Capítulo 5

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As aulas da U.A realmente exigiam muito da gente. Mas aquela em específica foi uma surpresa.
- Estudos Fundamentais do herói- sussurrei enquanto pegava meu uniforme e seguia as outras garotas para o vestiário- O que será exatamente que a gente vai fazer?
- Espero que seja ver o herói número um em ação!- disse Mina, pulando de alegria - Quero dizer, isso a gente não vê todo dia.
- Na realidade, a gente vai ver, já que ele agora é professor daqui - disse Tsuyu, uma garota mais ou menos da minha altura, e cuja individualidade lhe permitia fazer basicamente tudo que uma rã faz.
- Ótima oportunidade pra aprender com o melhor e se tornar a melhor- disse Luna, meio que pra si mesma.
Assim que tirei meu uniforme da maleta no vestiário eu pensei : Como raios eu vou me enfiar nisso?!
Eu tinha pedido um macacão que me permitisse atravessar as paredes sem perder as roupas, uma capa preta que me permitisse uma boa aerodinâmica e um óculos de visão térmica. Mas aquele colã parecia três tamanhos menores e eu não tinha corpo pra uma coisa daquelas.
Xinguei mentalmente Koichi, que fora quem mandara o relatório do meu uniforme pro fornecedor e comecei a tentar vesti-lo.
Surpreendentemente não era apertado e serviu direitinho. Abotoei a capa e baixei o capuz, ajeitando os óculos no espelho e pensando que eu mais parecia um elfo moderno do que qualquer outra coisa.
- Você parece saída de uma história em quadrinhos - comentou Mina aparecendo por trás de mim- Mas num bom sentido, juro.
Sorri de volta e ergui a mão ao pescoço, um gesto que eu normalmente fazia quando ficava meio sem resposta.
- Ah. Obrigada. Eu queria mesmo que fosse mais funcional. Mas tenho que admitir que ficou meio....
-  Exagerado?- perguntou Luna fechando o armário do vestiário.
- Eu ia dizer ridículo, mas é, também- suspirei- Assim que tiver a oportunidade eu vou redesenhar o designe.
Naquele instante um sinal tocou, nos avisando pra ir a um dos Campos de treinamento externos da escola.
Respirei fundo. O treino ia começar.

Basicamente a atividade consistia numa simulação de batalha em grupo. O intuito era nos dividir em duplas, mas com duas alunas a mais na nossa sala, a primeira rodada seria composta por dois trios.
- Um time terá que simular os vilões- sussurrei pra mim mesma, pensando que, se eu fosse usar minha individualidade pra valer, eu poderia sim fazer papel de vilã. Mas, na vida real, eu preferia simplesmente chutar a bunda dos caras maus.
- Mas é claro, pra sermos bons heróis precisamos entrar de cabeça no universo dos vilões também!- disse o garoto do meu lado. O nome dele era Iida, se eu bem me lembrava, e aparentava ser o cara mais certinho que eu já vi nos meus quatro anos de escola superior.
E então os times foram divididos. E eu não estava certa de como aquilo ia dar certo.
Eu tinha ficado com Iida e Bakugo como vilões contra Midorya, Uraraka e Luna. E a ver o temperamento do meu companheiro loiro, aquele ia ser um longo combate.
- Eu vou atrás daquele maldito, vocês dois façam o que quiserem- e assim que o alarme que indicava o início da luta soou ele saiu correndo.
- Espera você não pode simplesmente nos deixar! Temos que bolar um plano primeiro!- disse Iida ao meu lado.
- Deixa ele ir- disse analisando bem a situação- Ter alguém numa linha de frente é vantajoso, assim só temos que proteger isso aqui - coloquei a mão na grande bomba falsa atrás de nós- Até o tempo acabar.
- É verdade. Assim formamos uma linha de defesa e localização e....
Naquele momento eu parei de prestar atenção nele e fiquei minha visão no campo espectral. Era como ter uma visão de calor ampliada em mim vezes, então os óculos no meu traje me permitiam regular o quanto eu queria ver disso.
Abaixo de nós eu podia ver três energias tremeluzentes, cerca de dois andares de distância. Uma delas se movia bem rápido e em zigue zague. Devia ser o Bakugo. Mas onde estava a ....
Uma janela atrás de nós explodiu, os cacos voando pra todas as direções.
- E aí!- disse Luna, aparecendo com um sorriso debochado - Desculpa, mas acho que vou ter que levar vocês comigo.
Voltei a enxergar no campo normal. Sorri pra ela de volta e peguei o chicote da minha cintura, agitando-o pra prende-la.
- Vai nessa!- respondo entre dentes ao ver que ela tinha desviado e estava indo na direção do Iida.
Mas ele sabia o que estava fazendo. Ele rapidamente correu na direção da minha amiga e a prendeu contra a parede.
- Eu sinto muito por isso - ele disse enquanto ela se debatia. Ela conseguiu acertar um chute na cara dele e se libertar.
- Não, eu é que sinto!- ela responde e alonga os braços- Tá legal, vamos acabar com isso.
Respirei fundo e ergui a mão pra ela.
- É. Mas eu quero que saiba que eu odeio fazer isso.
Ela franziu a testa, mas não sei importância a isso e me concentrei na energia dentro dela. Em seu espírito. Lentamente fechei dedo por dedo da minha mão esticada, e senti como se estivesse segurando uma corda conectada àquela energia.
Ótimo. Aquilo significava que eu estava no controle dela.
Essa era uma parte do meu poder que eu odiava: Eu podia controlar as pessoas até certo ponto. Podia encontrar o espírito delas, enlaçar ele, e então move-lo como e pra onde eu quisesse.
A única e primeira vez em que eu tentei aquilo antes foi com meu antigo peixe de estimação. E ele morreu quase instantaneamente.
Fazer numa pessoa me deixava nervosa, mas eu só queria fazer ela ficar parada. Move-la seria um problema, mas aquilo não ia ser preciso. Eu acho.
Então uma explosão abaixo fez todo o prédio tremer e eu perdi a concentração no mesmo instante que a Uraraka entrou na sala.
Podia ouvir ela e Iida conversando, mas eu não sei muita atenção àquilo. Tinha alguma coisa errada...
- Ei, você esqueceu de mim?- disse Luna meio abaixada e com a cabeça inclinada.
Fiz um gesto pra que ela ficasse quieta. Ela me devolveu uma expressão indignada.
Voltei apenas a enxergar as pessoas lá embaixo mas a movimentação estava esquisita....
- Bakugo!- gritei no microfone compartilhado por nós-  Sai daí! É uma armadilha !
Não houve resposta. Luna avançou de novo pra mim, mas dessa vez, deixei que ela me pegasse.
- Espera, o que você...?- ela começou a perguntar, mas antes que pudesse terminar o prédio implodiu.
- Salvando minha própria pele- esclareço e saco do bolso as algemas que nos foram dadas pra completar a prova. Coloco discretamente uma das pontas em seu pulso esquerdo - E garantindo meia vitória.
Ela olha pra baixo e ri.
- Acho que não amiga.
Sigo o olhar dela e vejo a Uraraka agarrada à bomba e o sinal indicando o término do exercícios soar. Logo em seguida veia a voz altamente animada do All Migth avisando que a gente deveria se reunir de novo pra avaliação do grupo.

A gente foi péssimo. E não foi nem o relatório do All Migth que disse isso, e sim a interpretação da Momo do que aconteceu.
Ouvi a tudo aquilo com a cabeça baixa, apenas assentando, por que ela tinha mesmo razão. Só fiquei surpresa com o último comentário:
- Se analisarmos bem, os únicos que seguiram de acordo com a ideia, mesmo, foram Iida, Anami e Luna. Eles seguiram o conceito de herói e vilão até o final, e se adaptaram às circunstâncias meio drásticas.
No fim eu não era a única sem palavras. All Migth fez um fechamento, meio sem graça e deu início a próxima partida.
- Ei- disse Luna atrás de mim enquanto víamos os próximos grupos entrando na arena - Naquela hora, antes da Uraraka entrar, o que você estava fazendo, exatamente?
Encolho os ombros, meio envergonhada.
- Ah, desculpa. É uma parte da minha individualidade que me permite controlar tipo... a alma das pessoas. É meio assustador.
Eu imaginava que ela fosse ficar branca de pavor quando eu dissesse aquilo. Mas ela pareceu aliviada.
- Ah. Na verdade isso meio que te torna uma adversaria a altura - ela da um saquinho no meu ombro - A gente se vê por aí.
Aceno pra ela, contente por não parecer tão esquisita quanto eu me achava.

Rainha FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora