Capítulo 9

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Os dias passaram voando e, quando me dei conta, o dia do festival de esportes havia chegado.
Ele com certeza era um evento de prestígio em todo país, mas assim que eu entrei naquela arena gigante, eu sabia que não estava preparada para o que quer que viesse a seguir e muito menos se eu conseguiria manter a minha mentira pra ter entrado com o curso de heróis sem parecer que eu havia treinado o suficiente pra estar ali.
Só ralaxei um pouco quando, no meio da multidão que se juntava diante de um grande palco, uma voz que eu não ouvia faz um bom tempo me chamou.
- Parece que no final das contas você conseguiu mesmo, não é garota?
Me viro e encaro o garoto de cabelos roxos que eu tentei ajudar no exame de admissão da escola.
- Espera então você passou!- falo e coloco a mão no peito pra enfatizar a surpresa de forma exagerada - Eu jurava que era teimoso de mais pra aceitar o meu conselho.
Ele bufa.
- Nossa eu não sabia que você podia ser tão burra e surda assim - inclina a cabeça- Eu entrei no curso de Serviços Gerais. E pretendo ser transferido pro curso de heróis ganhando o festival esportivo.
- Sabe, se tivesse me ouvido você não estaria precisando disso desesperadamente, Lavagem cerebral.
- É Shinsou - ele diz- E vamos ver quem vai estar desesperado quando eu ganhar.
Naquele momento, Bakugo tinha subido ao palco e estava dando o seu belíssimo discurso do " Eu vou ganhar". Eu ri e estreitei os olhos.
- Se depender daquele cara e da minha amiga, isso não vai acontecer - balanço a cabeça- E Eu me chamo Anami. Fica esquisito você só chegar em mim não me chamando de nada.
Ele da de ombros.
- Não é como se eu me importasse.
Rolo os olhos.
Aquela realmente ia ser uma disputa eletrizante. Eu mau podia esperar pra dar um murro na cara desse idiota.

A primeira prova : uma corrida de obstáculos. E pra variar o primeiro obstáculo era a multidão de pessoas correndo loucamente pelo portão de onde se iniciava a prova.
Sabiamente e antissocialmente eu fui a única que ficou pra trás olhando aquela muvuca louca.
Eu sabia que eu podia simplesmente atravessar todo mundo mas tinha um pequeno detalhe que me impedia de fazer isso : sem meu uniforme de heroína, eu atravesso minhas roupas também, e ficar nua em rede nacional não estava nos meus planos.
Se ao menos eu pudesse invocar alguém com uma individualidade que me fizesse passar pro cima de tudo...
- Mas é claro!- exclamou e cerro os punhos- Mas que burra...
Eu sabia muito pouco sobre meu irmão. Tudo o que meus pais me deixaram saber é que ele foi um aluno da U.A que acabou morrendo durante o estágio. Mas eu sempre fui atrás de mais informações sobre ele, porque, na minha cabecinha de criança, ele era incrível.
A individualidade e dele era “nuvem”, o que basicamente permitia a ele controlar e moldar as nuvens. Eu sabia disso por uma série de fotos e relatórios escolares que eu achei numa caixa escondida debaixo de uma tábua no porão. Ele podia usar aquilo pra se esconder e se mover acima das coisas.
Apertei mais os punhos, sentindo a energia pulsar por todo o meu corpo. Fechei os olhos e respirei fundo, me concentrando na imagem mental e em tudo que eu sabia de Oboro Shirakumo, o irmão mais velho que eu passei a admirar e a querer superar apesar de nunca o ter conhecido.
-Por favor- digo, rangendo os dentes - Eu nunca te pedi nada, por favor vem até mim só dessa vez...
-Na verdade eu já to aqui faz um tempo. Mas tava tão bom ver você implorar...- disse uma voz atrás de mim e eu abro os olhos.
Flutuando atrás de mim estava um garoto de cabelos azuis e um sorriso sarcástico. Arregalei os olhos, espantada. Tinha dado certo. Depois de três anos tentando fazer isso, eu finalmente tinha conseguido.
-E então pra que precisa de mim maninha?- ele pergunta e eu balanço a cabeça, espantando a surpresa.
-Tá legal, primeiro uma regrinha básica do meu poder- falo olhando pra baixo, pra ué ninguém pensasse que eu estava falando sozinha - Você pode zanzar por onde quiser, mas se eu te chamar, você vai ser puxado até mim de novo, o que é meio incômodo.
-Tá. É. É legal saber disso- ele diz, assentindo como uma criança recebendo instruções pra uma caça ao tesouro.
-E você também pode usar sua individualidade, mas como é a primeira vez que eu te chamo, acho que vai demorar um pouco pra você poder realmente usar.
-É eu queria ter podido falar com você antes- ele ergue a mão e a coloca sobre a minha cabeça - Mas eu estive te olhando por todo esse tempo. Você é incrível.
Abri a boca pra perguntar o porquê então foi tão difícil e demorado fazer ele aparecer, mas desisti porque eu tava perdendo tempo.
-Ok. A que velocidade você consegue ir com as suas nuvens?
Ele sorri e cruza os braços.
-Uns 120 quilômetros por hora- inclina a cabeça - Ah então quer a minha ajuda pra passar a primeira prova toda por cima?
-Isso- respondo.
-Você sabe que se fizer isso você não vai chamar tanto a atenção não é?- ele questiona.
-Sim. Essa é a intenção - aponto vagamente pra frente- Eles querem chamar a atenção na primeira prova. Mas ela é só eliminatória. Se eu me esgotar agora, não vou poder me destacar nas demais.
Oboro abre a boca pra questionar, mas então arregalo os olhos e fanze a testa.
-Isso é... bem inteligente. Uau - ele da risada e ergue as mãos - Você sem dúvidas é incrível.
Do ponto onde suas mãos estavam uma nuvem começou a se condensar e a aumentar de tamanho. Assim que ela começou a ficar mais visível, eu ergui as mãos também.
-Só você pode me ver?- ele questiona estendendo a mão pra me ajudar a subir na pequena almofada que ele criou em pleno ar.
-É. Pra eu fazer alguém te ver, eu teria que encostar na pessoa e fazer ela enxergar o nível espectral - respiro fundo ao ver a plataforma subindo e começando a se mexer cada vez mais rápido pelo circuito - Eita isso é mais alto do que eu imaginava.
-Você se acostuma - ele diz e coloca uma mão em meu ombro- Mas não se preocupa.
Eu to aqui com você.
Sorrio e enfio as mãos no vapor solidificado abaixo de mim, me inclinando pra manter a velocidade; as pessoas abaixo de mim passando em um borrão.
Tudo o que eu absorvi naquele momento foi a voz do Present Mic dizendo :
- E LÁ VAI ELA! ULTRAPASSANDO OS DEMAIS! MAS O PÓDIO DOS TRÊS PRIMEIROS JA PARECE DETERMINADO!
- Oboro, diminui a velocidade- digo olhando pro meu irmão flutuante e sorridente.
- Tem certeza que não quer ficar em primeiro ?- ele me pergunta fazendo cara de cachorrinho pidão.
- Tenho- insisti e ele fez a minha velocidade diminuir, ainda com aquela falsa cara de tristeza. Rolo os olhos- Mas chegar em quarto não é nada mau.
De repente o rosto dele se ilumina e ele observa o Midorya, o Bakugo e o Todoroki lá embaixo.
- Eu vou te jogar atrás daquele loiro, pode ser?- ele pergunta.
- Espera o que...?!- pergunto mas já era tarde de mais. Ele da uma guinada e eu sou arremessada pelo ar, atravessando a minha de chegada e atingindo o Bakugo por trás.
- Ou! Que Merda...!- ele começou a berrar pra mim mas eu perdi o resto da frase quando minha cabeça bateu com força no chão e um zumbido abafou todo o resto.
- Foi mau maninha - disse Oboro voando até mim e fazendo um joinha pra mim - Você está bem?
Aperto os olhos e balanço a cabeça pra afastar a tontura.
- Bem o suficiente pra próxima prova.

Rainha FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora