A cena a minha frente era assustadora. Mirio estava lá, completamente detonado, seu uniforme em frangalhos; a Eri atrás dele se agarrando a sua perna, assuatada. Uma série de espinhos negros saiam do chão em todas as direções. E mais a frente estava Kai Chisaki, encarando-nos com um olhar mortal.
Eu não fiquei muito tempo parada. Não consegui suportar ver o Mirio naquele estado. E também não consegui ver o olhar assustado da Eri e ficar ali sem fazer nada. Então, me lancei sem nem pensar duas vezes pra cima do vilão que passamos esse tempo todo procurando, ergui o punho e dei um soco naquele idiota.
Deu pra ver que nem ele parecia esperar que fosse ser eu quem iria reagir sem nem hesitar. Mas o choque repentino do meu golpe logo o abandonou e ele ergueu o punho, remodelando-o junto com os destroços daquela sala fazendo -o ficar parecido com uma clava cheia de espinhos. Engoli em seco. Então era isso que a individualidade dele podia fazer: criar e destruir.
Ele ergueu o punho-clava e o agitou na minha direção. Eu desviei no último segundo e pequei a extremidade do seu braço, me virando de costas e tentando arremessa-lo por cima do meu ombro.
Mas então ele usou o cotovelo pra me arremessar pra longe e eu cai a alguns metros de distância, tentando recuperar o fôlego e cuspindo sangue. Aquela pancada devia ter quebrado alguma coisa, mas a adrenalina me impediu de sentir dor e eu consegui me levantar novamente.
O Midorya e o Sir já estavam lidando com ele novamente e o Mirio cambaleava pra fora dali, levando a Eri pra um lugar seguro.
Eu reuni força pra me tornar plasma novamente e atravessei a série de espinhos altos até chegar no Mirio. Eu passei por metade de um corredor até alcanca-lo, o que não demorou muito porque ele não parecia ter muito mais energia pra continuar. Então eu tentei algo que nunca tinha feito antes: eu entre no corpo dele.
Aquilo foi estranho, bizarro e literalmente como se colocar nos pés de outra pessoa. Eu agora via da perspetiva dele. Também sentia cada um de seus ferimentos. Demorei um minuto pra me acostumar com aquela forma, mas logo consegui fazê-lo se erguer e deixar de enxergar embaçado.
Eu podia sentir a sua consciência ao meu lado, mas parecia que ele estava prestes a perder a consciência e eu tomara controle de suas ações pouco antes de ele apagar.
- Aguente firme- disse em voz alta e o som grosso da voz do Mirio me foi um pouco estranho por ter saído da minha boca - Nós dois vamos ficar bem Eri.
Mas ela não parecia convencida daquilo. A garotinha a minha frente parecia distante, olhando assustada pro que acontecia no outro cômodo e, me dando um último olhar ( ou melhor, ao Mirio) ela correu de volta pra lá.
- Não, Eri...- disse mas então eu comecei a sentir a dor dos ferimentos dele e do meu, sendo forçada a sair do corpo dele e voltar ao meu estado normal.
Eu encarei meu amigo praticamente apagado a minha frente.
- Vai... atrás dela...- ele me disse com dificuldade, nem sequer questionando o que tinha acontecido- Eu vou ficar bem...
Me levantei e olhei desesperada ao redor. É claro que eu queria ir atrás da Eri imediatamente, mas também não podia deixar ele ali sozinho...
- Mirio! Anami!- ouvi uma voz fraca atrás de nós. Me virei e vi Tamaki caminhando desajeitadamente em nossa direção. Seu rosto estava coberto de sangue e havia um grande corte em seu braço, mas ele parecia suficientemente bem pra continuar consciente na base da adrenalina.
- Amajiki!- exclamei, aliviada- Ele precisa de ajuda, leva ele daqui, por favor.
Ele se abaixou e ergueu Mirio, passando um braço por cima de seus ombros.
- A gente se vê na saída- digo a ele antes que eu pudesse ouvi-lo dizer qualquer coisa pra mim e disparo de volta pra ajudar o Midorya e o Nigtheye.Eu entrei naquela sala no pior ou melhor momento possível, porque assim que eu dei o primeiro passo pra dentro daquela sala o Sir foi atravessado por um espinho negro.
Um nó enorme se formou na minha garganta. Eu tinha chegado um segundo tarde de mais e não podia vacilar mais.
Corri até onde o Midorya estava desviando de diversos ataques e me lancei na frente da Eri antes que ela fosse atingida fosse atingida por um pedregulho.
Eu sorri pra ela antes de me virar e avançar de novo no Chisaki, me preparando pra dar um soco nele assim que o meu amigo acabou recuando.
Me tornei plasma assim que uma série de detritos foi arremessada em mim e continuei o meu movimento, atingindo-o no torso com força. Consegui faze-lo desviar a atenção pra mim e eu me virei pro meu amigo.
- Tira a Eri daqui!- grito pra ele e em seguida dou uma voadora pra conter o próximo ataque do Chisaki, seguida de outra série de socos. Infelizmente todos os meus ataques não pareciam causar mais que arranhões nele.
O Midorya pegou a Eri nas costas, mas ainda não saiu dali, ele parecia estar acumulando energia e poder pra outro ataque.
- Vocês dois são muito tolos!- Chisaki disse e então ele remontou seu braço novamente e o transformou em vários pedaços fragmentados, direcionando-os pra mim e trespassando o meu torso com eles pra depois remontar o punho do outro lado do meu corpo, e o puxar novamente pro lugar, arrancando minhas entranhas no processo.
Abri a boca e olhei pro buraco no meu tronco, absorvendo a visão do sangue escorrendo pra fora de mim em uma torrente e dos meus ossos expostos. Por um momento só consegui encarar a mim mesma com um misto de horror e surpresa.
Minha visão ficou embaçada e eu perdi o ar dos meus pulmões. Meus joelhos fraquejaram e eu cai no chão, tentando desesperadamente inspirar, mas tudo o que eu consegui foi me engasgar com meu próprio sangue.
Comecei a ouvir um zumbido e pensei ter ouvido um estrondo e uma figura se aproximou de mim e me amparou. Consegui me concentrar o bastante pra distinguir a Asui ao meu lado e o restante da agência da Riukyu ali. Tentei suspirar aliviada, mas me arrependi instantaneamente.
- Deku... Ele...- comecei a tentar dizer, mas então tossi mais sangue. Não sabia como eu ainda estava consciente e de pé.
- Foi atrás do Chisaki - disse minha amiga - Mas agora eu preciso tirar você daqui.
Ela esticou a língua e nos lançou por um buraco aberto no teto, nos levando pra algum lugar fora da casa.
Ergui o olhar e consegui distinguir meu amigo lá encima lutando contra uma massa amorfa e negra que devia ser o Chisaki. Tentei erguer a mão em um último esforço pra ajudá-lo, tentando invocar algum espírito ou em controlar e atrasar o Chisaki, mas então a dor abaixo do meu diafragma se tornou insuportável ao ponto de fazer a escuridão me dominar e eu apaguei.
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Rainha Fantasma
FanfictionAnami é uma estudante do primeiro ano do curso de heróis da famosa U.A. E enquanto ela tenta se tornar uma grande heroína, ela não percebe a sombra que se agiganta sobre todos. Mau ela sabe que grande parte dessa sombra, foi ela mesma quem construiu.