Flash on Back

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Capítulo 67

Filippo Ferriero

Estamos indo a caminho do "tribute", uma espécie de tribunal que julgamos e analisamos questões como essa do sumiço do Don, para decidir quem vai assumir temporariamente a sua posição, temos que chegar em consenso já que se escolhermos a pessoa errada pode ser fatal.

Caroline está do meu lado, eu notei pequenas mudanças em sua personalidade, por exemplo ontem quando voltarmos do hospital, a mesma cravava as unhas na pele macia das suas mãos  e hoje seu rosto mostra uma feição fria quase como se ao meu lado estivesse outra pessoa.

Seu olhos antes dóceis agora esbanjam ódio e raiva, e claro um pouco de aflição, sua respiração não está irregular como antes pelo contrário está controlada, eu já havia notado antes alguns colapsos de personalidade mas eu me dei por acreditar que era momentos onde ela tivera muita adrenalina no corpo ou até mesmo coragem momentânea.

- Você pode perguntar - Sou tirado dos meus pensamentos, quando Caroline fala comigo -  Eu sei que está curioso

- Com o que exatamente? - Pergunto dirigindo enquanto a espreito com os olhos.

- Me diga você, Ferriero - Ela diz parecendo me analisar.

- Você está assustada? - Pergunto sendo curto - Quero dizer, está preste a enfrentar vários mafiosos machistas que são como hienas famintas apenas esperando para dar o bote na presa e você está indo direto para a toca deles

- Não - Ela responde, calmante dando uma pausa - Eu convivi por muito tempo com "hienas" - Ela faz aspas com as mãos - E até mesmo carniceiros, é inevitável a vida te leva á um momento que você continuará sendo a próxima presa ou se tornará o predador é uma hierarquia ruivo, um ciclo interminável - Ela diz e olha para frente - Ou você está em cima ou em baixo

- Interessante o seu ponto de vista - Digo, não puxando mais assunto.

{ Flashback on }

- E então, o que você descobriu? - Benjamin pergunta enquanto analisa alguns papéis - Alguma coisa fora do normal em relação a ela? - Eu rio levando meu copo com whisky a boca dando uma bela golada no mesmo.

- Nada fora do normal, sua noivinha é perfeita para ser esposa do capo - Eu digo com uma dose de ironia na minha voz, o que faz o mesmo erguer as sobrancelhas enquanto me lança um olhar sugestivo - No entanto algo me incomoda

- Está esperando que eu o incentive a dizer? - Ele fala sério.

- Não - Dou uma pausa, me sentando a sua frente - Você sabe que eu falaria de qualquer maneira

- Vá enfrente - Ele diz voltando a olhar para o papéis.

- Durante esse tempo que fiquei analisando a sua noivinha - Quando eu digo analisando quero dizer vigiando é claro - Percebi que ela é de sí própria, sua nêmesis , bem analisando clinicamente ela tem alguns comportamentos que indicam que ela sofre de um transtorno dissociativo de identidade

- Filippo você poderia falar na minha língua? - Ele para agora focando sua atenção em mim - Sei que adora se gabar pelo seu diploma em psicologia mas alguns meros mortais, não entendem o que você diz meu amigo

- Vou ser legal e explicar - Digo abrindo um sorriso, poucas pessoas sabem que me formei em psicologia isto é uma vantagem porque adoro analisar as pessoas sem que elas percebam que estou fazendo-o - Bom cada pessoa tem sua própria forma de reagir a situações de risco de vida ou experiências inesperadas, um determinado indivíduo que passa por uma situação traumática pode sentir medo e ficar impressionado, enquanto outra pessoa que passa pela mesma experiência pode sentir-se chocado e agradecido por estar vivo - Dou uma pausa - Portanto, as reações podem variar muito de pessoa para pessoa

- Si, procedi - Ben diz atento a cada palavra que eu digo.
{ Sim, prossiga }

- O transtorno dissociativo de identidade costuma ocorrer em pessoas que passaram por estresse ou trauma devastador durante a infância - Explico - Sua noiva se encaixa na forma não possessiva - Dou uma pausa - As diferentes identidades não costumam ficar tão evidentes aos observadores e ao  vez de agir como se outra pessoa tivesse assumido o comando, a pessoa com essa forma de transtorno dissociativo de identidade pode se sentir desconectada de aspectos dela própria

- Como se estivesse assistindo a si mesma em um filme ou como se estivesse vendo uma pessoa diferente? - Pergunta e bingo, ele está certo.

- Exato, de repente, ela pode pensar, sentir, dizer e fazer coisas que não consegue controlar e que parecem não pertencer a ela - Explico - Por exemplo posturas, opiniões e preferências podem mudar de repente e, então, voltar como se nada tivesse acontecido

- Interessante - Benjamin diz e eu olho.

- Ainda pode desistir desse casamento e encontrar uma outra noiva - Digo ele dar um sorrisinho de canto.

- Por que eu faria isso? - Ele sorrir - Você mesmo disse que ela era perfeita para ser a noiva do don, e além do mais eu não tenho tempo para escolher outra, Caroline vai servir

- Claro que vai - Digo virando o restante do whisky de uma vez - Sabe ela me lembra a Anne - Digo vendo o mesmo apertar a caneta que está em sua mão com força.

- Filippo - Ele me olha - Já fez o nescessário, pode voltar aos seus afazeres

- Uma hora você vai ter que falar sobre isso Don - Digo saindo da sua sala, e posso que o mesmo jogou o copo na parede.

{ Flashback off }

- Filippo! - Caroline estala os dedos a minha frente, me trazendo de volta a realidade.

- Oi? - Eu olho para ela e vejo que estamos parados em frente ao tribute.

- Eu disse que chegamos - Ela me olha - Você está bem?

- Sí, só estava divagando - Digo por fim descendo do carro, e dando a volta no mesmo para abrir para a Caroline.

- Obrigada - Ela diz me dando um sorriso meigo.

O Don Benjamin Onde histórias criam vida. Descubra agora