Capítulo 17

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Na semana seguinte, quando voltamos a escola eu quase surtei quando vi a Luna usando um tapa olho.
Eu passei reto as outras vinte carteiras e a segurei pelos ombros. Eu não sabia se a abraçava ou dava um tapa na sua cara.
- Luna! O que aconteceu com você?!
Ela apenas sorriu sem jeito pra mim e balançou a cabeça.
- Ah, um acidente durante o estágio. Mas eu estou bem, juro!
Eu não acreditava nela. E eu realmente queria perguntar o que exatamente ela tinha na cabeça pra tentar enfrentar o assassino de heróis, porque só podia ser isso o que ela estava fazendo segundo eu vi na foto no jornal. Mas, o restante da turma estava entrando na sala e eu sabia que ela não ia gostar nada se eu perguntasse aquilo na frente de todos, então eu me inclinei pra frente, meu rosto bem próximo do dela é sussurrei:
- Me encontra mais tarde na entrada do ginásio.
Ela arregalou os olhos, mas eu não disse mais nada e fui falar animadamente com a Uraraka que veio logo me procurar pra perguntar sobre meus treinos.
Obviamente eu tinha pouco a dizer sobre eles. No dia após o acidente em Hosu eu basicamente tive uma longa conversa com o Koichi sobre o incidente, e ele quase me matou quando eu disse que eu estive lá por uns minutos antes de voltar pra casa.
- Existem coisas que você tem que deixar pros profissionais por hora, Annie - ele disse, dando um sorriso torto pra mim. Estava claro que ele estava se segurando muito pra não me colocar num cercadinho monitorado.
- Eu ajudei apenas tirando as pessoas de lá. E eu nem cheguei perto do Stain- disse e baixei a cabeça- Além disso, não foi ele quem te considerou uma espécie de herói digno?
Ele suspirou. Eu sabia que o Stain tinha sido um vigilante no passado, e que o Koichi o conhecera e que ficara perplexo ao descobrir o que ele tinha se tornado. Então aquela meio que foi minha carta na manga pra deixá-lo desconfortável e encerrar o assunto.
- Ah e, você chegou a uma conclusão sobre seu nome de heroína?- perguntou Uraraka me fazendo voltar ao momento presente.
Pisco surpresa pra ela. No dia em que decidimos os nomes eu fui a única além do Bakugo que não tinha um nome bom e que não chegou na conclusão de um também. Eu só tinha conseguido pensar em " Ghost", que é fantasma em inglês, mas a Midnigth disse que ele poderia ser um pouco assustador se usado em um contexto errado. Então eu fiquei sem um nome de heroína.
Na verdade eu tinha uma segunda opção: o nome pelo qual a vizinhança de Nahurata tinha passado a me chamar nos dias em que eu participava das patrulhas com o Koichi e a Kazuho: "Anja". Por algum motivo, os meus poderes foram interpretados pelas senhorinhas fofoqueira da região como os de um anjo e, desde então, todo mundo passou a me chamar pelo neologismo feminino da palavra. Mas eu não achava que aquele fosse um nome realmente bom considerando a real explicação da minha individualidade.
- Ainda não- respondi, suspirando meio frustrada - Eu realmente preciso de ajuda quanto a isso.
- Sem problema, uma hora você chega lá!- disse Mina passando um braço ao redor de meus ombros - E pior que o Bakugo não fica!
Dei uma risadinha enquanto uma exclamação irritada se fez ouvir do outro lado da sala.
- Vem cá, vocês duas não tem medo de morrer não?- diz o Kaminari, que estava inclinado na carteira a nossa frente.
- Eu não posso morrer - digo dando de ombros.
- Se o Bakugo tentar, ele vai causar uma explosão nuclear comigo- responde Mina sorrindo animadamente - Então acho que ele sabe o quão péssima a ideia é.
- Além disso ninguém pode morrer, pra todos irmos juntos no acampamento de férias!- fala Hagakure que eu só notei que estava ali quando se pronunciou. Mesmo quando vestida ela ainda era meio invisível. Prometi a mim mesma que, sempre que entrasse na sala, eu iria localizar ela primeiro pra não me assustar com sua presença.
E aquilo era verdade. Nossa. O semestre tinha passado tão rápido que eu nem me dei conta de que as provas do final de semestre haviam chegado.
- Com toda certeza- respondo e sorrio.
- Pra você é fácil falar! Você é a segunda da sala- diz Kaminari estreitando os olhos pra mim - Só perde pra Yayorozo.
- Fazer o que - dou de ombros- Poder feminino.
- Vocês duas bem que podiam dar umas aulas pra gente- diz Jiro, se apoiando nas costas da cadeira da Momo.
- Essa é uma ótima ideia. Eu bem que estou precisando de uma ajuda em inglês- diz Sero.
- Espera, vocês estão falando sério?- diz Momo, um sorriso surgindo em seu rosto - Bom então eu acho que podemos montar um grupo de estudos, não Annie?
Faço que sim com a cabeça.
- Eu não diria que eu sou tão boa assim, mas eu ia adorar ajudar.
- É! Podemos fazer um dia na minha casa e um dia na sua - ela continuou - Eu vou pedir pra minha mãe ceder o salão de chá pra gente no sábado e...
E ela continuou a falar, toda animada, enquanto Mina ia passando de cadeira em cadeira convidando as pessoas.
Até que eu me dei conta de que "ir na minha casa" ia dar muito errado. Porque como eu ia explicar pros meus pais que eu estava estudando com o pessoal do curso de heróis?
Na saída pro almoço eu optei pela opção mais fácil:
- Oi, Koichi- digo ao telefone enquanto me sento na mesa do almoço que eu dividia com Shizuka - Você me faria um favor?
- Claro Annie! Qualquer coisa pela minha discípula!- ele me responde e eu posso ouvir a voz abafada da Kazuho me dizendo oi ao fundo.
- Eu posso levar uns amigos pra estudar aí no domingo?
- Hã, claro !- ele diz e eu ouvi um barulho metálico de panelas batendo - Só... seriam quantas pessoas?
- Umas dez?- digo enquanto vejo que mais algumas pessoas da minha sala começaram a ir até a Momo perguntar do grupo de estudos.
- Ah. Tá bom...- ele diz e faz uma pausa - A gente da um jeito.
- Valeu - Eu faço uma pausa agora- Só... eles acham que estão indo na minha casa então...
- Você não contou pros seus amigos a verdade né?- ele pergunta mas nem espera eu responder pra continuar - Tá bom. Eu uso a mentira usual.
- Obrigada, de verdade Koichi. Eu te devo mil milhões.
Ele ri.
- Tudo bem. Eu gosto de ajudar. Até mais.
- Até- digo e me viro pra Shizuka que tinha acompanhado metade da conversa até agora.
- Preocupada com as provas finais?
- Está mais pra "Preocupada em ter aceitado fazer parte do grupo de estudos pras provas finais".
- Por isso pediu emprestada a casa do Koichi- ela afirmou e assentiu - Entendi.
Suspiro e balanço a cabeça.
- Eu ainda tenho sorte de você e a Luna saberem disso. Se não eu não teria nenhum álibi ao meu favor.
Minha amiga franze a testa.
- Mas é o que você vai falar mesmo pros seus pais?
- O grupo de estudos em si já é a desculpa - falo, sorrindo - Mas eu vou falar que estou na casa do Kaminari. Por algum motivo, meus pais acham ele super responsável.
Shizuka de repente cai na risada.
- É sério?!- ela pergunta e se vira pra encarar o menino loiro sentado a algumas mesas de distância de nós. Ele estava literalmente carregando cinco telefones ao mesmo tempo, colocando o cabo USB na boca - Ela conheceu mesmo o Kaminari pra isso? Porque até eu que não falo com ele vejo que ele pode ser tudo, menos super responsável.
Dou de ombros e ambas caímos na risada.

O dia na casa do Koichi até que começou tranquilo. Eu dei uma carona pra Jiro chegar até lá e a guiei pela fachada do prédio abandonado até o seu apartamento na cobertura.
- Quando você disse que morava numa cobertura, eu não esperei isso- ela me disse e eu dei uma risadinha sem graça.
- É. Nem o meu irmão.
Sim. Aquela era a desculpa usual do Koivhi pra explicar minha ligação com ele : eu era sua meia irmã por parte de pai. Estava morando com ele e a namorada na cidade porque era mais perto da escola. E não só meus amigos, mas como todo o corpo da U.A foi enganado facilmente. Aquela era uma mentira estúpida, e ainda assim todo mundo acreditou nela.
O problema mesmo foi quando os meninos chegaram. Eles não entenderam a vibe do prédio abandonado e acharam estar no lugar errado. Então eles andaram um pouco mais no quarteirão até outro prédio, subiram até a cobertura e meio que invadiram a casa de uma senhorinha de idade.
Eu soube disso porque a senhorinha aparentemente tinha um batalhão de gatos ao seu poder e o Sero me ligou desesperado perguntando se a. Minha avó por acaso tinha um exército de felinos.
Eu e a Jiro caímos na risada e eu falei pra eles voltarem pro prédio abandonado que eu ia mostrar pra eles onde eles deviam ir.
Fora essa confusão, a gente se divertiu. Claro eu dei meio que uma aulinha particular de inglês, japonês e literatura enquanto o Koivhi vira e mecha passava pra nós servir alguma coisa pra comer.
Quando estávamos fazendo alguns exercícios eu mesma me pronunciei pra pedir desculpas pela aparência do lugar e a confusão em que os meninos se envolveram.
- Não precisa se desculpar - disse Momo sorrindo - Isso acontece!
- E o lugar é muito legal!- disse Kaminari, que roubou uma bandeja de biscoitos só pra si - Quero dizer, você pode dar uma festa enorme e não vai ter nenhum vizinho pra reclamar do barulho!
- Acredite, tem sim !- gritou Koivhi de onde ele estava no outro lado da sala- Só que, no caso, ela meio que mora comigo.
Assim que ele disse "ela" eu quase dei uma voadora nele. Porque o Mineta estava ali e a Kazuho estava a caminho. E eu sabia que agora havia 99% de chance de ele dizer um comentário impróprio, da Pop ouvir e de o Mineta ser arremessado do prédio.
Pensando melhor, aquela não era uma perspectiva tão ruim assim...
- Se esse cara conseguiu uma namorada, isso quer dizer que ainda há esperança pra gente Kaminari!- Mineta disse e eu quase cuspo água em cima do meu livro de inglês.
Kaminari dirigiu um olhar mortal pra ele e ergueu a mão. Eu o peguei pelo braço antes que ele pudesse fazer qualquer coisa.
- Não vale a pena - digo e em seguida sorrio maliciosamente- É mais fácil fazer ele achar a saída de volta pra casa sozinho.
Ele da uma risada e o Mineta começa a argumentar indignado pra alguém ajudá-lo, mas todos estávamos concentrados de mais em só ignora-lo por brincadeira.

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