Rainha Fantasma

Capítulo 3

O primeiro dia sempre dava uma boa impressão de como ia ser o resto do ano. Portanto, assim que eu cheguei na porta da sala 1-A e vi dois caras gritando um com o outro a minha primeira impressão foi " Esse vai ser um longo ano".
- Ei! Anami não é?- disse uma voz familiar vinda do fundo da sala e uma garota se levantou pra acenar pra mim.
Um sorriso se formou em meu rosto e eu fui sentar ao lado dela.
- Luna! Fico feliz que a gente esteja na mesma turma- digo e observo outras pessoas entrarem na sala - Sério, é muito bom ver alguém conhecido.
- É no meu caso, alguém além do meu pai- ela diz e eu franzo a testa, um pouco confusa.
E então a minha alegria momentânea desapareceu assim que o professor entrou na sala. Era o cara que apareceu na gravação da minha carta de admissão.
- Silêncio todos vocês- ele disse e sua presença era ainda mais assustadora em pessoa. Como o Koichi era amigo de um cara desses? - Eu sou o professor Aizawa, e vou ser o tutor da turma de vocês e para começar eu gostaria de fazer um teste eliminatório. Então, vão todos lá pra fora.
Então todo mundo começou a se levantar e sair da sala. Mas antes que eu pudesse ir atrás deles, eu senti uma mão em meu ombro e me viro pra encarar o professor Aizawa.
- Você é a Hamaiwari, não?
Assinto, meio tensa.
- Só quero que saiba que qualquer que tenha sido o treino que aquele vigilante tenha te dado, nada disso vai adiantar aqui.
- Pega leve com ela- fala Luna se intrometendo- Ela passou por causa disso não é? Então deixa ela provar que ela é digna de estar aqui.
Pisco surpresa. Eu a conhecia a tão pouco tempo, mas ela já estava me defendendo? Com certeza era um avanço, considerando que meus únicos amigos eram meus tutores.
E então eu me dei conta de que ele devia ser o pai dela. Isso me deixou ainda mais nervosa.
As expectativas quanto àquele ano com certeza eram muito grandes.

Acho que o professor Aizawa podia ter comentado um pouco antes 1ue quem ficasse em último ia ser expulso. Porque aparentemente ele ia fazer de tudo pra fazer com que isso acontecesse.
- Relaxa ele não expulsa ninguém de verdade - sussurrou Luna pra mim- Ele só faz isso na teoria.
Olho de esguelha pra ela.
- Olha, eu não duvido que dessa vez ele faça isso pra valer.
Ela ri e balança a cabeça.
Mas eu disse aquilo com sinceridade porque a primeira impressão que ele me passou era a de que ele não ia ter piedade. Ou sequer bom humor em estar ali. O que também me fazia questionar como foi que ele acabou se tornando professor.
Mas, depois de uma grande e impressionante demonstração de individualidades, ela estava certa. Ele exibiu os nossos resultados e, por mais que eu tenha ficado em décimo, ele acabou não expulsando ninguém. Apesar de ter dado um sermão para um menino que aparentemente tinha destroçado seu corpo inteiro no exame de admissão.
Parecia que, no fim das contas eu me sai melhor do que esperava.
- Ei!- disse um garoto loiro atrás de mim - Eu e uma galera vai sair pra almoçar. Você quer vir?
- Ah sim !- digo, surpresa por ter sido convidada assim tão de repente - Eu sou a Anami, aliás.
- Denki Kaminari - ele se apresenta e passa o braço pelos meus ombros. Educadamente eu me desvencilo dele - Legal. Então vamos eu, você o Kirishima ali - ele aponta pra um garoto de cabelos vermelhos - e a Mina - uma garota rosa ( literalmente e em todos os sentidos) - por enquanto. Eu vou ver se mais alguém vem com a gente.
- Ah tudo bem - respondo- Até lá.
- Até- ele acena e sai correndo ir falar com outra garota.
- Aquilo foi estranho ...- sussurro.
- Nem me fala - disse uma garota de cabelos compridos ao meu lado - Ele tá perguntando isso pra todas as meninas. Parece que o tal do Kirishima entrou na conversa pra ser convidado por acaso.
Estreito os olhos pro Kaminari.
- Que ridículo- falo, por fim - Talvez eu leve um amiguinho pra esse almoço. Vamos ver se ele vai mesmo ter essa coragem toda.
Ela riu.
- Eu sou a Momo, aliás- ela inclina a cabeça.
- Anami- digo- Tem certeza que não vai querer vir?
Ela dá de ombros.
- Eu tenho que ajudar a minha mãe em casa. Não ia dar mesmo.
- Ah. Tudo bem- suspiro e estreito os olhos pra ele - E eu sei que você tem razão, mas eu não sou nada sociável. Então eu sou o tipo de pessoa que tá aceitando pra filtrar amizades.
- Bom, pode me ligar se precisar de alguma coisa - Ela sorri - Te vejo nas aulas da tarde?
Faço que sim com a cabeça.
- Claro. Até, Momo.