Capítulo 26

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Quando eu voltei para o meu dormitório eu fui recebida pelo alegre grupo das meninas discutindo sobre as decorações dos quartos de todos.
- Ah, Anami!- disse Uraraka vindo até mim - Onde você estava?
- É, nós fizemos uma exposição e um concurso dos quartos!- disse Mina em seguida - Quer dizer, nós já determinamos um resultado, mas...
Sorri pra elas meio envergonhada.
- Eu adoraria mostrar o meu eu só...- olho pra mim mesma usando nada mais que o casaco do Tamaki- Eu preciso me trocar primeiro.
Ambas me olharam de cima a baixo e arregalaram os olhos.
- Ainda bem que o Mineta não está por perto - Mina disse me empurrando até o meu quarto e colocando outro casaco ao redor minha cintura.
Depois que eu coloquei um pijama que fosse mais decente em me apresentar eu deixei as meninas e alguns dos meninos que ainda estavam acordados e reclamando por algum motivo com o Sato, entrarem no meu quarto.
Ele era, na verdade, um quarto bem de nerd. Eu tinha uma estante lotada com meus livros que eu trouxe de casa, uma prateleira só com bonequinhos colecionáveis, uma cama simples com um edredom azul claro, uma variedade de pôsteres de de super heróis e uma coleção de armas e jaquetas estilo aviador que foram do meu irmão e que meus pais insistiram em eu levar pro meu quarto na U.A.
- Uau, seu quarto é alguma coisa entre o Iida e o Midorya - diz Kirishima parecendo impressionado.
- Caramba você tem a vigésima edição especial do All Migth na era de prata !- disse Midorya indo direto pra meus colecionáveis e eu dei risada.
- É, eu ganhei de aniversário de um amigo. Eu gosto bastante disso e ele também.
Ele vira o rosto sorridente pra mim é começa a falar sem parar em marcar um dia só pra gente ficar falando sobre o All Migth e, mesmo eu sendo bem antissocial, eu comecei a falar animadamente de volta insistindo que era uma ótima ideia.
Ouvi alguém atrás da gente sussurrar algo como " nerds", mas eu ignorei aquilo. Sim, eu era uma nerd e eu me orgulhava disso.
- Nossa você sabe usar tudo isso?!- perguntou Kaminari pegando um bastão da minha pequena amostra de armas que incluíam lanças pequenas, espadas algumas adagas e vários bastões. A maioria deles ou era falso ou funcionava mas nunca forma usados, por que meu irmão preferia usar um bastão como arma. Também não achava que eu mesma iria usar, tendo um chicote e um soco inglês em minhas mãos.
- Na teoria sim- respondo colocando uma mão no pescoço, meio envergonhada - Mas tudo isso é do meu irmão.
- Eu quero muito conhecer esse homem agora !- disse Sero pegando e testando uma espada.
Eu dou uma risada curta e pego a espada da mão dele, colocando-a de volta no lugar antes que alguém se machucasse.
- Aposto que ele também adoraria conhecer todos vocês, mas ele morreu antes de eu nascer.
Um silêncio desconfortável recaiu sobre todos ali. Uraraka pôs uma mão em meu ombro.
- Eu sinto muito Annie.
Eu dou de ombros.
- Obrigada, mas não tem importância - sorrio pra eles - Eu só quero dar o meu melhor de agora em diante pra deixar ele orgulhoso.
Kaminari colocou uma mão em meu ombro.
- Profundo isso. Desde quando você é tão filosófica?
Dou de ombros e dou um sorriso sarcástico pra ele.
- Desde sempre meu caro. Eu só evito socializar.
-  E isso é algo em que a gente tem que trabalhar - disse Mina me encarando com um olhar de acusação.
Balançei a cabeça e ri. Era realmente muito bom ter amigos que se importavam nesse nível comigo.

No dia seguinte, na hora do almoço eu me sentei com a Shiz como sempre e não me surpreendi muito quando vi a Luna avançar em nossa direção parecendo querer quebrar a minha cara.
Baixei a cabeça e fingi não notar ela.
- Você mandou o Bakugo ir no meu quarto ontem a noite?!- ela perguntou batendo com tudo na nossa mesa.
Ergui o olhar pra minha amiga loira que parecia estar se segurando pra não rir e então me volto pra Luna.
- Eu sujeri que ele fosse falar com você. Se ele realmente foi fazer isso, não é da minha conta.
Ela arrasta uma cadeira e senta nela, apoiando os braços no encosto.
- Que belo trabalho de cupido.
Pisco surpresa e estreito os olhos.
- Porque? Você gosta dele então?
Luna abre a boca e então desvia o olhar, o rosto começando a corar.
- Isso explica a implicância- murmura Shizuka e Luna da um chute na cadeira dela - Ei! Mas é verdade.
Ela dá uma risadinha seca e aponta pra mim.
- Se for assim, essa aí tá gamadona no Emo do curso de Serviços Gerais.
Quase cuspo a minha bebida quando ela diz isso. Levanto o olhar lentamente pra ela, numa direção de quarenta graus que, segundo a Kazuho, me fazia parecer bem assustadora.
- O Shinsou é insuportável - estremeço um tiquinho - Além disso, se eu tivesse que admitir gostar de alguém, essa pessoa não seria alguém da U.A.
- E quem seria esse Romeu?- Luna diz e se inclina pra frente.
Aponto meu rachi pra ela.
- Não existe um Romeu.
Nós três rimos. Depois que recuperamos o fôlego, Shiz mudou de assunto.
- Desculpa tocar num assunto delicado ora vocês, mas eu fiquei sabendo do que houve no acampamento- ela disse e eu e Luna nos entreolhamos, ambas claramente tensas agora - Mas, eu fiquei sabendo pelo meu tio que talvez aquele ataque possa ter sido culpa de um possível traidor.
- Um traidor?- pergunta Luna, franzindo a testa.
- É. Tipo, alguém dentro da escola que entregou a programação dos alunos pra Liga - Ela balançou a cabeça- Porque pra eles saberem onde era o acampamento depois de tomada toda uma precaução, alguém de dentro da escola deve ter contado pra eles.
Assim que ela disse aquilo eu liguei os pontos. Se meu irmão era um Nomu, toda vez que eu o chamei e ele perambulou pela escola sozinho, ele poderia se lembrar de tudo que viu? Ele poderia repassar essas informações? Ele poderia conseguir qualquer informação invoncientemente e passar isso pros vilões? Incluindo o acampamento...?
Comecei a me sentir tonta e nauseada. Não. Aquilo não podia ser verdade...
Mas que outra explicação haveria? Quem mais poderia ser? Quem mais seria capaz disso?!
Me arrastei da cadeira, e pedi licença, correndo direto pro meu quarto e me trancando lá, escorregando pela porta fechada e me sentando no chão, abraçando as pernas e a cabeça encostada com força nos meus joelhos.
Eu não acreditava no que eu mesma tinha feito. Eu tinha deixado o espírito do meu irmão vagar pela escola inteira, ver e ouvir todos os planos da diretoria. E o corpo dele era controlado pela Liga. E ele passou, sem saber, toda a informação de que eles precisavam pra entrar na escola.
Eu era a traidora.

Rainha FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora