Capítulo VI

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                              (Renan)

   — Oi pai, oi mãe —. Digo ao encontrá-los, eu estava tão feliz que não cabia dentro de mim.

   — Oi Renan, você estava incrível —. Meu pai disse e bagunça meu cabelo.

   — Você tem que prestar atenção nos braços quando for girar —. Minha mãe sempre severa disse, eu já deveria ter se acostumado com sua insatisfação, porém hoje era uma noite muito especial para mim e ela poderia pegar leve.

   — Obrigado pelo seu parabéns —. Digo e saio irritado em direção ao meu camarim.

   — Nunca nada é suficiente pra você —. Resmungo, era sempre assim, minha mãe nunca dizia nada positivo, sempre procurava defeitos em tudo o que eu fazia.

  Entrei e rapidamente eu tinha que me trocar, uma das exigências que o diretor da peça me fez era de ir a esse jantar. Afinal era o senhor Adamastor um dos maiores patrocinadores da cultura da cidade.

  Me olhei no espelho, eram tantos sentimentos que não sabia se sorria ou chorava. Mas o sucesso me fazia sorrir.

  Quando eu já estava terminado, alguém bate a porta.

   — Espere um pouco estou me trocando —.

   — Sou eu Renan —. Era a voz do meu pai.

   — Entre —. A maçaneta girou e ele entrou, estava com sua mesma cara de preocupação com alguma coisa.

   — Olha só como você cresceu —. Disse, não era muito o seu estilo prestar atenção em mim, nem muito menos me elogiar. Por isso fiquei feliz e curioso com aquele momento.

   — Bom eu precisava crescer, não é? —.

   — Só passei pra te dar parabéns —.

   — Ah obrigado —. Alguma coisa em seu olhar não estava normal, como se alguma coisa tivesse acontecido.

   — Bem vamos para o jantar do Adamastor? —.

  — Vamos —.

  
                           (Heitor)

   — Já vieram ao meu restaurante antes? —. O velhote perguntou.

   — Não, nunca —. Minha vó respondeu, se ele não tivesse claramente dando em cima dela eu diria que ele era uma pessoa extremamente gentil.

   Ele pessoalmente nos conduziu até uma imensa mesa, que estava posta no salão, havia lugares para muitas pessoas.

   Ele se sentou na cabeceira e pediu que sentássemos a sua direita, devagar os outros lugares foram sendo ocupados. Muitos bailarinos sentaram-se a mesa.

  Quando tentavam sentar nos dois lugares perto de Adamastor ele dizia que o lugar estava ocupado.

  Sem nenhuma surpresa, o talentoso é explosivo bailarino apareceu, ele tentou sentar na outra ponta da mesa. Mas Adamastor o interrompe.

  — Romeu, eu insisto que sente-se aqui nesse lugar, ao lado de sua Julieta —. Ele olhou para um casal ao seu lado, creio que sejam seus pais e então veio em direção ao lugar indicado.

  Ao sentar, ele olha rapidamente para mim e nossos olhares se cruzam, noto um pouco de alegria, julgo ser pela apresentação ter dado tudo certo.

   — Ah meu filho, você estava tão incrível, como você dança —. Minha vó disse se dirigindo ao bailarino. Ele olha supreso para ele e sorri de uma maneira bem verdadeira.

   — Obrigado senhora, você está linda —.

   — Renan, essa é Olga —.

   — Encantado senhora —. Ele diz, ao que parece ele tinha muitas boas maneiras e elegância.

   — Igualmente meu jovem — Ela sorri — Esse é meu neto Heitor —. Seu olhar se dirige a mim vejo um cínico sorriso em seu olhar.

   — Muito prazer Heitor, me chamo Renan —. Ele estende a mão, eu olho por um tempo e então aperto.

   — Muito prazer Renan —.

   Depois foi a vez de vovó elogiar a bailarina que fez a Julieta. Até que a comida chegasse, ficou um clima de desvio de olhares na mesa, eu olhava para todos os lados menos nos olhos de Renan.

   Ele conversava com a bailarina ao seu lado e também com o velhote. Vovó tagarelava como aquele lugar era incrível. Adamastor falava um monte de bobagens para ela.

   — Heitor diga-nos, onde trabalha? —. Adamastor pergunta, me tirando do estado de transe que minha mente estava.

   — No corpo de bombeiros —.

   — Foi ele quem fez a vistoria Adamastor, no teatro —. O prefeito diz na outra ponta da mesa.

   — Posso ficar tranquilo em saber que aquele prédio nunca mais pegará fogo? —. Adamastor pergunta-me.

   — Se ele for bem cuidado, nunca pegará fogo — Digo.

                            (Renan)

   O bombeiro com cara de retardado falava com propriedade como poderia ser evitado um incêndio. Confesso que é até um pouquinho interessante. Sua avó era uma mulher muito bonita, elegante e gentil. Mas o coitado do neto parece não ter puxado muito.

  Eles conversavam muito entusiasmados, quando olhei para a outra ponta da mesa, Cassiano estava com o olhar bem fixo no bombeiro.

  — Nossa, parece que ele vai comer o bombeiro com os olhos —. Violeta sussurrou no meu ouvido.

  — Pensei que o capacho dele fosse o suficiente —. Respondi e ela sorriu.

  — Mas amigo, olha esse homem, até eu que sou lésbica pegava ele —. Olhei rapidamente, ele ainda falava.

  — Hum... —.

  — Vocês que se entendam —. Desvio dessa conversa, pego meu celular e fingo estar fazendo alguma coisa muito importante.

   O jantar começou a ser servido, fiquei olhando para as mãos do bombeiro, para ver se ele sabia usar talheres ou era mesmo um homem das cavernas. Sua avó cochicha alguma coisa em seu ouvido e ele pega os talheres de maneira correta.

                                   •••

   O Sr. Adamastor conversava com Heitor e sua avó, ele a fazia rir, mas a expressão de seu neto deixava transparecer o imenso ciúmes que ele sentia. Era mesmo muito infantil, pensei.

   — Onde fica o Toilette? —. O bombeiro perguntou, Adamastor indica-o, ele se levanta e vai naquela direção.

   Não sei como, mas acabei me atrapalhando e a minha taça de vinho acabou caindo em cima de meu terno.

   — Droga — Digo, todos olham para mim e fico morto de vergonha — Preciso ir ao Toilette —.

   — Calma Renan, não conto as vezes que isso aconteceu aqui —. Adamastor diz.

   Me levantei e fui caminhando em direção ao Toilette, lembrei que o bombeiro estava lá, se eu pudesse iria no feminino para evitá-lo, mas eu não podia.

   Entrei e fui direto para a pia, desabotoei meu terno, e peguei uma toalha para tentar limpar o estrago.

   — Droga de zíper —. Ouço o resmungo do bombeiro, queria apenas acabar antes que ele me visse aqui.

   A mancha não saia por nada, então decido apenas secá-la e voltar a mesa. Tiro a camisa e coloco em frente te ao secador de mãos.

   A porta de uma das cabines se abre e lá de dentro sai o bombeiro que me olha curioso e vem em minha direção.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

 
       

  

  

  
  

O vôo do CisneOnde histórias criam vida. Descubra agora