Especial de Natal- Grown up

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Assim como todo ano, eu, Luna e a Shizuka estávamos fazendo as compras de Natal. E como todo ano, a Luna estava berrando com um dos atendentes da loja pelos preços altíssimos das coisas.
- Isso aqui tá um absurdo! E ainda nos faz esperar três horas nessa fila?! Ah vai se ferrar!- ela pegou as sacolas com força e veio na nossa direção, a expressão subitamente mais calma.
- Você terminou?- perguntou Shiz erguendo uma sobrancelha pra ela.
Luna assentiu e nos acompanhou pra próxima loja.
Desde o primeiro ano do ensino médio nós fazíamos isso e agora tinha virado uma tradição: a gente tirava uma folga do trabalho pra dar um rolê só nós três e fazermos as compras de Natal.
- Amiga, o Bakugo realmente te influenciou nesses anos- comentou Shizuka, conferindo nossa lista de compras no celular.
Luna sorriu de lado pra ela.
- Ele só aumentou o que já existia.
Fiquei observando as duas discutirem com um sorriso. Aquilo tinha se tornado comum e muito familiar pra mim.
- Tomara que o Katsuki, o Hitoshi e a Kendo estejam conseguindo manter a casa de pé- comentei.
- Se eles explodirem a minha casa, eu deixo eles mutados por um mês- disse Shiz e suspirou- E com "eles" eu me referi ao Bakugo e às crianças.
Luna deu uma risadinha nervosa.
- Nem fala isso. Já aconteceu uma vez.
Minha amiga loira balançou a cabeça.
- Pelo menos você sabe como controlar. O Kenji tem a individualidade do meu tio- ela suspirou- Eu tive que isolar toda a casa acusticamente pros vizinhos não reclamarem.
Eu de novo fiquei em silêncio. A Nemuri tinha a individualidade do Oboro, que não só eu aprendera como funcionava, como era inofensiva. Às vezes ela conseguia provocar uma imensa nuvem de chuva quando ficava triste e eu e o Hitoshi tínhamos que correr pra não fazer a casa alagar. Mas minha garotinha tinha o costume de ir pro jardim quando estava triste, então eu realmente não tinha problemas com ela.
- Você sempre fica quieta né, Annie?- comentou Luna me dando um soquinho de leve no ombro.
- Nemuri é um anjo e o Toshi é bom com crianças então...- dei de ombros- Eu não tenho como me impor na conversa.
Ficamos um minuto em silêncio, apenas observando a multidão que circulava por aí fazendo compras, rindo e conversando, até eu e a Luna recebermos uma ligação ao mesmo tempo.
Ambas abrimos o celular ao mesmo tempo e percebemos que era um fórum de heróis pedindo ajuda pra quem estivesse por perto.
- Parece que nosso dia de compras foi arruinado- disse suspirando e mostrando o chamado pa Shiz- Você pode terminar aqui pra gente?
- Claro! Vão lá!- ela acenou pra gente, quando já começamos a correr - Vejo vocês daqui umas horas!

Enquanto corriamos do shopping até onde precisavam da nossa ajuda, Shizuka encomendou um drone pra trazer nossos uniformes. Então lá estávamos nós,  como heroínas profissionais encarando um cara com uma individualidade que o transformava num Godzilla.
- Potenciador de individualidade- digo sacando o chicote.
- Você consegue apagar esse babaca?- Luna pergunta, pairando acima de mim e se alongando.
Faço que sim com a cabeça e respiro fundo, invocando o enxame de abelhas pra cerca-lo e injetar vários anestésicos em áreas específicas do corpo daquela coisa.
- Ele já tá meio dopado- respondo - Vai lá que eu te alcanço.
Luna então dispara pra cima daquela coisa e eu ligo o equipamento preso às minhas costas, pra voar atrás dela. Eram um par de asas azuis finas que imitavam as de uma abelha. Eu acrescentei aquilo ao traje no meio do segundo ano pra incluir as habilidades da Abelha Rainha ao uniforme também.
Enquanto eu percorria o ar atrás da minha amiga recebi uma mensagem de vídeo pelo visor doa meus óculos. Apertei um pequeno botão pra aceitar ver o vídeo e a gravação de uma garotinha de cabelos azuis e olhos roxos apareceu. Sorri ao ver a Nemuri, falando com sua voz aguda e gesticulando calmamente enquanto uma cena de caos se desenrrolavam atrás dela.
- Oi mamãe- ela começou a dizer e fechou os olhos ao ouvir uma explosão e depois continuou - O papai pediu pra eu te avisar pra você não se preocupar com as coisas por aqui e nem com esse vilão que apareceu na cidade. A Tia Kendo tem tudo sob controle aqui - outra explosão- O Tio Katsuki tá meio estressado, mas tá tudo bem. O papai foi tomar conta do chamado desse vilão e falou pra você voltar pra casa - ela acenou alegremente pra mim - Um beijo mamãe, eu te amo!
Quando o vídeo acabou eu xinguei mentalmente e dei uma voadora, mirando um dos olhos do nosso vilão. Provavelmente Toshi não tinha visto que eu e a Luna já tínhamos respondido ao chamado no fórum.
- Luna- falei pela nossa comunicação interna- Começa a provocar ele.
Pude ver minha amiga sorrir ao longe e começar a berrar pra aquela coisa enquanto atacava ferozmente com um par de Katanas.
- Ei, lagartão! É só isso que você tem?!
Me arrependi um pouco de ter pedido isso pra ela, quando o monstro abriu a bocarra e soltou um jato de fogo nos ares. Luna desviou por pouco e eu assumi o estado de plasma pra me desviar do fogo.
Mas meu desvio durou menos do que eu esperava. Franzi a testa, frustrada. Aquilo ainda não deveria estar acontecendo e isso era má notícia...
Ordenei um enxame de abelhas pra entrar pelas narinas do Dragão gigante. Depois de sair da U.A eu tive uma ajudinha do Bakugo pra abastecer algumas abelhas com nitroglicerina. O que significava que além de anestésicos e remédios, eu tinha abelhas bomba agora.
Segundos depois, elas explodiram dentro do corpo do vilão e ele cambaleou, atordoado, fumaça saindo pelas narinas. Não foi suficiente pra derrubar ele, mas ele parecia mais fraco e distraído.
- Já cansou é?!- ouvi a voz de Luna dizer, mas minha amiga estava longe de mais atacando a fera por trás.
Sorri comigo mesma quando uma série de faixas envolveu o monstro e o puxou pra trás. Rapidamente eu voei até a frente da criatura, olhando em seus olhos.
- Foi mau ai- sussurrei e tomei impulso pra chutar ele bem no meio dos olhos, fazendo -o perder o equilíbrio de vez.
Como em câmera lenta, o lagartão caiu no chão com um estrondo, não atingindo por pouco as construções em baixo. Assim que atingiu o solo ele começou a encolher, efeito das antidrogas que eu tinha injetado nele antes.
Pousei lentamente no chão pra encarar Hitoshi entregando o vilão agora apagado às autoridades. Luna se juntou a mim um segundo depois, ofegante.
- Você chamou ele aqui?- ela perguntou pra mim quando recuperou o fôlego.
- Não- digo e suspiro - Não chamei.
Acenei pra ele e quando Hitoshi se juntou a nós ele cruzou os braços e franziu a testa pra mim.
- Eu pedi pra você voltar pra casa.
Dei de ombros.
- O recado da Nemuri atrasou um pouco.
Ele balançou a cabeça e deu uma risadinha. Então pôs uma mão em meu rosto e me deu um beijo.
- Você tá bem?
Faço que sim com a cabeça, apesar de não ser bem verdade. Eu estava exausta, mais do que o normal, mas eu não queria deixá-lo preocupado.
- Bom- disse Luna colocando as mãos na cintura e balançando a cabeça- Odeio estragar o clima, mas nós meio que temos que voltar antes que a Shizuka nos mate por deixar as crianças com ela e a Kendo.
- Seu marido tá lá também - digo estreitando os olhos.
Luna gesticulou vagamente com a mão e sorriu pra nós.
- E o que foi que eu disse?
Demos risada e a acompanhamos pra fora dali.

Rainha FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora