Capítulo CXXVIII

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(Heitor)

   Foi tudo tão rápido, em um segundo ele estava sorrindo para mim, e no outro ele estava jogado na rua, depois de um carro ter o atropelado. Depois disso tudo foi tão desesperador, corri atravessei a rua e me aproximei de onde ele estava, quando cheguei ele estava desacordado, por um momento entrei em desespero, pensando que ele estava morto, mas ele ainda tinha pulso. Com o impacto ele havia quebrado a perna, tentei acordá-lo, mas ele não me respondia.

— Renan, amor, eu estou aqui, por favor não me deixa, aguenta firme —. Sem nem perceber, as lágrimas caíam, eu apenas sentia a umidade delas na minha pele. Ele não poderia morrer, não depois de tudo que a gente passou, não agora, não agora que ficaríamos juntos para sempre, do jeito que ele sempre sonhou, no lugar em que ele sempre sonhou.

Quando a ambulância chegou, eles o socorreram o imobilizaram e o colocaram na ambulância, foi bem difícil convencer a eles que eu deveria ir juntos, e o pior era que eu não falava nada de francês, apenas um pouco de inglês, e foi assim que eu menti dizendo que ele era meu marido, com medo deles não me deixarem entrar.

Quando chegamos na emergência do hospital, eles forma direto para a sala de trauma com o Renan, a partir dali eu já não podia passar. Eu fiquei desesperado, eu não sabia o que fazer, não sabia o que acontecer, eu só conseguia chorar.

— Isso é tudo culpa minha, tudo culpa minha —. Eu repetia constantemente, como se isso pudesse resolver aquela situação, eu estava em pânico, meu maior medo era que ele morresse eu tentava não pensar nisso, mas só quem já passou por uma situação dessas sabe como as coisas são. Uma das maiores razões por eu ter medo de hospitais justamente é pelo que aconteceu com o meu avô.

Eu esperei e esperei, o tempo não passava, eu estava sentado em uma poltrona, tentando parar de chorar, mas eu não conseguia. Depois de umas doze horas, alguém finalmente veio me dar notícia.

Parles-tu français? —.

— Não, eu falo português —. Ele pediu para eu esperar um pouco, depois ele voltou com uma enfermeira. Ele falou algumas coisas em francês e ela traduziu para mim. Ela era uma portuguesa, mas tudo foi bem claro.

— Depois da entrada, constatou-se que o paciente possuía um sangramento no cérebro, fizemos todos os procedimentos possíveis, interrompemos o sangramento, o cirurgião ortopédico cuidou da perna. Só poderemos saber mais sobre a sua situação quando ele acordar, mas isso pode demorar bastante, ou pode nem sequer acontecer, pois o trauma foi bem forte, e em uma região bem sensível, ele foi transferido para a UTI —.

— Eu posso vê-lo? —.

— Infelizmente não, terá que esperar ele se estabilizar, mas pode vê-lo com um pouco de distância, venha comigo —. Ele me chamou, eu o acompanhei através dos longos corredores até que finalmente eu o vi lá dentro de um quarto, com um monte de tubos saindo do seu corpo e sua cabeça envolvida com uma faixa, seu rosto estava cheio de hematomas, arranhões. Mas pelo menos ele estava vivo, isso significava que ele ainda estava lutando e que tinha uma chance, uma grande chance.

Essa pequena visita a distância demorou muito pouco tempo o médico me conduziu até a recepção, eu não queria sair do seu lado, mas infelizmente eu estava sendo obrigado. O médico me deu o número de uma enfermeira que cuidava dos pacientes do quarto em que o Renan estava, qualquer coisa eu apenas perguntava a ela ou ela me avisava.

Agora eu tinha a difícil tarefa de informar a família do Renan sobre o acidente, mas eu não ligaria para a sala mãe, ela era surtada demais, sem falar que eu não tinha qualquer contato com ela. Mas com seu pai sim, liguei para ele. E ele atendeu rapidamente:

— Olá Heitor, o Renan gostou da sua surpresa? —.

— Eu nem sei como dizer isso ao senhor, mas o Renan sofreu um acidente, ele foi atropelado, ele passou por uma longa cirurgia, mas ele está bem, está na UTI, o médico disse que a cirurgia foi um sucesso, mas que ainda deveríamos aguardar ele acordar para saber mais do estado dele —.

— Meu Deus! Heitor fica com ele, eu estou vou para aí o mais rápido possível —. Ele rapidamente desligou. Depois eu liguei para minha avó, ela ficou desesperada, disse que também estava vindo. E assim dessa maneira acabei dormindo, sentado em uma poltrona de hospital, muito cansado a 36 horas sem dormir, mas ainda assim relutando, pensando que talvez o Renan fosse precisar de mim.

Acordei no meio da tarde, tentei saber notícias do Renan, ele ainda estava inconsciente, fiquei pensando nas palavras do médico, de que talvez ele nunca acordaria, eu tentava a todo custo acreditar que ele iria acordar, mas ainda assim eu tinha medo.

CONTINUA NO PROXÍMO CAPÍTULO 

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