Motivos

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Capítulo 57

Dizem que no momento em que um bebê nasce, simultaneamente uma outra versão sua nasce em outro lugar, mas isso é subestimado demais no entanto não paramos por aqui, dizem também que quando a versão original toma uma decisão desencadeia uma série de acontecimentos contrários a suas escolhas... Mas e quando suas escolhas são tomadas por você?

Eu venho de uma longa geração de pais e filhos "nobres" que carregam o seu sobrenome batendo no peito com orgulho, filhos que honraram seus pais ao serem o que foram lhe imposto, a vida com certeza para eles eram apenas beleza e liberdade, mas não eram para filhas.

Poder. Sofrimento.
Ser uma filha que carregava o tal sobrenome era algo como uma moeda de troca, elas eram obrigadas a casar com alguém de grande de porte e poder para que o sobrenome ficasse maior a cada geração. "Tudo por poder, é pelo bem da família, você pode parar de ser egoísta e pensar na sua famiglia?"

Se você tem poder, você pode fazer o que quiser.
Pelo menos foi o que foi dito a mim, fazer tudo pelo poder era uma uma justificativa "plausível" para todas as atrocidades que as filhas, mães, tias, avós sofriam ao longo das gerações..

"Amor? Amor..
Para que serve? Nada."
"Seu corpo é um músculo, um objeto então use-o"
"Se você não consegue usá-lo, então você é inútil"

Essas são algumas das várias coisas que crescemos ouvindo da boca de quem deveria nós proteger e amar. Eles nos quebram de dentro para fora nos moldam ao seu desejar, meros objetos.

Mas ainda sim, eu casei contra a minha vontade, no início ele era doce como um anjo, e dedicado como uma leoa procurando alimentos para seus filhotes, ilusão.

A mais belas das ilusões, mais a frente eu descobri sua verdadeira face um leão em pele de cordeiro, um velho nojento sem escrúpulos acostumado a ter tudo o que desejava a força e assim ele me teve.

Até que um dia por uma trágica casualidade do destino meu marido morreu por uma parada cardíaca. Eu podia ter-lo salvado mas no momento em que seu coração dava as últimas batidas eu vir minha liberdade dar o primeiro ressoar do seu nascimento.

Foi uma história tão....Feliz...
Eu me afastei da toxidade minha "família" e comecei a viver por mim, de nada versões minhas em universos paralelos.

Fui seguindo minha vida até que eu conheci o Benjamin, ele era diferente da maioria dos homens que eu havia conhecido aqui na famiglia, ele era educado e sério, um pouco arrogante eu confesso mas nunca destratou ninguém pelo seu sexo e corpo, eu o queria para mim.

Eu fazia de tudo para ter sua atenção para mim, eu ia as festas que eu tinha certeza que ele iria, me arrumava do mindinho até o último fio de cabelo para ter sua atenção, e eu obtive.

Ele sempre foi respeitoso comigo, nunca agiu como se estivesse usando apenas meu corpo, saímos para jantar várias e várias vezes mas o melhor de tudo... Ele me ouvia. Benjamin fez eu me sentir amada pela primeira vez e é por isso que eu não quero abrir mão dele.

Meu coração foi preenchido por ele, mas logo virou caquinhos novamente quando a notícia chegou até mim que ele iria se casar com outra, o homem que eu amava estava escapando pelas minhas mãos o futuro no qual eu estava idealizando parecia novamente longe.

Confesso que quando se trata dele eu fico cega, e irracional mas o amor não é isso? Irracionalidade barata? Por isso eu fiz tudo o que eu fiz.. usei a morte do meu pai a meu favor usei o Mário para engravidar no mesmo dia em que o Benjamin me visitou bêbado e inventei que o filho que eu espero é dele.

Eu sei que essa mentira pode custar a minha vida mas é um risco que estou disposta a correr, e para que nada atrapalhe o meu plano eu vou ter que tirar o Mário do meu caminho suas chantagens estão me enlouquecendo.

Eu sei que posso conquistar-lo ainda eu sei que no fundo ele me ama, eu só tenho que tirar aquela songa monga dos nossos caminhos, eu preciso matar dois coelhos com uma cacetada só.

{ Em algum paradoxo futuro... }

A vida parece está escapando entre os meus dedos, minha vista começa a escurecer. Então esse é o meu fim? Todas minhas escolhas me trouxeram para este exato momento, essa minha obsessão doentia me destruiu.

...Eu não quero morrer ainda...

Tudo o que eu ouço são sons de tiros, e gritaria, pessoas passando para lá e para cá enquanto meu sangue começa a fazer um tapete vermelho no chão.

Meu filho..
Salvem o meu filho..
Eu tento falar mas parece que as palavras só ecoam na minha cabeça ninguém vem até mim.

Até que inesperadamente alguém que eu não esperava entra no meu campo de visão, ela parece está desesperada como eu, perdida, suas mãos estão trêmulas, sua respiração está escassa, suas roupas estão sujas de sangue e em uma de suas mãos, acho que a direita ela segura firmemente um revólver.

Espero que em algum lugar alguma versão de mim possa está sendo feliz, amando e tendo tudo que eu sempre sonhei, espero que não tenha tido uma vida tão miserável com a que eu tive e que os momentos bons sejam constantes.

xxxxxxxxxx

Quero postar uns cincos capítulos de uma vez fica bom assim?

O Don Benjamin Onde histórias criam vida. Descubra agora