Capítulo CXLVII

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(Heitor)



Lá estávamos nós dois, sentados na mesa da cozinha, eu estava concentrado na radiante beleza que ele possuía naquela manhã, às vezes ele até parecia de mentira, pois como podia? Como era possível a pessoa ter acabado de acordar estar adiante daquela forma?! De certa forma eu entendo, ele era mesmo perfeito, e por mais que eu tentasse entender a sua perfeição cada vez era mais difícil.

Por semanas eu planejei aquela noite, esperei o momento certo, pois eu queria que aquele momento fosse o mais único possível, eu desejei que ele fosse inesquecível, pois era o pedido mais importante da minha vida, e assim foi. E o melhor, aqui ele não desconfiou de nada. Nessas últimas semanas, encontrei-me bastante ansioso, passava horas e horas pensando na então noite. Pensando se ele aceitaria ou não o meu pedido de casamento, pois, eu conhecia o Renan mais do que ninguém, e sabia o quão inseguro ele era consigo mesmo e com as decisões que cercavam sua vida e ainda cercam.

Ansioso eu também estava, antes mesmo de ele aceitar o pedido eu já planejava como seria o nosso casamento, desde os detalhes mais minuciosos, como por exemplo a cor das flores das damas de honra, ou melhor que música seria tocada assim que ele entrasse. Eu me senti a pessoa mais boba do mundo, sonhando tão alto, como se estivesse vivendo um romance de conto de fadas, por mais que parecesse afinal eu tinha comigo um Príncipe Encantado.

Quando ele me disse sim, meu coração palpitou, uma cadeia de reações químicas ocorreram dentro de mim, eu não estava feliz, não feliz em uma proporção normal, eu estava muito mais do que feliz, talvez eufórico me definisse melhor. Naquele momento, naquela Bela manhã, eu estava ali parado, observando-o, não que ele estivesse fazendo qualquer coisa especial, o algo que fosse novo para mim, estava apenas vivendo, e isso era mais do que especial para mim.

— Sabe? Por um momento pensei que toda aquela noite foi um sonho, mas aí eu acordei, então vi no meu dedo sua Aliança, e percebi que isso era mesmo um sonho. Ainda não acredito que somos noivos, na verdade embora eu sempre tenha te amado, nunca mesmo achei que seriamos noivos o que nos casaríamos, não que eu ache essa uma má ideia, pelo contrário, eu acho isso tudo muito maravilhoso, eu nem sei definir na verdade, só sei que estou muito feliz, eu te amo demais garoto —. Renan falou. Era visível como ele estava sorridente, não muito diferente de mim também. Caminhei em sua direção, o abracei, beijei sua cabeça, senti o aroma de seus cabelos, ele beijou meu peito e disse baixinho:

— Eu te amo, e sempre vou te amar mais do que tudo —.

Nos dias seguintes, tudo passou tão rápido, semana a semana, mês a mês, juntos planejávamos o dia do nosso casamento, mesmo que não estivesse marcado ainda. Lembro-me de quando anunciamos a toda família em um jantar em nossa casa, que estávamos noivos. Foi uma enorme festa aquela noite, eu me senti a pessoa mais sortuda do mundo, pois além de ter o meu amor eu tinha a minha família, que agora não era composta apenas por minha avó, como também incluía o velhote Adamastor, e meus sogros.

— Eu faço questão de que o banquete do casamento seja em meu restaurante e não aceito não como resposta, esse será o meu presente de casamento, e desde já lhes garanto que vai ser o mais esplêndido dos banquetes que houve o que haverá um dia —. Adamastor falou. Ao ouvir isso minha avó olhou-me, seus olhos falavam por si, ela pedia para que eu aceitasse o presente de Adamastor.

— Você acredita que minha mãe já se ofereceu para preparar o casamento? Do Nada ela tirou da sua bolsa uma lista enorme de números e coisas mais, não sei se aceito ou não —. Renan falou. Ele começou a rir lhe dei um curto beijo e falei baixinho para ele:

— Deixe-a, talvez ela esteja esperando há muito tempo por isso, afinal quem não ficaria feliz em planejar o casamento do filho, e eu acho que ela vai bater bastante cabeça e boca com a Vovó —.

— É a terceira guerra mundial vem aí, e vai começar em Curitiba —. Rimos baixinho.

Não só o nosso casamento foi novidade, Violeta despediu-se recentemente, ela iria viajar por tempo indeterminado, iria para a Europa, dançar no Bolshoi, Renan me disse que esse sempre foi o sonho dela, fico feliz que ela tenha conseguido realizar o seu sonho afinal ela é uma pessoa maravilhosa e assim que soube do quanto ela ajudou em nosso relacionamento imediatamente a considerei minha amiga.

Renan estava tão radiante ultimamente, estava mais sorridente, mais calmo. Parecia que sua rotina estava lhe fazendo bem, e que sua vida, sua nova vida, estava livre de arrependimentos e agora também de sofrimentos.

Desde que eu o conheci, nunca pensei que ele só quisesse ser livre, e que vivia trancado em uma gaiola, embora ele me afirmasse constantemente que amava dançar e que amava o balé, agora percebo porque ele estava apenas tentando fugir, apenas sentando pertencer a algum lugar. Não muito diferente de mim, que me escondia por detrás de velhos traumas, limitava a minha vida há uma cidade, limitava a minha vida velhas memórias que nunca mais voltariam.

Mas o tempo cura tudo, faltava tão pouco para eu me formar, tudo passou tão rápido daqui a um ano eu estaria formado, mas ainda lutando por mim mesmo, e acima de tudo pelo meu amor, e pelo futuro que eu tanto sonhava e continuo sonhando. A parte mais feliz do meu dia, é quando chego em casa cansado, e ele me recebe com um abraço e com um beijo, isso me faz sentir como se o possuísse tudo e que não precisasse de mais nada apenas repousar ao seu lado.

O vôo do CisneOnde histórias criam vida. Descubra agora