Capítulo 43

7 0 0
                                    

Eu arrumei uma noite de folga provisória pra ir visitar a Hari. Ficaria no estágio até as 18 e partiria pra mansão que ela herdara do pai.
Mas os criminosos pela cidade resolveram que não iam deixar eu aproveitar a minha noite, então eu mandei uma mensagem dizendo que iria chegar atrasada quando consegui uma brecha no meio da luta.
- Ghost!- exclamou Tamaki lá embaixo. Ele tinha prendido um dos vilões com que estávamos lidando com um braço de polvo e apontou pro o outro que fugia.
Eu estendi as mãos e enlacei o espírito daquele cara, o controlando e o jogando contra a parede mais próxima. Depois eu flutuei de encontro a ele.
Estávamos lidando com um trio de vilões usuários de drogas amplificadoras de individualidade. Então o que o Tamaki havia imobilizado conseguia cobrir seu corpo de hera venenosa, o Kiri, o Tetsu Tetsu e o Fat Gum estavam lidando com um que se transformou em uma lagosta gigante e o que eu estava prestes a nocauteado pra eu ir pra minha festa do pijama podia se teletransportar.
Me tornei sólida a sua frente e dei um soco em sua cara antes dele conseguir se levantar e resolvi testar um novo truque que eu aprenderá durante a semana.
- Fim da linha pra você babaca - disse e senti um pequeno choque perpassar o meu corpo todo.
O Kirishima descreveu como eu ficava quando usava aquilo na primeira vez que eu o fiz sem querer, quando estávamos treinando antes de irmos em patrulha. Meu cabelo se arrepiada e ficava flutuando ao meu redor. Meus olhos viraravam e mostravam só a parte branca. Minha pele ficava translúcida enquanto eu flutuava e um fio de luz parecia substituir as minhas veias.
Depois eu descobri o que era aquilo. Estar no meu estado fantasma era assumir um estado de plasma, e acontece que esse estado da matéria tinha a propriedade de gerar um campo eletromagnético próprio. Quanto maior a agitação dos elétrons do corpo, maior esse campo. Assim eu descobri que eu podia atrair ou repelir qualquer coisa naquele estado de poder e passara a treina-lo pra não machucar ninguém que eu não devesse.
Um segundo depois o homem a minha frente entrou em uma espécie de órbita ao redor do campo criado pelo meu corpo e foi arremessado pra longe com força, como se um gigante de ar tivesse lhe dado um soco no estômago. Antes que ele se afastasse de mais eu saquei o chicote e o prendi.
O criminoso acabou aos meus pés, inerte e provavelmente com umas costelas quebradas, mas aquilo impediria que ele fugisse.
- Eu cuido dele também- disse Tamaki vindo até mim- Já chamei a polícia e os outros já estão vindo pra cá.
Concodei com a cabeça.
- Pode ir se você quiser- ele continuou e eu pisquei surpresa pra ele - Eu cuido desses dois até os oficiais chegarem.
- Sério?- sorrio e não consigo me conter e dou um abraço meio desajeitado nele antes de me despedir- Você é incrível Sneater! A gente se fala amanhã!
Eu vejo ele acenar pra mim antes de eu sumir nas ruas da cidade.

Eu atrasei cerca de meia hora e quando eu cheguei à casa enorme localizada num bairro de gente rica eu não pude deixar de ficar boquiaberta.
Hari atendeu a porta com um sorriso. Ela tinha cortado o cabelo e tinha olheiras sob os olhos, mas ela parecia bem e alegre.
- Anami! Que bom que conseguiu vir. Entra.
Ela me guiou por um grande saguão e por uma escada monumental até um dos quartos da mansão que tinha o tamanho de um apartamento em um edifício chique. Ele era decorado com vários pôsteres de heróis, filmes antigos e troféus e medalhas de todos os esportes imagináveis.
Sentadas numa grande cama de dossel, Luna e Shizuka pintavam as unhas enquanto houviam Rock no volume máximo.
Quando me viram elas sorriam e acenaram pra mim.
- Desculpa te roubar do estágio- Hari disse, fechando a porta atrás de nós.
- Sem problemas, os meninos aguentam uma noite sem mim - Digo, ainda absorvendo o ambiente- Sua casa é incrível.
- Obrigada- ela baixou o olhar e mordeu o labio- Vem sendo um pouco solitário sem o meu pai aqui e a agência também está um caos, então é bom ter visitas que não me tragam mais papelada.
Ela me emprestou um pijama e logo estávamos as quatro, pintando as unhas, vendo filmes, cantando karaokê e apenas fofocando sobre a vida a noite inteira.
- Hari, então você está mesmo saindo com o irmão do Todoroki?- perguntou Luna enquanto colocava punhados de pipoca na boca.
- O Todoroki tem irmão?- perguntou Shizuka franzindo a testa.
Hari riu e assentiu.
- É. Mais ou menos - ela rolou os olhos- Mas o Natsu é... complicado.
- Pior que o Bakugo não é, fica tranquila- retrucou Shiz e Luna deu um empurrão nela. Minha amiga loira apenas riu- Mas é verdade!
- Nem posso falar nada. Você e a Kendo são a imagem do casal feliz - Luna se virou pra mim depois disso e fez um sinal indicando nojo.
Sorri de lado pra ela e convidei com a cabeça.
- Mas pensei que você tinha dito que estava se acertando com o Shinsou - retrucou Hari.
Dei de ombros.
- Estar acertada com ele não significa que somos um casal feliz - faço um gesto com a mão- Nem de longe. Ele me trata como amiga, e isso não vai mudar tão cedo.
Shiz colocou uma mão em meu ombro e me passou um saco de jujubas.
- Não esquenta com isso. Ele vai te notar- ela baixou a voz e deu um sorrisinho maléfico- Por bem ou por mau.
- A vantagem de ter uma amiga no curso de apoio é ter uma gama de pegadinhas ao seu dispor a qualquer hora - disse Luna e fez uma maneira de falsete pra Shizuka - Oh grande poderosa, obrigada por nos agraciar com sua amizade.
Nós todas rimos.
Um zumbido indicou uma notificação de celular. Hari franziu a testa e pegou o telefone. Assim que o abriu ela fixou branca que nem um fantasma.
- O que houve?- perguntei.
Ela mordeu o lábio e espelhou a tela do celular na televisão pra que todas víssemos. Era uma transmissão ao vivo de um salvamento. Ela mostrava o Endeavor conversando com um garoto de cabelos brancos que devia ser seu filho do meio, Natsu. A manchete anunciava que um vilão que escapou da prisão o raptou por vingança ao pai e foi contido pela agência.
- Eita - sussurrou Luna- Parece que a família Todoroki tem mais problemas do que imaginávamos.
- Nem me fala - sussurro.
- E- Eu preciso...- começou a dizer Hari, se levantando e então fechando os olhos com força e apertando as palmas das mãos contra eles.
- Pode ir até lá se quiser- digo sorrindo pra ela - A gente te espera aqui.
Ela suspirou e balançou a cabeça. Depois olhou pra um relógio na parede e balançou a cabeça de novo.
- Não é que... Eu posso tentar impedir isso.
Eu, Luna e Shizuka nos entreolhamos.
- Como assim?- perguntou Shiz.
- Eu não falo muito da minha individualidade, mas ela me permite viajar no tempo - disse ela- Eu posso voltar ou adiantar em até uma hora. Se isso aconteceu faz pouco tempo eu posso tentar...
Ela fez uma pausa e se sentou novamente ao meu lado.
- Mas isso geralmente me esgota e sempre trás uma espécie de... efeito colateral- completa.
- Tipo, trás um dinossauro de volta?- pergunta Luna subitamente interessada.
- Tipo isso- disse Hari - E isso pode afetar a vocês também, então talvez ligar pra ele seja uma ideia melhor.
Coloco uma mão em seu ombro e sorrio pra ela.
- Tem certeza disso?
- É, a gente não se importa de ficar com três olhos daqui uns segundos - disse Shiz e nós rimos.
- Eu tenho- Hari pegou um controle remoto e piscou pra mim - Agora vamos assistir filmes até cair no sono.
E foi isso o que fizemos. Aquela foi realmente a melhor noite que eu tive. Eu só não sabia que eu demoraria pra ter momentos como aquele de novo.

Rainha FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora