Capítulo 56

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Subi as escadas até a sala do diretor segurando toda a raiva e arrependimento que eu sentia. Mas assim que eu me pus junto com o resto da classe A de frente pro Aoyama e os pais dele, tudo que eu queria era socar a cara de alguém.
Mesmo quando eles explicaram que trabalhavam pro All for One por causa de uma troca, uma individualidade por informações de dentro da U.A, eu não conseguia sentir nada mais do que nojo deles.
Meu irmão tinha sido usado pelo All for One e o que conseguira com isso? Perder a memória, os amigos, a família e a liberdade. Nada de bom podia vir dele. Como eles não conseguiam ver isso?
Mas eu fiquei calada, de braços cruzados, olhando pro chão.
- Mas ele ainda merece uma segunda chance!- disse Midorya e assim que ouvi aquelas palavras, Luna estourou.
- Você não pode estar falando sério!- ela balançou a cabeça- A polícia está certa em querer puni-los!
- Mas nós temos que trabalhar com todas as cartas que temos- disse Kaminari, a mente parecendo trabalhar a mil- Pra vence-los vamos precisar de todo mundo.
Então minha cabeça começou a trabalhar de uma forma mais racional.  Eu podia estar borbulhando de raiva, mas ainda assim aquilo não ajudaria em nada meus amigos e muito menos à todas as outras pessoas que precisavam de ajuda nesse momento.
- Pra falar a verdade eu mesma estou me segurando muito pra não dar um murro nele- digo, minha voz assustadoramente fria- Mas, eles podem ser o nosso trunfo.
- A Anami tem razão- completou Iida- O Aoyama é o único que sabe o suficiente do All for One pra poder engana-lo.
- Fazer deles, nossos infiltrados- enfatizei e suspirei- Pode ser a única forma de garantir uma vitória pra nós.
O detetive Tsukaushi suspirou e franziu a testa. Eu me lembro de evitar aquele cara nas ruas faz anos, porque até onde eu sabia ele odiava o Koichi. Eu nunca tinha conseguido descobrir o porque, mas achava melhor ficar longe do cara. Mas agora que o via tão cansado e estressado com aquela situação, eu não conseguia ve-lo caçando um vigilante por nenhum motivo aparente.
- Nós vamos levantar o que podemos fazer, mas por hora teremos de mante-los fora da U.A. Eu sinto muito, mas não podemos mais arriscar.
Então o Aoyama foi amordaçado e levado com seus pais, enquanto um plano de ação baseado no que eu tinha dito era elaborado. Mas eu parei de prestar atenção ao plano. Minha cabeça estava girando, tentando me fazer focar na situação pra eu não dar um chilique e bater em alguém.
- Nós temos que nos preparar- disse Iida, como sempre, direto ao ponto e objetivo o bastante pra me fazer sair do meu devaneio- Treinar e ajustar bem nossos uniformes.
Aquilo me lembrou de que desde que eu chegara eu não tinha visto a Shizuka. Então quando o Midorya e o Iida foram procurar a Hatsume pra perguntar se ela poderia ajudá-los eu fui junto atrás da minha amiga.
Assim que chegamos ao escritório do curso de Apoio uma grande explosão abalou as portas e jogou nós três pra trás.
Uma garota de cabelos cor de rosa foi arremessada pra cima do Midorya na explosão e eu arregalei os olhos quando a poeira baixou e eu a vi. Então essa era a Hatsumi.
Passei desapercebidamente por eles e entrei na sala, que parecia ter sido reformada pra servir de quartel general de supervisão da U.A barrier.
- Uau- não pude deixar de sussurrar pra mim mesma.
Um instante depois eu senti alguém vindo de encontro a mim e me abraçando com força.
- Annie!- disse Shiz. Eu não tinha ouvido ela vindo até mim, mas então percebi que ela estava usando a individualidade pra gerar um campo de silêncio ao redor de si - Meu Deus, você voltou!
Eu retribui o gesto e fiquei realmente grata em ve-la novamente. Eu sabia que o curso de Apoio estava trabalhando tão duro quanto qualquer um de nós do curso de Heróis e eu sabia que minha amiga deveria ter um trabalho gigante em seus ombros.
- Desculpa não ter te procurado antes- Eu disse quando ela me soltou e desfez o campo de silêncio- Imaginei que você estivesse ocupada.
Ela suspirou e me deu um sorriso cansado.
- Bom, é, sim. Todos nós estamos com o projeto da U.A barrier.
- Você e a Hatsume principalmente- disse e um garoto do curso de apoio que passava com uma caixa cheia de ferramentas- Vocês duas que projetaram tudo junto com o professor Powerlouder.
Shizuka encolheu os ombros e corou de leve, mas balançou a cabeça.
- Todos nós merecemos o crédito- então ela ergueu a cabeça pra mim e me analisou de cima a baixo- Mas você está bem? Aconteceu alguma coisa? Eu tenho andado meio desligada do que está acontecendo lá fora. A última coisa que eu soube pela Luna foi que você não tinha voltado da U.A.
- Ah, na verdade sim- dei uma risadinha nervosa - Deixa eu te atualizar...
Então eu contei tudo pra ela, sobre meus dias de vigilantismo, da Abelha Rainha, da minha volta pra U.A, o resgate do Midorya e, sob uma barreira de silêncio que eu pedi pra ela criar, sobre o Aoyama.
Quando eu acabei ela fixou o olhar no chão, a cor desaparecendo do rosto gradativamente.
- Nossa- ela disse depois de um instante- Mas que droga hein.
Assenti e coloquei uma mão no ombro dela.
- Mas vai ficar tudo bem. Digo, agora vamos encerrar tudo isso...- suspirei- Por mais difícil que seja.
Um sorriso tímido surgiu em seu rosto.
- Bom, pelo menos eu posso ficar orgulhosa que meus equipamentos estão ajudando as pessoas- ela disse e então se virou pra uma bancada de trabalho passando rapidamente os olhos pelos instrumentos- Acho que eu tive uma ideia pra adaptar o seu uniforme à Abelha Rainha. Me dá até o fim do dia que eu te entrego ele pronto.
- Ah, Shiz você não precisa fazer isso...- comecei a dizer mas ela pôs a mão em meu ombro e me interrompeu.
- É o mínimo que eu posso fazer pra te ajudar nessa luta e eu quero ajudar.
Então ela se virou pra bancada de trabalho abrindo os projetos dos trajes dos alunos em um computador e emergiu em estado de concentração que me deixou impressionada. Sorri orgulhosa e deixei que ela trabalhasse.

Rainha FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora