ela.
- Acho que eu vou ter que aceitar as consequências- falei e dei de ombros - Bom, mas vamos só continuar aproveitando as coisas enquanto durar.

Quando eu voltei pra casa, surpreendentemente meus pais estavam lá esperando por mim com uma faixa de "parabéns" e um bolo de sorvete.
- Ah querida você foi espetacular!- minha mãe disse me abraçando forte e uma parte de mim se sentiu culpada por ter escolhido continuar mentindo.
- E aí, você passou no teste?- meu pai perguntou sorrindo, mas dava pra ouvir o tom de tensão em sua voz.
- Não me falaram nada ainda- respondo e dou de ombros - Então eu acho que não passei.
Minha mãe corta uma fatia do bolo e a entrega pra mim, se sentando ao meu lado.
- Eu sinto muito Annie- ela pega o controle e liga a televisão, onde havia um vídeo do festival pausado - Bom, tenho certeza de que no próximo ano você consegue! Que tal se assistirmos suas lutas de novo?
- Vocês me gravaram então?- perguntei sorrindo. Fazia algum tempo que eu não passava um momento tão bom com meus pais.
- Claro que sim! - meu pai disse e se sentou ao lado da minha mãe, reprisado o vídeo pra uma parte em que eu aparecia flutuando - E já assistimos duas vezes antes de você chegar!
- Estamos muito orgulhosos de você- diz minha mãe e coloca uma pequena caixinha em minhas mãos- E tenho certeza de que seu irmão também está, em algum lugar.
Assenti, porque eu sabia que aquilo era verdade. Naquele momento eu quis trazer meu irmão pra falar com meus pais. Mas não sabia se aquilo os deixaria felizes ou arrasados.
Abri a caixinha. Nela havia um pingente em formato de nuvem, decorado com pedrinhas cor de prata.
- Obrigada - digo a eles e coloco o pingente, olhando em seguida pela janela pro céu escuro lá fora, imaginando onde meu irmão estaria agora. Eu só sabia que, independentemente de onde fosse, ele estaria sorrindo pra mim.

Rainha FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora