Ojiro foi falar com o Midorya no nosso intervalo até a próxima prova e eu fui atrás do meu irmão.
Ou melhor, eu avancei um pouco dentro da floresta que cercava a escola, esperei uns instantes até ter me certificado de que estava sozinha e gritei com toda a força:
- OBORO!!!!!
Um segundo depois a figura iluminada e flutuante do meu irmão apareceu segurando um balde de pipoca.
- E aí Annie- ele disse e eu cruzo os braços pra ele.
- Onde você estava? Você literalmente desapareceu durante a última prova inteira.
Ele franziu a testa e engoliu em seco.
- Foi mau maninha. Eu achei que você estava se virando tão bem que eu ia te atrapalhar se interferisse - ele sorri- Então eu fui dar uma volta pela escola.
- Primeiro: você tá morto, não consegue comer - digo e tiro o vale a de pipoca das mãos dele. Ele me joga um olhar de indignação- E segundo : é claro que eu precisava de você.
Um instante de silêncio se seguiu entre nós dois.
- Achei que tivesse voltado pro seu corpo ou, sei lá, cumprido os negócios inacabados no mundo mundano nesse meio tempo- sussurro, minha voz tão baixa que me surpreendi por ele ter conseguido entender o que eu disse.
- Ah Annie - ele ergue a mão e encosta ela no meu rosto. Ou melhor, tenta encostar - Meu negócio inacabado aqui, é não ter podido te ajudar. Então, enquanto você precisar de ajuda, eu não vou a lugar algum.
Dou um meio sorriso.
- Você foi até a barraquinha de pipoca.
- Tá legal. A lugar nenhum fora da U.A- ele responde e da risada - Meu Deus, eu tô sendo uma influência péssima pra você.
Dou de ombros.
- Acho que se tem alguém que a mãe e o pai gostassem que fosse uma influência ruim pra mim, esse alguém é você- a expressão brincalhona dele falha por um momento, mas uma buzina toca e anuncia o fim do intervalo do almoço- Bom, vamos lá. Ainda temos que passar pela última prova.Eu me sentei na arquibancada ao lado da Uraraka e vi o Midorya e o Shinsou se encarando lá embaixo.
- Você sabe qual a individualidade dele?- ela me pergunta baixinho.
Suspiro.
- Sim. E espero que o Midorya tenha o bom senso de ter escutado os conselhos do Ojiro.
Ela olhou pra mim meio confusa, mas então entendeu o que eu quis dizer assim que Shinsou começou a tentar puxar conversa com o Midorya e ele se recusava a responder.
- Ele pode controlar a mente de qualquer um que o responder - explico e sorrio um pouco pra mim mesma .
- Então se o Deku não responder ele...?- começou Uraraka e eu completei.
- ... Ele ganha. Considerando a maior experiência de combate, o Midorya já tá na próxima fase.
Só que então eu ouvi a voz dele. Virei a cabeça lentamente pra terminar de ouvir ele defender o Ojiro em alto e bom tom.
Agarro a beira da arquibancada e aperto com força.
- Ele tá ferrado- disse Oboro ao meu lado ao ver o Midorya dar a volta e começar a andar pra fora da arena.
- Você não pode ir lá interferir né?- pergunto, encostando a testa na grade à minha frente.
- Eu até gostaria mas ...- Oboro estreita os olhos - parece que ele não vai precisar disso.
Ergo a cabeça e consigo ver a mão do Midorya mexendo lentamente.
- Choque - falo pra mim mesma - Se ele conseguir estralar os dedos...
E então foi isso que ele fez. E uma onda de vento avassaladora abalou o estádio inteiro.
Duvido que os demais tenham sentido, mas assim que aquele vendaval me atingiu foi como se eu tivesse sido arrastada e trazida de volta do mundo espiritual. Pisquei os olhos e olhei pra arena lá embaixo. Quase dou um pulo.
Lá embaixo eu ainda via o Midorya lutando com o Shinsou, mas ao redor dele haviam outras oito pessoas; espíritos bordados flutuando e o observando. Essa aparição durou só um segundo. Assim que eu pisquei de volta as figuras desapareceram.
- Annie? Terra pra Annie?- chamou Oboro e só então eu percebi que ele estava falando comigo - Tá tudo bem com você? Parece que vou uma assombração.
Assenti e consegui dar um sorriso torto pra ele. Mas eu não tinha certeza se estava bem. Não sabia o fora aquilo, mas eu iria descobrir.Então chegou a minha vez de lutar. Contra o Kaminari. Eu sinceramente não estava tão preocupada. Quero dizer, o pior que podia acontecer era morrer eletrocutada.
- Eu vou precisar que você faça um escudo impermeável se eu não der conta ok?- sussurro pro Oboro que me acompanhava, por algum motivo alongando os braços.
- Pode deixar - ele finge estralar os dedos - Qual a individualida desse cara mesmo?
Eu piso na arena e fico de frente pro meu amigo loiro. As mãos dele cintilavam com faíscas e seu cabelo flutuava com eletricidade estática.
- Eletrificação- sussurro.
- Ih ferrou- fala Oboro fazendo cara de paisagem.
- Desculpa Anami, mas acho que eu vou ter que te por pra dormir no mau sentido - Kaminari diz assim que a Midnigth anuncia o início da partida - Descarga de 19 miliamperes!
- Eu não estudei física, mas eu não simpatizei com o número aí- diz Oboro assim que o Kaminari ergue as mãos.
- Me desculpe Denki - falo e, só por precaução de o Oboro não conseguir fazer o que eu pedi a ele a tempo, cruzo as mãos no peito e fecho os olhos.
Me concentrei em minha respiração e me induzir ao estado de plasma espectral. Eu sabia que aquilo ia me fazer ficar nua na frente de mais de um bilhão de pessoas. Mas eu também sabia que eu podia fazer o feitiço se virar contra o feiticeiro.
- CACETADA! Porque você foi ter essa ideia de girico?!- grita Oboro e eu posso ve-lo agindo na mesma hora, direcionando uma série de nuvens pra criar uma espécie de colã pra mim. Agradecia a ele internamente.
Aquilo aconteceu em questão de segundos e logo pude sentir o impacto da carga eletrica em mim, fluindo por toda minha matéria.
Respirei fundo e concentrei todas as cargas em minhas mãos. As dirigi pra frente e redirecionei o choque de volta pro remetente.
A última coisa que eu vi depois de um grande choque de luz foi a cara de espanto do Denki.
Assim que a luz passou eu voltei ao meu estado solido e tateei o chão procurando meu uniforme de ginástica. Olhei pra frente e vi o Kaminari no estado "cérebro fritado". O que significava que ele só estava cambaleando por aí falando " weiii". Segurei uma risada e me voltei pro meu irmão:
- Da pra fazer uma cabine pra mim?
- Eu já fiz. Só tava deixando você apreciar o estado cômico do moleque ai- ele disse, de repente sério.
- Porque você parece bravo?- questiono, fechando o zíper da minha roupa.
- Porque você quase ficou nua em rede nacional?!
Rolo os olhos e vou em direção ao Kaminari pra ajudar ele a descer as escadas.
- Foi mau Denki - sussurro. Ele só me respondeu com um joinha e uma risada automática.
- É sério mocinha- Oboro continua indo atrás de nós - Eu sou seu irmão mais velho. Não posso deixar você perder a sua dignidade assim tão fácil.
- Você parece ser o último tipo de pessoa a poder me dar esse tipo de sermão- digo olhando ele de lado.
Ele balança a cabeça e xinga baixinho.
- Tá. Talvez eu tenha ficado pelado na frente da minha sala inteira algumas vezes. Mas eu nunca fiz isso num festival de esportes!
- Eu devo confirmar isso com a Midnigth?
- Por favor não- ele franze a testa - Espera como sabe que nós éramos amigos?
- Ela me contou - explico deixando o Kaminari com os robôs da enfermaria.
Ele fez cara de paisagem novamente.
- Ela só falou que a gente se conhecia ou mais alguma coisa?
Me viro lentamente pra encarar ele com um sorrisinho meio suspeito.
- Porque a pergunta Oboro?
Eu não sabia ao certo se isso era possível, mas ele pareceu corar.
- Eu tinha um crush nela- o olhar dele se desviou de mim pra professora que mediana a próxima luta - Correção: eu tenho.
Sorrio pra ele.
- Vocês dariam um belo casal.
Também não sei se aquilo era possível, mas ele me deu um empurrãozinho no ombro.
- Tá tá. Agora a gente tem que se preocupar com seu próximo adversário e em ganhar esse festival.
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Rainha Fantasma
FanfictionAnami é uma estudante do primeiro ano do curso de heróis da famosa U.A. E enquanto ela tenta se tornar uma grande heroína, ela não percebe a sombra que se agiganta sobre todos. Mau ela sabe que grande parte dessa sombra, foi ela mesma quem construiu.