Capítulo 48

7 0 0
                                    

Olhei ao redor e a primeira coisa que notei foi que o prédio do hospital tinha ido abaixo, transformado em ruínas em uma nuvem de pó.
O Endeavor estava atrás de mim e percebi meio tarde de mais que ele tirara eu e a Mirko de lá. Havia uma série de ambulâncias e médicos indo pra lá e pra cá cuidando dos feridos, incluindo a Mirko e mais alguns profissionais que tinham entrado no prédio. Passei uns minutos ouvindo o zumbido da explosão nos ouvidos e deixando a tontura e o atordoamento do que acabara de acontecer passar e me levantei, clareando a visão.
Após um instante eu comecei a prestar atenção nas cenas que se desenrrolavam ao meu redor. Não sei quanto tempo eu fiquei atordoada olhando pro nada, mas parecia que muita coisa tinha acontecido nesse meio tempo. Eu vi, que mais além, o Shigaraki estava suspenso no ar e que o Deku, o Bakugo e a Luna lutavam contra ele. Em algum momento os três deviam ter chegado e começado aquela luta.
Eu também tinha um comunicador, mas ele tinha sido feito pela Shiz pra eu me comunicar com a Luna pra nada como o que aconteceu em Hosu acontecesse de novo. Liguei o botão pra falar com a minha amiga.
- Tudo bem aí em cima?- perguntei.
Ela pareceu levar um susto ao me ouvir e ela ficou suspensa no ar a alguma distância de onde a luta acontecia. Ela estava cheia de machucados e tinha um corte feio no braço esquerdo. Suas asas também estavam gastas, mas ainda a mantinham no ar com algum esforço.
- Como a porcaria do hospital foi pulverizado?!- ela disse quando pareceu recobrar a atenção- Ele não pode destruir nada se não a tocar com os cinco dedos!
- Ele parece ter sido modificado como um Nomu- explico - Isso pode aprimorar individualidades. Mas não parecia que o processo estava terminado.
- Esse ainda não é o cem por cento- ouvi ela engolir em seco antes de continuar- Meu pai estava segurando ele até agora. Acha que consegue deixá-lo inconsciente por um tempo?
Olho pra cima e foco no vilão acima de mim. Ergo a mão e tento me concentrar em sua energia, mas ela parecia apagada e embaçada. Com um esforço consegui focar nela e a fisgar. Então fiz um gesto com a mão e joguei o espírito captado pra fora do corpo.
Por um mínimo segundo, Shigaraki ficou paralisado acima de nós. Sorri comigo mesma e voltei a falar com a Luna.
- Sei que você tem uma história conturbada com esse cara, mas acha que dá pra quebrar a cara dele agora?
Vi ela prestes a responder quando o homem que eu tinha acabado de imobilizar virou a cabeça e expulsou o meu controle.
Percebi que até antes de eu comecar a controla- lo, ele estava sendo controlado pelo poder do professor Aizawa, que havia sido atingido por alguma coisa antes de eu me dar conta da situação toda. Então agora o Shigaraki estava sob força total e eu tinha, de alguma forma, conseguido atrasar ele de novo por uns segundos  e falhado na tentativa.
Camballei pra trás e mau tive tempo de reagir quando a figura do Shigaraki explodiu em uma forma negra, jogando colunas de estacas pretas pra todo lado. Uma delas passou por pouco do lugar onde eu estava no chão assim que eu saí rolando. Outras três atravessaram o Bakugo como um palito de churrasco atravessando massinha.
- Katsuki!- berrou Luna, sem perceber que tinha o microfone ainda estava ligado e se jogou atrás do garoto loiro enquanto o Midorya se voltou pro Shigaraki.
Entao eu senti uma onda de calor forte em algun ponto atras de mim. Eu achei que era o Endeavor, mas assim que localizei o homem cheio de cicatrizes avançando eu automaticamente corri até onde os Todoroki estavam.
Enfrentar fogo com fogo não parecia uma boa ideia, e eu sabia que tanto meu amigo como seu pai tinham um limite do calor que aguentavam, então eu sabia que poderia ajudá-los na minha forma de fantasma.
Quando cheguei mais perto eu pude notar que agora os cabelos negros do vilão das chamas estava branco e também pude ouvir o que ele estava dizendo.
- ...e agora eu finalmente vou ter a minha vingança! Venha dançar no inferno comigo, pai!
Meu colega de classe e o profissional a minha frente congelada ao ouvir aquilo. Mas eu tomei a frase como uma deixa pra avançar mais rápido e assumir minha forma de fantasma. Parte de mim suspeitava que Toya Todoroki e o Dabi fossem a mesma pessoa, mas aquilo me parecera absurdo e eu descarte a ideia. Pelo visto, não era tão absurdo assim.
- Você quer dançar é?!- gritei me colocando ao lado do meu amigo e erguendo a mão fantasmagórica pro Dabi - Então me permita conceder essa dança!
Ele sorriu assustadoramente pra mim.
- Você não devia se meter em reuniões de família, pirralha - ele ergueu a mão e lançou uma coluna de chamas azuis na minha direção.
Plasma absorvia calor, então elas só passaram por mim e eu avancei lentamente até estar segurando a sua mão queimada. Ri e comecei a redirecionar o calor absorvido pra minha mão.
- E você não devia ser rude.
Dabi afastou a mão, frustrado e redirecionei outra coluna de chamas pra mim, mas eu também a atravessei. Ele continuou tentando me queimar enquanto eu apenas atravessava o fogo ou o desviava de volta pro remetente. Então ele pareceu perceber que tentar me queimar era inútil e resolveu se voltar pro irmão.
Todoroki conseguiu desviar do próximo ataque e eu usei aquele momento pra me tornar sólida novamente e pegar o chicote pra tentar deixar o vilão inconsciente, atacando-o pelas costas.
Mas assim que eu saquei minha arma e a agito na direção dele, Dabi se virou pra trás no último minuto e as chamas subiram pra cima de mim.
Consegui rolar pro outro lado e não ser atingida por pouco, fazendo o chicote se enroscar em seus pés e o fazendo se desequilibrar.
Sorri comigo mesma quando vi a Nejire Hadou voando acima de nós e atacando Dabi por cima. Tentei me erguer pelos cotovelos, mas então senti uma pontada no braço direito. Olhei pra baixo e vi que toda a pele do antebraço e um pouco acima do cotovelo estava completamente carbonizada. Soltei um gemido baixinho. Eu conseguia suportar a dor pela adrenalina no momento, então eu me levantei desajeitadamente e mordi o lábio.
Então eu me concentrei na energia do meu irmão e em segundos ele se materializou na minha frente.
- Oboro, meus amigos estão evacuado a área ao redor- disse indo direto ao ponto- Por favor, vá até lá e ajude o máximo de pessoas que puder.
- Pode deixar- ele disse animado e então me olhou de cima a baixo- Você está bem Annie? O que aconteceu?
- Eu só me queimei- falei e franzi a testa- Por favor, vai lá eu ... ainda preciso fazer uma coisa.
Ele bateu uma espécie de continência e desapareceu. Então eu cerrei os punhos e me concentrei na energia de todos os Nomus que foram soltos. Cheguei a trincar os dentes até conseguir foco suficiente pra fisgar a energia de todos eles.
Nunca tinha tentado aquilo antes, mas consegui ter todos eles sobre meu controle. Geralmente eu só podia controlar as ações de uma meia dúzia de seres vivos. Agora eu tinha uns milhares de monstros me obedecendo.
- Se matem - consegui instruir com dificuldade, sentindo meu fôlego se esvair e minha visão se encher de pontos pretos com o esforço- E seus amigos também.
Então um estrondo chacoalhou o chão abaixo de mim e eu cai de joelhos. Quando ergui a cabeça, só pude ver as formas embaçadas das pessoas ao meu redor antes da escuridão tomar conta dos meus sentido e eu me entregar a ela.

Rainha FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora