Maternidade

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Capítulo 72

Caroline Vitale D'Angelo

Uma fração de segundo, uma pequena fração de segundo é suficiente para uma confiança ser quebrada, para um amor ser desfeito, para uma opinião ser mudada e para a morte passar bem diante dos seus olhos.

Uma fração de segundo, é o suficiente para ver todos os erros cometidos e todas as coisas que gostaria de fazer e não foram feitas serem expostos, o tempo é escasso e ele foge entre suas mãos, ele não para, ele sempre dá um jeito de continuar.

Ou você fecha os olhos e fica no automático não vendo a vida passando e só te levando conformado ou você fecha os seu pulso com força e abre os olhos para ver o que é mais importante.

Eu achava que fugir era o suficiente, ignorar os meus medos fingir que eu estava em um pequeno pedestal achando que nada poderia me derrubar, mas o quanto eu estava enganada? Muito.

Eu não quero mais fugir.
Ou eu acabo com isso aqui, ou isso acaba comigo.
E eu prefiro que seja a primeira opção.

Neste exato momento Filippo está indo ao local onde o Ben deve se encontrar, estou sentindo meu coração pulsar tão aceleradamente e minhas mãos tremulas, e eu só consigo pensar que muitas pessoas ficam procurando motivos pra ficar ocupadas só para disfarçar a ansiedade, o seu ativismo é um modo de fugir de si mesmas.

Elas obtêm um pseudo e temporário senso de vivacidade correndo de um lado para o outro, como se estivessem realizando algo só pelo fato de se movimentarem, ou como se estarem ocupadas fosse uma prova de sua importância.

E eu me sentir assim, eu gostei da sensação de pertencer a alguma coisa, de ter um propósito só qual me dedicar, quando tudo isso finalmente acabar eu não quero continuar sendo uma esposa modelo, vou arrumar algo para me empenhar.

Meus gêmeos parecem concordar com está decisão já que sinto um chute forte em minha barriga, seremos enfim uma família. O que me lembra que tenho que ir visitar o meu filho na maternidade, finalmente podemos respirar.
Eu posso.

Entro no carro o qual sinto o olhar do motorista sobre mim, perguntando indiretamente qual o meu destino, logo peço para ele me levar para maternidade e o mesmo começa a dirigir, o silêncio se faz presente e interminável, eu posso contar mentalmente cada infinitas voltas os pneus podem ter dado até que finalmente o mesmo para e posso ver o hospital.

Espero que o meu bebê logo saia da incubadora, tantas coisas ocorrendo ao mesmo tempo que o bambino não foi nem ao mesmo registrado. Vejo uma enfermeira se aproximar.

- Mi scusi signorina, cosa sta cercando? - Ela me olha da cabeça aos pés com um olhar julgador.
( Com licença senhorita, o que está procurando? )

- A maternidade - Falo a encarando - Quero saber como o meu filho está - Digo firme e ela começar a sorrir.

- Scusi, vieni da un reparto psichiatrico? - Pergunta entre risos - Tutti sanno che in questo ospedale vengono curati solo i membri anziani e gli uomini
( Perdão, a senhorita saiu de alguma ala psiquiatra? - Todos sabem que apenas membros do alto escalam e homens são tratados neste hospital )

- Creio que você está interpretando de maneira incorreta - Digo mas antes que eu termine minha frase alguém me interrompe.

- Senhora D'Angelo muito bom vê-la tão rapidamente - A mulher diz, e logo que me viro em direção ao som da voz a reconheço de imediato era a médica que fez o parto do Massimo - Em que posso ajuda-la?

- Eu estava procurando a maternidade mas essa enfermeira afirma que a mesma não existe? - Arqueio a sobrancelha olhando para a mesma.

- Espero que possa perdoa-la senhora - Da uma pausa - Assim como eu, a maternidade é nova, o Don Benjamin mandou preparar esse espaço assim que descobriu que a senhora estava grávida

- Como? - Digo surpresa - Em dois meses ele fez isso?

- Não senhora, desde do primeiro mês de gravidez ele começou a preparar esse espaço- Deu uma pausa - Ele temia que pudesse ocorrer um parto prematuro afinal os bebês são gêmeos e temendo pela segurança dos bebês ele permitiu que pouquíssimas pessoas ficassem sabendo sobre o mesmo

- Eu.. - Eu não estava consiguindo acreditar nas palavras que acabei de ouvir, então Benjamin sabia desde do início que eu estava grávida, por que ele não disse nada? - Ele..

- Licença doutora você di-disse D'Angelo? - A enfermeira gagueja - Dos Vitale D'Angelo?

- Sí - A médica responde.

- Per favore, signora, perdonami - A enfermeira cai em prantos.
( Por favor senhora, perdoe-me )

- Da próxima vez trate a pessoas bem - Dou uma pausa - Indepedente de gênero, origem ou sobrenome - Digo por fim - Estamos entendidas?

- Sí senhora - Diz abaixando a cabeça.

- Agora eu gostaria de ver o meu filho - Falo.

- Claro, por aqui - Ela diz sorrindo enquanto abre espaço, me dando passagem.

Antes de ver o Massimo, eu coloco algumas roupas especiais e uma máscara para que nada comprometa a saúde do bebê que está lutando pela vida. Neste momento a única coisa que nos separa é o vidro da entubadora, ele é tão pequeno e indefeso como se pudesse escapar das minhas mãos a qualquer momento.

Ele é tão precioso, tão parecido com a Andréa, a pele branquinha, os fios de cabelo ralos tão negros quanto carvão, o rosto arredondado e quase posso ter certeza que os seus olhos são puxando a ela.

Sinto a minha bochecha úmida, levo a costa da minha mão até a mesma e noto que uma lágrima involuntária me escapou, eu realmente sinto como se ele fosse meu e de certa forma agora ele era.

- Andréa onde que que esteja sabia que farei de tudo para que o nosso pequeno anjinho Massimo Micci Vitale D'Angelo, seja bem cuidado - Sussurro - Eu prometo

O Don Benjamin Onde histórias criam vida. Descubra agora