Capítulo LXXIX

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                       (Renan)

    Os dias com ele passavam rapidamente, ao olhar ele dormir no dia 31 de dezembro senti um aperto no coração, era o nosso penúltimo dia naquele lugar. Depois voltaríamos para Curitiba, para perto de todos os fantasmas e pessoas assustadoras, minha mãe, Hugo, Cassiano. Se bem que alguns fantasmas nos perseguem como no caso do Cauã. Ainda bem que ele não apareceu novamente, creio que sei intuito foi desestabilizar nossa relação. Uma tentativa falha, é necessário ressaltar. Afinal ainda estamos juntos, graças aos céus, e não pretendemos mudar isso.
Eu tocava sua pele cheia de sinais, eles eram incríveis como um céu estrelado, em uma noite sem nuvens.

  Heitor ao dormir costumava sorrir, era uma coisa muito bonita de se ver. Ele do nada me puxa para mais perto dele, me envolve em seus grandes braços. Eu amava muito estar daquele jeitinho com ele.

  — Acordou cedo? O que foi amor? —.

  — Só estou pensando que este é o último dia do ano e amanhã iremos embora. Não queria voltar, mas infelizmente temos que assim fazer —.

  — Eu também vou sentir muita falta daqui, mas esse não é o nosso lar, estamos muito longe de outras pessoas que também são importantes —.

  — Enfim, já sei o que vai dizer, por isso é melhor se levantar, temos muitas coisas para fazer hoje. Quero aproveitar o máximo com você hoje —.

  — Tudo bem, tudo bem. Mas deixa eu só ficar mais tempinho deitado —. Esse Heitor era mesmo muito preguiçoso, mas fazer o quê, aquela cama era uma maravilha. Ele me puxa para junto dele e assim ficamos por uns minutinhos.

  Quando olho para ele, percebo que está dormindo, dou uma palmada em seu peito e o faço acordar.

  — O que foi? —. Diz assustado.

  — Meu Deus, você parece um coala, é dormindo o tempo todo. Vamos agora pro chuveiro —.

  — Ai, eu não quero levantar —.

  — Heitor Hoffman, se levante agora —.

  Demorei para arrastá-lo ao chuveiro, tomamos nosso banho naquele banheiro chique do hotel, eu brincava com o cabelo cheio de shampoo do Heitor, ele fazia cara de quem não estava gostando muito.

  — Mas é a coisa mais fofa desse mundo, quer um beijinho quer? —.

  — Não —. Disse emburrado.

  — Você não me ama? —.

  — Eu te odeio —. Disse em tom de deboche.

  — Tudo bem então, vou chamar alguém pra sair comigo —.

  — Para de brincar com essas coisas, você sabe que eu não gosto —.

  — Eu sei que não gosta, justamente por isso que gosto de brincar —.

  — Você gosta mesmo de pisar em cima de mim não é? —.

  — Um pouco. Confesso que ter um gostosão como você aos meus pés é muito satisfatório e excitante —.

  — "Aos seus pés"? —.

  — Uhum —. Ele riu, e em seguida beslicou meu mamilo, eu gritei de dor.

  — Não faz isso —. Ele me abraçou, pensei que fosse carinho, mas não, foi apenas para morder meu pescoço.

  — Agora pronto, aprendeu a morder foi? —.

  — Desculpa, mas eu sou viciado nessa pele, me dá vontade de morder, muita vontade de morder —.

  — Parece uma criança, tudo o que vê quer morder —.

  — Não, eu só quero morder você, especialmente no seu pescoço, ou aqui —. Ele segurou minha cintura e depois a apartou.

  — Tarado —.

  — Fazer o quê?! Essa cinturinha me deixa louco —.

  — O que tem demais? —.

  — Olha só a bela curva que ela tem e o melhor de tudo é a maciez da pele dessa região. Não sei você mais isso me deixa muito excitado, e com vontade de te morder —.

                                   •••

   Caminhávamos por um parque a beira de um lago, quando Heitor decidiu sentar-se um pouco. O acompanhei, segurei sua mão forte, ele sorria, não sei muito bem, mas ele sorria. O que era bom, eu gostava de vê-lo feliz.

  — O que foi? —.

  — A última tarde do ano, o sol já está indo embora, quando ele voar vai ser no outro ano —.

  — E o que tem demais nisso? —.

  — A questão Renan, é que estou aqui com você quando ele se despede pela última vez, e estarei com você quando ele aparecer de novo no próximo ano —. Só mesmo o meu bombeiro para tornar um pôr do sol uma coisa mágica.

— Bem isso é verdade, e é uma bela verdade, fico feliz de estar aqui contigo —.

— Sabe, mesmo eu tendo medo de todo mundo, eu não consigo mais soltar a sua mão. Não sou capaz de negar nada, nem de dizer mentiras —.

  — Isso é muito bom, merecemos que tudo seja verdadeiro —.

  — Olha sei que isso possa parecer precipitado, mas até a Páscoa prometo que minha avó saberá de nós dois, vou tentar acostumá-la aos poucos com essa ideia —.

  — Heitor, não quero que você se machuque, não precisa fazer isso para me agradar, eu respeito seu tempo —.

  — Não é para agradar você amor, é para não ter mais medo, para não sentir culpa, ou ter que esconder que eu amo você e quero passar minha vida ao seu lado —.

  — Se assim quiser, infelizmente tenho que lhe falar que não será nada fácil, conheço bem esse processo, embora eu não tenha o vivenciado, afinal meus pais são liberais. Mas vejo o que acontece ao meu redor, muitos de nós não tem tanta sorte —.

  — Eu sei. E olha só, nós dois discutindo sobre isso. Estamos perdendo o por do sol —.

  — Realmente —. Heitor pega seu celular vai até suas músicas e escolhe aquela que ele já cantou diversas vezes.

  O questionei:

  — Por que sempre essa música? —.

  — Porque ela é que transparece o que eu sinto —.

Here, There and Everywhere

To lead a better life
I need my love to be here
Here
Making each day of the year
Changing my life with a wave of her hand
Nobody can deny that there's something there
There
Running my hands through her hair
Both of us thinking how good it can be
Someone is speaking, but she doesn't know he's there
I want here everywhere
And if she beside me I know I need never care
But to love her is to need her
Everywhere
Knowing that love is to share
Each one believing that love never dies
Watching her eyes, and hoping I'm always there
I want her everywhere
And if she's beside me I know I need never care
But to love her is to need her
Everywhere
Knowing that love is to share
Each one believing that love never dies
Watching her eyes and hoping I'm always there
I will be there
And everywhere
Here, there and everywhere

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

 

 

O vôo do CisneOnde histórias criam vida. Descubra agora