Capítulo 73
Filippo Ferrieiro
Tic.
Esculto vozes incessáveis, a todo momento como se tivesse no meiode uma multidão, e pior como se eu estivesse distante do local onde vem o barulho.
Tac.
Armas são engatilhadas sem parar, minha própria arma se encontra engatilhada, pronta para atirar, então por que eu não o faço? Por que minhas mãos se encontram tão gélidas?
Tic.
Fleches de memórias passam diante dos meus olhos sem parar, eu posso vê-las como se estivessem acontecendo nesse exato momento mas eu tenho certeza que não é o caso.
Tac.
Esse maldito ponteiro que não para de ressoar na minha cabeça, como um eco está me deixando fodidamente enlouquecido.
Eu estou bem.
Eu estou bem.
Eu estou bem.Fico repetindo para mim mesmo, apesar do medo constante que algo ruim possa acontecer, da ansiedade para que tudo acabe logo, de que eu não perca um irmão, de que nenhuma bala encoste na pele dele.
Eu minto para mim mesmo, minto para todos.
Me olho no espelho e não gosto do que eu vejo, porque eu estou vivo mas não estou vivendo, meu pequeno pedestal mais uma vez abalado.Por favor esteja vivo..
Maldita hora em que concordei com este plano.- Consigliere! - Ouço me chamarem, e sou obrigado afastar todos os meus pensamentos para o mais longe possível, preciso me concentrar na missão, preciso que minha mente esteja limpa.
- Sí? - Respondo, sem nenhuma feição no rosto.
- Aguardando instruções de comando - Ele diz, e só neste momento eu noto que a movimentação parou, todos estão me olhando, esperando algo de mim.
- Atención cabrones, no admito errores tienen miedo de morir y no regresar con sus familias? Tienes miedo de salir lastimado? - Pergunto não esperando a resposta - No me importa en absoluto, si quieres renunciar a esta vida esta es tu oportunidad, para los que tienen el coraje y permanecen en ella, agárrate al miedo, eso es lo que los mantiene vivos.
( Atenção seus bastardos, eu não admito erros estão com medo de morrer e não voltarem para suas famílias? estão com medo de se machucarem? - Eu não me importo nenhum pouco, se quiserem desistir desta vida está é a chance, aos que tem culhao e permanecem nela, aguarrem-se ao medo é isso que os mantém vivos )
Nenhum soldado ouça desistir ou ao menos olhar para o lado, eles ficam apenas aguardando ordens, diferentemente de Benjamin não sou tão empático em relação ao trabalho, desligo totalmente minhas emoções, não pode haver erros.
- Muito bem - Digo - Ouçam bem, vamos cercar a propriedade ninguém entra ou sai, avancem em grupos ou duplas - Dou uma pausa - Sou o único que estará só, quero que executem a missão com o mínimo de fatalidades possíveis - Eles concordam - Se for inimigo atirem para matar - Instruo - Vamos tirar o Don das mãos deles sem nenhum arranhão ouviram?
- Sí - Eles respondem em coro.
- Estão esperando o que? - Pergunto - Andiamo porra
Digo e eles começam a se dispersar, e eu faço o mesmo. No fim as memórias que eu nunca quis revisitar, que tanto evito sempre voltam a tona, me fazendo lembrar o quão sozinho eu me sinto, o coração da Annelise batia por Benjamin Vitale D'Angelo, ela o amava e ele a amava, o mesmo foi uma parte importante dela e vê-lo se machucando e na pior das hipóteses morto seria como perda-la uma segunda vez.
Levo minha mão esquerda ao meio do meu peito, posso sentir cada maldito tic, tac que meu coração dá, eu sinto como se meu fosse uma bomba esperando só o momento de explodir. Esculto um barulho alto de tiros, e corro na direção de onde o som vem e vejo uma cabeleireira loira com alguns fios grisalhos, pela silhueta familiar eu diria que é a Ângela, eu vejo sua roupa manchada de sangue e pelo local de onde provavelmente ela foi baleada, eu diria que ela entrou na frente da bala para proteger o filho, pois o mesmo está socando um cara com muito ódio, pulo a sacada da escada caindo direto no saguão, tirando o mesmo de cima do cara.
- Hijo de puta - Dou um soco nele, enquanto falo em espanhol - La próxima vez que planees un plan tan arriesgado te mataré yo mismo
( Filho da puta - Da próxima vez que planejar um plano tão arriscado eu mesma te mato )- Sua água de salsicha desgraçada - Ele rir enquanto passa a mão no maxilar - Nunca fiquei tão feliz por levar um soco
- Olha boca seu.. seu.. - As palavras tentam sair mas é inútil- Nunca mais faça isso - Digo e logo sinto um baque e mãos me envolverem, Benjamin me abraça e logo eu retribuo.
- Nunca mais irmão - Ele diz, e se afasta - No fim das contas é muito bom estar vivo
- Você tem razão..
- A minha esposa? - Seu semblante muda de aliviado para preocupado instantaneamente - Como ela está?
- Não se preocupe sua esposa é o verdadeiro sentido da palavra ressignificar - Digo - Como você bem sabe, sua esposa não é fraca
- Certo - Ele diz - Precisamos sair deste inferno maldito a Ângela foi baleada precisa remover a bala o mais rápido possível
- Os soldados estão a postos - Digo - Vamos por aqui!
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O Don Benjamin
Romance"𝑶 𝒂𝒎𝒐𝒓 é 𝒖𝒎 𝒋𝒐𝒈𝒐 𝒅𝒆 𝒎𝒆𝒏𝒕𝒊𝒓𝒂𝒔 𝒆 𝒕𝒓𝒂𝒊çõ𝒆𝒔" Benjamin é o Chefe da máfia italiana, acostumado a ser livre e não ter que dar explicação a ninguém, sempre evitou o casamento e aproveitou a vida noturna como um verdadeiro cafaj...