Sobreviva.

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Capítulo 28

É preciso encarar a dor da perda de frente. Por mais que isso doa, massacre. É preciso ser forte, mas também podemos nos permitir sofrer. A força é justamente reconhecer o tamanho da dor, vivê-la, tentar sobreviver a ela, e um dia transformar essa dor em saudade, sabedoria, maturidade.

Benjamin Vitale D'Angelo

Os últimos dias foram difíceis com a perca recente de Susana, Car estava mal mas oque mais me preocupava era que a mesma não estava dirigindo a dor, ela passou os últimos dias dentro de casa específicamente no quarto trancada e ficava lá debaixo dos lençóis apenas vendo o tempo passar, sem ânimo para qualquer atividade ou para comer, eu tinha que a obrigar.

As noites eram piores se antes ela tinha pesadelos, agora ela acordava gritando pela mãe implorando para que fosse mentira, implorando para ela voltar. Neste momento estou levando algo para ela comer, antes que ela fique anêmica, ando em direção ao nosso quarto, entrando no mesmo logo vendo que algo está errado, ela não estava em nenhum local do ambiente, coloco a bandeja com a comida em cima do criado mudo e vou até o banheiro vendo a porta entre aberta.

Olhei para o chão vendo vários cacos de vidros no chão e o espelho quebrado, levei meus olhos ao box e ela estava lá sentada com o rosto sobre o joelho e a mão machucada, ela estava encharcada, desliguei o chuveiro e ela olhou para mim.

- Desculpe - Falou - Eu não sei oque aconteceu, eu sentir uma raiva dentro de mim e não pude controlar

- Tá tudo bem, é só um espelho, agora eu vou cuidar de você, antes que você pegue um pneumonia o espelho não importa - Digo pegando ela no colo e lavando ela para o quarto e colocando a mesma sentada em um banco que fica em frente a cama - Tira a roupa!

Digo e vou para o closet e pego uma camisola dela e duas toalhas, e volto para mesma que já está sem roupa, coloco a camisola sobre a cama e me viro para Car e dou uma toalha para ela que pega passando a mesma envolta do corpo, pego a outra toalha e começo a enxugar seu cabelo, vejo o seu olhar baixo.

- Você não está me dando trabalho! - Digo.

- Não mente para mim, você mesmo disse que odiava mentiras - Diz e eu dou a volta pelo seu corpo parando a sua frente, logo levo minhas mãos ao seu rosto fazendo a mesma me olhar, e o acaricio e olho nos seus olhos.

-  Na alegria e na tristeza, lembra? - Pergunto e a mesma concorda - Não tô cuidando de você porque é minha esposa, estou cuidando porque eu me importo e detesto te ver assim

Ela me abraça forte, e eu levo minha mão direita ao seu cangote fazendo um carinho nela, sei que ela se acalma quando faço isso, solto ela e beijo sua testa.

- Agora vamos te vesti e comer! - Digo indo até a cama e pegando a camisola, vendo que a mesma retirou toalha não se importando que eu estava vendo a sua nudez, neste ponto ela mudou bastante, não se incomoda mais em ficar despida na minha frente, vou até ela e coloco a roupa na mesma.

- Você sabe que eu posso fazer isso sozinha não é? - Diz me olhando, seus olhos estavam inchados.

- Gosto de fazer isso - Respondo para ela enquanto caminhamos para cama - E nada me garante que você vai comer por conta própria

Digo pegando o prato que havia na bandeja, junto com o garfo logo dando a comida em sua boca, vendo a mesma comer, enquanto não tira os olhos de mim.

- Por que você insiste em ficar aqui comigo? - Pergunta e em seguida bebe o suco.

- Por que insiste em não deixar eu cuidar de você e me aproximar? - Perguntei e dei outra colher em sua boca, que logo comeu mas se manteve calada - Está com medo de um dia eu deixa-la?

Ela me olhou e logo em seguida abaixou a cabeça outra vez, acho que eu fui indelicado.

- Desculpe - Digo levando a colher a sua boca e ela vira o rosto recusando.

- Eu não quero ter o risco de perder mais ninguém que é importante para mim - Diz - Se eu mante-lo afastado eu não precisarei ter medo de perder-lo

- Você nunca vai me perder - Digo colocando o prato no criado mudo e logo em seguida a abracei, olhei para mesma que tinha o olhar voltado para mim, seu olhar tinha raiva - Eu prometo.

-  Você não pode me prometer isso - Grita e começa a dar vários soquinhos no meu peito, lágrimas surgem novamente molhando suas bochechas e eu aumento o aperto do meu abraço - Ela dizia a mesma coisa, que nunca ia me deixar, que estaria comigo sempre..

- Isso põem para fora - Digo e sinto seus braços me envolver - Shii tá tudo bem, pode chorar

- Eu queria ter feito alguma coisa... - Diz mais calma.

- Eu sei que queria, sei que acha que poderia ter feito algo para salva-la e está se culpando agora por chegar tarde de mais - Digo sabendo qual é a sensação que ela está sentindo agora - Mas você tem que se libertar da culpa só assim você vai poder seguir em frente...

Acho que no fundo eu não queria deixa-la só porque eu me identificava com a dor que ela estava sentido, por saber que me afastar mesmo que ela queria neste momento não seria a melhor escolha, pelo contrário só a deixaria amargurada e solitária, e ela não merece.

Vou ficar ao lado dela não importa a situação, até ela se erguer eu serei sua muralha e o seu porto seguro mesmo que ela não queira.

O Don Benjamin Onde histórias criam vida. Descubra agora