Capítulo 32

9 0 0
                                    

Quando eu pensei ter um mau pressentimento, a minha hipótese se concretizou quando, no dia seguinte, eu, o Kirishima, a Uraraka, a Asui e o Midorya fomos todos chamados pelas agências pra uma reunião dentro do trabalho do estágio.
Fomos instruídos a ir até o prédio da agência do Sir Nigtheye, e lá estavam o Big Tree, o professor Aizawa e uma outra grande variedade de heróis profissionais, desde os de grandes agências à heróis locais.
Engoli em seco nervosa quando me sentei ao lado de uma garota de cabelos verdes e óculos.
- Ei- ela se virou pra mim em um momento e sorriu calorosamente - Vai ficar tudo bem. Eu tenho certeza de que isso só se trata de uma missão em que vamos pegar os caras maus e tudo vai ficar bem no final.
Eu concordei com a cabeça, mas eu queria realmente acreditar que ela estava certa. Mas eu não conseguia. Não com as informações sobre os Oito preceitos da morte que o Soga me dera. Não com a possibilidade de eu ter traído meus colegas me atormentando. E com certeza não em saber que talvez estivéssemos lidando com a Liga dos Vilões novamente.
- Sou a Hari- ela se apresenta - Da agência Nigtheye.
- Anami - respondo e sorrio pra ela - Estagiando para o Fat Gum.
Ela sorri e inclina a cabeça.
- Você é da U.A né? - depois de eu assentir ela baixa um pouco a voz - Você já chegou a falar com o Todoroki?
Arregalo os olhos quando ela me pergunta aquilo.
- Ah, sim- digo e estreito os olhos - Porque?
- Eu meio que tenho saído com o irmão dele - ela da de ombros - Mas ele sempre evita falar da família. E - ela suspira frustrada - isso já está me irritando.
Então lembrei que o Todoroki tinha um irmão mais velho que devia estar na faculdade. Mas o meu colega de classe não tinha falado muito sobre ele, então essa era a primeira vez que eu ouvia algo sobre Natsu Todoroki.
- Eles não falam muito sobre "família"- esclareço- Então não liga pra isso.
Ela desvia o olhar de mim e encara o Endeavor, que estava do outro lado da mesa, de esguelha.
- Da pra entender um pouco o porquê, eu acho - ela completa e se cala quando o Sir começou a reunião.

Ouvi a toda a explicação olhando o tampo da mesa e batendo o pé no chão de ansiedade. Eu não podia acreditar que o palpite do Soga sobre o envolvimento dos Oito preceitos da morte naquilo estava certo.
Também não acreditava que eles estavam usando uma criança para produzir aquela droga. Naquela hora eu queria era explodir a sede deles e tirar a menina de lá.
Olhando para os meus amigos todos pareciam igualmente estarrecidos, em especial o Midorya e o Mirio, pois aparentemente eles se encontraram com a garotinha e não a salvaram na hora para permitir um planejamento melhor.
E eu odiava dizer aquilo, mas logicamente o Sir tinha razão. Não havia provas de que a garotinha era a única sendo usada como cobaia. E, mesmo salvando ela, ainda haveria uma gangue perigosa vendendo drogas capazes de anular individualidades e sabe-se lá quais outros tipos de substâncias ilegais.
- Mas porque eles estão aqui então?- perguntou Rock Lock depois do Sir incluir os residentes na missão de infiltração.
- Creio que todos possuam caráter suficiente pra auxiliar nesta situação - completou Sir- Afinal, eles estão tão envolvidos nessa situação quanto qualquer um de nós.
- Também vamos precisar de quantos reforços pudermos - continuou Hari, o tom surpreendentemente formal e cortes - Só vamos ter uma chance pra fazer a incursão e o salvamento dar certo. Então não podemos correr nenhum risco.
- Colocar os alunos da U.A na missão não é um risco?
- Em meus anos de experiência, apenas dizer para eles não participarem não irá ser o suficiente para impedi -los de salvar as pessoas - argumentou o professor Aizawa - Além disso, se eles realmente forem participar disso será apenas no planejamento da missão.
Abri a boca, sem palavras. Nós não iríamos pra casa depois de saber de tudo aquilo e não podermos ajudar. Mas eu também sabia que não adiantava nós tentarmos argumentar. Depois dos acontecimentos recentes na U.A, ninguém nos deixaria participar daquilo diretamente.
Cerrei os punhos e fechei os olhos até a reunião terminar e todos nós sermos dispensados.

- Nós não podemos ficar aqui sem fazer nada- disse Midorya quando estávamos sentados em uma espécie de sala de espera, só olhando pro tampo da mesa.
- Mas não temos muita escolha a não ser obedecer os profissionais - contrapôs Nejire, o tom geralmente animado de sua voz se esvaindo.
Na verdade eu tinha uma ideia de como poderíamos nos infiltrar sem que ninguém descobrisse. Era uma ideia louca e baseada nos meus tempos como vigilante, mas ainda assim...
Senti uma mão em meu ombro. Era o Tamaki. Ele se inclinou pra frente e sussurrou:
- Eu sei que você deve estar planejando algo louco nesse exato momento, mas por favor não faz isso. Temos que confiar nos heróis, não?
Balançei a cabeça. Eu estava querendo me recusar a desistir, mas eu não via escolha. Se nenhum herói deixasse a gente participar, era claro o que ia acontecer: nós não iríamos nos envolver.
Um silêncio mortal recaiu sobre nós. Depois do que pareceram horas, a porta da sala de reuniões se abriu e o professor Aizawa saiu de lá.
- Receio que todos vocês já devam imaginar a decisão final dos profissionais- ele disse, sem rodeios, pra todos nós.
- Sim professor- murmurou Asui. O restante de nós apenas assentiu em silêncio, sem conseguir responder.
- Eu sei que nós erramos no acampamento mas essa é nossa chance pra concertar isso...- o Midorya começou a dizer mas o professor Aizawa o interrompeu.
- Eu não vou permitir que nenhum de vocês, alunos, se arrisquem nessa missão.
Ele fez uma pausa e se ajoelhou pra ficar no nível dos nossos rostos.
- Mas também sei que mesmo dizendo isso vocês são capazes de irem contra as regras e participarem assim mesmo - ele me lançou um olhar de esguelha e eu compreendi que ele provavelmente estava falando da minha intromissão em ter ido resgatar a Luna - Então eu permitirei que vocês ajam sob minha supervisão.
Pisquei surpresa. Não consegui conter um sorriso surgindo em meu rosto.
- Mas que fique claro que se as coisas ficarem muito ruins vocês devem abandonar a missão e deixar isso nas mãos dos profissionais - ele continuou- Vocês entenderam?
Nós todos nós encaramos e parecemos entrar em um consenso.
- Sim professor Aizawa- respondemos em uníssono.

Rainha FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora